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Redução das desigualdades entre as regiões do Brasil é tema da Redação na 1ª edição do Enem Digital

Cerca de 93 mil alunos estão fazendo a prova e neste primeiro dia respondem no computador questões de Linguagens e Ciências Humanas

31 jan 2021 - 14h37
(atualizado às 20h46)

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, divulgou o tema da Redação do Enem Digital 2020 pelo Twitter: "O desafio de reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil". Neste domingo, 31, ocorre pela primeira vez a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na versão digital. A Redação é a única parte manuscrita da prova. Pelo computador, os estudantes devem responder a 90 questões de Linguagens e Ciências Humanas ainda neste domingo.

Em Aracaju, Marcela Fernandes Barros se surpreendeu com o tema, mas gostou bastante da proposta. "Falei da economia, falta de emprego, saúde e educação. Comparei o Nordeste com grandes centros e mencionei a falta de suporte governamental aqui", diz a estudante de 20 anos, que está decidindo entre os cursos de Engenharia Química e Medicina. Além dos textos de apoio, Marcela citou a obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

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Já Júlia Santos, de 17 anos, sentiu dificuldade com o tema da redação. "Não sabia o que escrever. Os textos de apoio ajudaram bastante, mas meus argumentos foram bem fracos", diz a moradora do Distrito Federal. Esta é a primeira vez que Júlia presta o Enem e tenta uma vaga em Biomedicina.

Na avaliação de professores de cursinho, o tema escolhido pelo Inep é importante e traz reflexões interessantes para o candidato sobre a sociedade brasileira. No entanto, eles afirmam que a coletânea de textos de apoio é essencial para que o estudante entenda qual recorte deve fazer e em quais pontos deve focar.

"É um tema bastante amplo, porque essas diferenças podem ser econômicas, sociais, de oportunidades de trabalho… O tema é extremamente amplo, o que pode ser perigoso para os alunos", diz o professor e autor do Sistema de Ensino pH, Thiago Braga. Para ele, a temática é importante e "um pouco mais difícil" do que o da versão impressa do Enem 2020, que ocorreu no dia 17. Naquele domingo, os candidatos fizeram uma redação sobre "O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira".

"Diferentemente da versão impressa, esse tema é mais dependente da coletânea pra entender o que a banca avaliadora quer. A princípio, é possível dizer que é um tema importante e mais perigoso pela amplitude, com uma necessidade maior de que o aluno tenha atenção aos textos da coletânea, que vão acabar determinando qual recorte deve ser abordado de maneira mais precisa".

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Para a professora de Redação do Curso e Colégio Objetivo, Maria Aparecida Custódio, o candidato tem a oportunidade de fazer um exercício de cidadania. "Ele precisa descobrir algumas causas pelas quais essas diferenças regionais, a maioria históricas, vêm se acentuando", diz. "É importante que o estudante apresente uma proposta de intervenção baseada nos argumentos presentes em seu texto, sempre lembrando que o Brasil é um país que se destaca pela desigualdade e baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), sobretudo em algumas regiões."

O coordenador de Linguagens do Curso Anglo, Sérgio Paganim, concorda que a frase-tema não é suficiente para entender o que o candidato deve abordar. "O Enem confirma uma característica fundamental de uma prova de redação: o tema não é desenhado só pela frase-tema, mas pela relação que se dá com os textos da coletânea". Para o professor, o candidato que terá melhor desempenho na redação será o que conseguir estabelecer uma boa relação entre os textos de apoio disponíveis e a frase-tema apresentada ("O desafio de reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil").

A aplicação do exame teve início às 13h30 e termina às 19h. A partir das 15h30, os candidatos podem deixar o local de prova. Aqueles que saírem a partir das 18h30 poderão levar um gabarito com suas respostas anotadas. No próximo domingo, 7 de fevereiro, serão resolvidas as questões de Matemática e Ciências da Natureza.

Estudantes chegam para realizar o Enem Digital em Brasília
Estudantes chegam para realizar o Enem Digital em Brasília
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil / Estadão

A edição de 2020 do Enem contou com cerca de 5,8 milhões de inscritos em dois modelos de prova (digital e impressa). A prova digital é aplicada para um grupo reduzido: são esperados 93.217 estudantes em 104 cidades do País. O exame é o modelo piloto do projeto do Ministério da Educação (MEC) que prevê a digitalização completa da prova até 2026. Na versão impressa, que ocorreu nos dias 17 e 24 de janeiro, mais de 3 milhões de candidatos não compareceram.

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O ministro acompanhou o lançamento da prova digital do Enem na cidade de Palmas. Na versão impressa do Exame, mesmo com a taxa recorde de abstenção, Ribeiro considerou a prova um "sucesso".

Entenda o Enem Digital

A prova do Enem Digital é aplicada em locais determinados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), não na casa do participante. O acesso à internet é necessário no momento de baixar a plataforma e transmitir os resultados, mas não durante a realização do exame.

As questões são tiradas do mesmo banco de itens do Inep e a correção seguirá a Teoria de Resposta ao Item (TRI), modelo estatístico característico do Enem. A diferença é que neste domingo a prova está na tela, não no papel. O gabarito é preenchido automaticamente na plataforma e os estudantes têm recursos como caneta e borracha digital para anotações. Ainda assim, os estudantes precisam levar caneta preta de tubo transparente: a Redação deve ser escrita à mão e os candidatos recebem folhas de rascunho para fazer cálculos e anotações.

Os resultados da versão digital do Enem 2020 são comparáveis aos da versão impressa e podem ser igualmente usados para ingresso no Ensino Superior.

Últimos temas da redação do Enem (versão impressa)

  • 2020 - "O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira"
  • 2019 - "Democratização do acesso ao cinema no Brasil"
  • 2018 - "Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet"
  • 2017 - "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil"
  • 2016 - "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil" e "Caminhos para combater o racismo no Brasil"
  • 2015 - "A persistência da violência contra a mulher no Brasil"
  • 2014 - "Publicidade infantil em questão no Brasil
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