As escolas ribeirinhas de Manaus irão encerrar o ano letivo antecipadamente por causa da seca no rio Negro, que dificulta o acesso dos professores e alunos às unidades de ensino. A previsão era que o fim do ano letivo fosse no próximo dia 17, mas as aulas foram encerradas nesta quarta-feira, 4.
O calendário escolar na região tem como base a cheia e a vazante dos rios. Por isso, as aulas começam em janeiro e terminam em outubro. Como os rios estão sem água suficiente para navegar, foi necessária a antecipação.
De acordo com a prefeitura de Manaus, as escolas do rio Amazonas terão aulas remotas. A cada 15 dias, uma equipe pedagógica irá avaliar a possibilidade do retorno das atividades presenciais.
"Nós já estamos com praticamente 95% do calendário letivo concluído, porque lá as aulas iniciam antes. Então, os alunos das 48 escolas que temos nas 55 comunidades ribeirinhas vão passar a ter o ensino remoto. Nós estaremos também enviando mantimentos nos próximos dias para essas famílias", explicou o prefeito David Almeida.
Situação de emergência
De acordo com a Agência Brasil, o número de cidades em situação de emergência no Amazonas, em razão da forte seca, chega a 23 nesta quarta-feira, 4.
Dos 62 municípios amazonenses, 35 cidades estão em situação de alerta, duas em atenção e duas em normalidade. O governador Wilson Lima decretou situação de emergência em 55 municípios amazonenses afetados pela estiagem.
Há expectativa de que a situação piore em outubro. A Defesa Civil estima que, até dezembro, cerca de 500 mil pessoas sejam atingidas no Amazonas pelos efeitos da estiagem.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), além de El Niño, que aumenta a temperatura das águas superficiais do oceano na região do Pacífico Equatorial, o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, logo acima da linha do Equador, inibe a formação de nuvens, reduzindo o volume de chuvas na Amazônia.
O governo do Amazonas informou que adotou medidas para apoiar famílias nos setores de saúde e abastecimento de água, bem como na distribuição de cestas básicas, kits de higiene pessoal, renegociação de dívidas e fomento para produtores rurais.