Servidores técnico-administrativos de 61 universidades públicas brasileiras iniciaram nesta quarta-feira (5) dois dias de manifestações na Esplanada dos Ministérios. Eles pedem que o governo federal revise os cortes orçamentários aplicados às universidades e que reajuste em 27% os salários, de forma a compensar as recentes perdas salariais. De acordo com líderes do movimento, a pauta de reivindicações inclui ainda a realização de concursos públicos para que as universidades deem conta da expansão pela qual têm passado nos últimos anos.
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Segundo o coordenador geral da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), Rogério Marzola, o governo tem feito propostas aquém das expectativas dos servidores. “Eles apresentaram uma proposta de apenas 21% de aumento salarial a ser aplicado nos próximos quatro anos. Isso é insuficiente, do nosso ponto de vista, porque, só com as perdas salariais, já contabilizamos uma desvalorização de 27% dos nossos salários”, disse Marzola, momentos antes de os manifestantes se deslocarem até o Ministério da Educação, onde ficarão em vigília até a meia-noite.
Ao longo do dia, está prevista uma série de debates e de eventos culturais no acampamento que, segundo ele, deverá receber cerca de 2 mil pessoas. Na próxima quinta-feira (6), o movimento se juntará a uma manifestação mais ampla, abrangendo outras categorias do serviço público federal.
Para o sindicalista, o corte no orçamento das universidades vai piorar ainda mais a situação das instituições de ensino público. “Funcionários terceirizados já foram demitidos, o que tem precarizado ainda mais áreas como as de limpeza e de segurança”. Marzola informou que as universidades estão mobilizadas desde o dia 28 de maio. “Nem a matrícula dos alunos está sendo feita.”
Ele acrescentou que estão em Brasília caravanas vindas de diversas partes do País, inclusive de localidades como os estados do Pará e Amapá. “Muitos deles passaram mais de três dias na estrada para participar das manifestações. Isso mostra a vontade e a força política de nossa greve”, destacou o coordenador da Fasubra.
Com 68 anos de idade, o servidor aposentado Ismael Silva encarou uma viagem de 44 horas do Rio Grande do Norte até Brasília, onde vai participar das manifestações.
Além de reivindicar seus direitos, ele pretende passar um pouco de seus mais de 20 anos de experiência em ações como esta. “É um esforço grande, porém necessário para repassar aos mais jovens um pouco da experiência que adquiri. Por isso, não me sinto cansado”, disse Silva. “Não há outra saída para os trabalhadores, senão pressionar o governo por meio de greves. Tudo sempre é muito difícil porque o governo sempre coloca obstáculos até mesmo para a abertura de um simples canal de diálogo”, acrescentou o servidor aposentado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Aos 24 anos, a técnica de laboratório Jéssica Galeco participa da primeira greve. “Estou há menos de um ano nesse emprego e já sinto meu salário defasado. As dificuldades são cada vez maiores até para pagar meu plano de saúde”, disse Jéssica, servidora da Universidade Federal do Paraná.
Inspirada na luta da irmã, que é professora estadual e tem participado de atos contra o governo do Paraná, Jéssica considera arriscado qualquer adiamento das reivindicações apresentadas ao governo pela Fasubra. “Vendo a situação da minha irmã e de seus colegas de trabalho, entendi o quão importante é participar de manifestações como essa porque quanto mais tempo ficamos quietos, mais acumulados ficam nossos problemas, e mais complicada fica uma solução. No nosso caso, a defasagem salarial vem desde 2010. Se agora está em 27%, logo, logo estará em 40 ou 50%”, afirmou.
Prefeitos ligados à Confederação Nacional dos Municípios (CNM) também fazem manifestação na Esplanada dos Ministérios. Eles pedem ao governo federal e ao Congresso Nacional a aprovação “imediata” do pacto federativo e do projeto que impede o governo de transferir novos encargos aos municípios, sem a correspondente fonte que garanta sua manutenção.
Segundo a CNM, há prefeituras que pretendem dar fim a alguns dos 390 programas do governo federal cujos valores não são reajustados há anos. Os prefeitos pedem também o pagamento dos mais de R$ 35 bilhões devidos pelo governo federal às prefeituras, que, segundo a confederação, são relativos a restos a pagar.