William Shakespeare, Charlotte Brontë, Charles Dickens... e Taylor Swift? A cantora e compositora estadunidense Taylor Swift é o tema do mais novo curso universitário da Ghent University, na Bélgica. A disciplina optativa "Literature: Taylor's Version" ("Literatura: a Versão da Taylor", em tradução livre), dentro do departamento de Estudos Literários, será dedicado a analisar o lirismo da cantora, conhecida por escrever músicas sobre temas com os quais qualquer um pode se identificar.
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Elly McCausland, professora que projetou o curso, conta que a ideia de fazer um programa universitário focado na cantora veio a partir dos paralelos que reconheceu em alguns dos seus sucessos. De acordo com a acadêmica, em "The Great War", por exemplo, Swift ecoa os versos de Sylvia Plath; em "happiness", referencia os protagonistas de " O Grande Gatsby"; já em "tolerate it" recria o relacionamento abusivo de " Rebecca", de Daphne du Maurier.
Mas mais do que apenas referenciar clássicos da literatura, o que faz de Taylor Swift um nome ao lado de Shakespeare e Jane Austen em um curso universitário é a sua capacidade de cantar narrativas complexas embaladas por melodias pop. As canções da cantora, frequentemente no topo das paradas musicais, são verdadeiras histórias contadas a um grande público - é como se tivessem personagens e capítulos.
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Nas aulas do "Literature: Taylor's Version", previstas para começar em setembro, os alunos usarão as obras da cantora como um espelho para analisar autores consagrados, indo de escritos do século 14 até trabalhos de Margaret Atwood, autora do " Conto da Aia".
"O que eu quero é mostrar aos alunos que, embora esses textos possam parecer inacessíveis, eles podem ser acessados se os olharmos de um ângulo ligeiramente diferente", explica a professora. "Então, Shakespeare, de alguma forma, está abordando muitas das mesmas questões que Taylor Swift está hoje - o que parece loucura, mas não é."
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O curso da Ghent University não é o primeiro que analisa o trabalho de Taylor Swift sob a ótica literária. É, no entanto, o primeiro da Europa. Para a docente, ter a cantora como o centro de uma análise acadêmica é uma oportunidade de mostrar uma perspectiva diferente do que é literatura. Ela relembra as críticas que surgiram quando o cantor Bob Dylan foi o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. "Haverá críticos que acharão isso frívolo e bobo", diz. "O foco principal é a literatura, mas também quero que pensemos criticamente sobre o trabalho de Taylor Swift".