Pais influenciam mais do que escola em desempenho dos filhos

Estudo aponta que desempenho melhora quando os pais acompanham os resultados obtidos na escola (e não importa infraestrutura ou localização)

30 jul 2015 - 14h02

O envolvimento dos pais e o nível socioeconômico das famílias têm maior influência no desempenho dos estudantes do ensino fundamental no Brasil do que a infraestrutura das escolas e o fato de estarem localizadas no campo ou na cidade.

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É o que aponta o Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo (Terce), lançado nesta quinta-feira (30) pelo Escritório Regional de Educação da Unesco para a América Latina e o Caribe. O estudo também considera a disponibilidade de material escolar e a pontualidade dos professores como fatores que melhoram o desempenho.

“Não se observam diferenças de desempenho entre escolas urbanas públicas, urbanas privadas, nem rurais, depois de considerar todos os fatores de contexto social, de aula e escolares. O mesmo acontece com a infraestrutura, que não mostra relações significativas com o desempenho”, diz o estudo.

De acordo com o Terce, frequentar a pré-escola desde os 4 anos melhora o desempenho dos alunos
De acordo com o Terce, frequentar a pré-escola desde os 4 anos melhora o desempenho dos alunos
Foto: iStock

O Terce avalia o desempenho escolar no ensino fundamental – do 4º ao 7º ano, no Brasil, e da 3º à 6º série, nos demais países – em matemática, linguagem (leitura e escrita) e ciências naturais. Os primeiros resultados do Terce foram divulgados no ano passado. Neste ano, o estudo incluiu os fatores associados à aprendizagem em cada país.

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De acordo com a pesquisa, no Brasil, o desempenho dos estudantes melhora quando os pais acompanham os resultados obtidos na escola, apoiam e chamam atenção dos filhos. O desempenho, no entanto, piora, quando os pais supervisionam e ajudam sempre nas tarefas escolares, tirando a autonomia dos filhos.

Os pais também são importantes para incentivar, independentemente das condições sociais e econômicas. Segundo o estudo, os estudantes que vivem em regiões desfavorecidas têm desempenho pior, independentemente das condições da própria casa. No entanto, se os pais têm altas expectativas e incentivam os filhos quanto ao que serão capazes de alcançar no futuro, eles obtêm melhores resultados.

O Terce mostra ainda que frequentar a pré-escola desde os 4 anos melhora o desempenho dos estudantes. Por outro lado, faltar à escola diminui o desempenho.

Em relação às novas tecnologias, os estudantes do 7º ano que utilizam computadores na escola com frequência tendem a conseguir pontuações menores em matemática. Já os que utilizam o computador fora do contexto escolar tendem a ter melhores resultados em todas as provas.

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Vale lembrar que o Terce é um estudo de desempenho da aprendizagem em larga escala realizado em 15 países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai), além do estado de Nuevo León (México). Mais de 134 mil crianças do ensino fundamental participaram da avaliação.

Baixo desempenho

O desempenho dos estudantes brasileiros no ensino fundamental é igual à média dos demais estudantes de países avaliados pelo Terce em escrita e em ciências naturais em todos os níveis, e em leitura no 4º ano e em matemática no 7º. O país supera a média em matemática, no 4º ano, e em leitura, no 7º ano.

Apesar de toda a região ter apresentado melhoras em relação à avaliação anterior, o estudo mostra que são poucos os alunos que estão no maior nível de desempenho. Ao todo, são quatro níveis. No Brasil, a maior porcentagem de alunos no nível mais alto de desempenho é 16,6% em leitura do 7º ano.

A maioria dos estudantes concentra-se nos níveis mais baixos, o que significa que não são capazes de interpretar e inferir o significado de palavras em textos escritos e nem de resolver problemas matemáticos que exigem interpretar informações em tabelas e gráficos.

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O pior desempenho foi na prova de ciências naturais, aplicada pela primeira vez no país aos alunos do 7º ano. Apenas 4,6% estão no maior nível e impressionantes 80,1% estão nos níveis mais baixos. Eles não são capazes de aplicar os conhecimentos científicos para explicar fenômenos do mundo.

Os países que estão acima da média regional em todos os testes e anos avaliados são Chile, Costa Rica e México.

Redação

Na prova escrita, o Brasil está na média dos demais países. A prova avalia os estudantes quanto a três competências: domínio discursivo (adequação ao gênero e tipo textual), textuais (coerência, concordância oracional e coesão) e convenções de legibilidade (segmentação de palavras, ortografia e pontuação).

O Brasil ficou acima da média do bloco apenas na última competência. Em domínio discursivo, o Brasil ficou abaixo da média. No 4º ano, os estudantes tiveram que escrever uma carta a um amigo e, no 7º, uma carta a uma autoridade escolar.

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Em ambos os anos, e em quase todos os domínios avaliados, com exceção do discursivo no 4º ano, a maior parte dos estudantes está nos níveis mais altos de proficiência.

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