Apesar de a justiça ter determinado a reintegração de posse do prédio da reitoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), expedida na tarde desta sexta-feira pelo juiz Wagner Roby Gídaro, da 2ª Vara da Fazenda Pública, estudantes mantém a invasão dos dois andares do imóvel desde a noite de quinta-feira. Eles marcaram um assembléia para o meio dia de segunda-feira quando irão decidir se continuam no local. A ocupação do prédio é um protesto contra a decisão da universidade de realizar o patrulhamento do campus com a Policia Militar.
Uma reunião entre um grupo de estudantes e representantes da universidade, na noite de ontem, não teve avanço e em uma assembleia entre os alunos ficou acertado que eles irão continuar se revezando dentro da reitoria. Vidraças quebradas e portas forçadas e retiradas do local são visíveis. Paredes foram pichadas e os vidros cobertos por papéis que impedem a visualização no interior do prédio. A todo momento colegas trazem alimentos, água e trocam informações mas não dão detalhes do que ocorre lá dentro.
Vários cartazes, faixas de papel e panos foram colocados nas paredes da reitoria onde são colocadas criticas a deliberação da reitoria que anunciou a intenção de chamar a PM para a segurança do campus depois da morte do estudante de automação Denis Casagrande, 21 anos, na madrugada de 21 de setembro em uma festa dentro da Unicamp. O jovem foi esfaqueado e espancado. Três pessoas foram indiciadas, duas estão em prisão preventiva e dois adolescentes foram encaminhados à Vara de Infância e Juventude.
Os manifestantes criticam a posição da reitoria e acreditam que um concurso público, com seguranças da própria instituição, seria suficiente para manter a ordem no campus. Hoje, a segurança é feita por uma equipe formada por 250 guardas que controlam o acesso e fazem a segurança patrimonial. O Diretório Central de Estudantes (DCE) argumenta que a medida é autoritária e que não houve uma discussão da questão com a comunidade acadêmica.
Em nota, a Unicamp afirmou que pretende estabelecer um plano de segurança com a Polícia Militar para uma atuação dentro da instituição e que irá dialogar com os estudantes e a comunidade que atua nos campi de Campinas, Paulínia, Limeira e Piracicaba. A Unicamp informa também que pretende esgotar todos os esforços para se chegar a um bom senso e, em última hipótese, irá acionar a força policial para evacuar o prédio.
Adega do reitor
Na porta principal de entrada da reitoria, os estudantes usaram de bom humor e colocaram um cartaz que chama os integrantes do campus em visitar uma suposta adega de vinhos do reitor José Tadeu Jorge. Sobre o fato de os estudantes alegarem ter encontrado uma adega dentro da reitoria, a Unicamp confirmou a existência de bebidas armazenada em uma sala que seria usada em uma festa a ser realizada fora do campus.