Você já deve ter ouvido falar que saber inglês é fundamental para subir na carreira. Considerado um diferencial há anos, hoje em dia cada vez mais vagas de emprego pedem o domínio do idioma como requisito obrigatório e quem não possui essa qualificação pode ser excluído de grandes oportunidades.
"Para uma mesma vaga, as empresas chegam a pagar até 30% a mais por um profissional que sabe inglês", diz Juliana Alvarez, gerente de recrutamento da Page Personnel, especializada em seleção e recrutamento. Juliana estima que 60% das vagas de emprego pedem que o candidato saiba inglês e o número vem aumentando nos últimos anos. "Quem não sabe inglês deixa de participar de 60% das oportunidades do mercado", conclui.
Inglês é pré-requisito, desejável ou diferencial?
Se maioria das vagas de emprego no Brasil exige que os candidatos saibam inglês, é importante que o profissional entenda o que exatamente as empresas estão pedindo e como isso pode ajudar a avançar na carreira em cada um dos casos.
Inglês como pré-requisito
Quando a vaga exige o inglês como pré-requisito, significa que o profissional vai precisar usar o idioma em diversas atividades do seu dia-a-dia. Muitas vezes são posições em empresas multinacionais com filial no Brasil e a pessoa que vai ocupar o cargo deve ser capaz de fazer viagens internacionais e reuniões com colegas e chefes de outros países, participar de congressos e apresentar relatórios em inglês, entre outras atividades.
Nesses casos, antes mesmo de verificar a competência técnica, o tempo de experiência e habilidades comportamentais, a empresa seleciona os candidatos que têm inglês fluente. "É o primeiro filtro, e quem não sabe falar o idioma já está fora do processo seletivo", explica Juliana.
Vale lembrar que cargos mais altos, para diretoria e presidência, costumam exigir o inglês como pré-requisito, mesmo para empresas brasileiras. Isso porque, quanto mais se avança na carreira, maior é a probabilidade de o profissional ser exposto ao idioma, seja em reuniões, negociações com estrangeiros ou a simples leitura de materiais de referência. Se você pretende chegar a esse nível profissional, saber inglês é fundamental.
Inglês desejável
Uma vaga com a observação "inglês desejável" pode significar muito mais do que um "desempate" entre dois candidatos com a mesma competência. "Vivemos em um mundo globalizado e quando a vaga indica que o inglês é desejável significa que o profissional vai precisar dele em algum momento da carreira", explica Juliana. Ela justifica que mesmo as empresas familiares estão se profissionalizando e buscando referências internacionais, comprando produtos e serviços de fora ou negociando com empresas estrangeiras. E essas vagas podem significar que o profissional que sabe inglês estará apto a dar um passo maior, realizar atividades que exijam o idioma, assumir um cargo de maior responsabilidade no futuro ou mesmo ocupar um posto de liderança.
Às vezes, a indicação de "inglês desejável" funciona como um crivo intelectual. "É uma pessoa que com certeza se desenvolveu mais culturalmente, ampliou seus horizontes. É um indício de maior versatilidade e também significa que aquela pessoa estudou mais", explica.
Nesses casos, quem investiu em seu desenvolvimento, sai na frente.
Inglês como diferencial
Mesmo quando a vaga não especifica, o candidato que sabe falar inglês pode ter maiores chances de conseguir o emprego e ser promovido no futuro. Pode ser que o profissional não precise usar o idioma em um primeiro momento, mas com o tempo poderão surgir oportunidades interessantes, como fazer uma viagem internacional ou assumir um posto de liderança. Nesse caso, o inglês não vai ser determinante para entrar na empresa, mas certamente ajudará a dar um passo a mais na carreira.
Não sei inglês. E agora?
Além de perder a chance de ter um salário 30% maior, a especialista cita duas grandes desvantagens de não saber inglês:
-ficar fora de 60% dos processos seletivos, ou seja, perder mais da metade das oportunidades de conseguir um emprego.
-ficar estagnado na carreira, deixar de ser promovido ou até ser substituído por outro profissional que domine o idioma.
No entanto, ainda dá tempo de investir no aprendizado para buscar melhores oportunidades. A dica para quem não pôde estudar inglês por qualquer motivo é começar logo, e não esperar ser confrontado com essa necessidade para depois entrar em um curso. Juliana destaca ainda que não é preciso fazer os cursos mais caros ou intercâmbios internacionais para ser valorizado no mercado e que autodidatas e pessoas que aprendem o idioma depois de adultos não têm do que se envergonhar. "Um candidato que aprendeu o idioma sozinho, foi estudar quando já era mais velho ou frequentou cursos mais simples é bem visto pelos entrevistadores. Ele demonstra iniciativa e estímulo para se desenvolver."
Se você se convenceu da importância de aprender o idioma, saiba que a oferta de cursos de inglês está cada vez maior e mais acessível. Hoje em dia é possível acompanhar aulas gratuitas pela internet, há mensalidades de cursos de inglês para todos os bolsos, cursos de extensão em universidades públicas e, para quem estuda ou trabalha e tem horários apertados, existe a opção dos cursos de inglês no formato EAD (a distância).
Quais os empregos que mais exigem o inglês?
Mesmo que você não use o inglês em seu emprego atual, aprender o idioma é um bom investimento em seu futuro profissional. A especialista Juliana Alvarez estima que, por conta da crescente globalização, dentro de 10 ou 20 anos todas as vagas de emprego vão pedir que os candidatos falem inglês. Assim como aconteceu com os cursos superiores, ser fluente no idioma não será mais um diferencial e sim o requisito mínimo para conseguir entrar no mercado de trabalho.
Na lista das áreas que mais pedem inglês fluente estão: Secretariado, Marketing, Tecnologia da Informação (TI) e Vendas. Cerca de 80% das vagas de emprego para secretária tem o inglês como pré-requisito. Nas áreas de Marketing, TI e Vendas Técnicas (destinadas a engenheiros, engenheiros químicos e industriais, entre outros), metade das vagas exige o idioma. Já a área de Vendas em geral, para vagas em que o profissional não precisa ter um profundo conhecimento técnico do produto, 30% das oportunidades exigem inglês. É o caso, por exemplo, de vendedores do setor de alimentos que negociam com grandes supermercados e conglomerados multinacionais de varejo. A especialista observa que até pouco tempo atrás essa não era uma exigência comum e que o fenômeno está acontecendo também na área de Finanças, mesmo para cargos mais técnicos.