Alunos da Universidade de Campinas (Unicamp) encontraram garrafas de vinhos na sala do reitor da instituição, José Tadeu Jorge, na última sexta-feira, após a ocupação do prédio para cobrar a saída da Polícia Militar do campus. Agora, os estudantes cobram explicações sobre uma suposta “adega de vinhos" montada no gabinete do reitor.
O consumo de bebidas ao alcoólicas dentro do campus é proibido pelo regimento interno da universidade. A assessoria da Unicamp disse, em nota, que as garrafas foram adquiridas por funcionários que organizam um jantar de confraternização no final do ano num buffet fora da universidade. "As garrafas seriam transportadas para o local do evento nos próximos dias, mas em razão da invasão da reitoria não foi possível leva-los para o local onde ocorrerá a jantar", diz a nota.
Uma imagem da bebida francesa foi publicada na página da ocupação no Facebook e um vídeo cobrando explicações sobre o vinho foi postado no Facebook. Até uma página convidando para um evento que satiriza o reitor foi criado, com o nome de "Visita monitorada à famosa adega do reitor Tadeu".
"Estamos com uma bela safra de vinhos franceses no estoque de nossa charmosa adega instalada aqui na reitoria da Unicamp. Por tanto, gostaríamos de convidar a todos(as) para uma visita e apreciação destes produtos ostentosos e exuberantes que possuem grande importância para que nosso REItor mantenha sempre sua autoestima elevada", diz o texto de abertura da página na rede social.
Ocupação da reitoria
Apesar de a Justiça ter determinado a reintegração de posse do prédio da reitoriana sexta-feira, estudantes mantém a invasão dos dois andares do imóvel desde a noite da última quinta-feira. A ocupação do prédio é um protesto contra a decisão da universidade de realizar o patrulhamento do campus com a Policia Militar depois da morte do estudante de automação Denis Casagrande, 21 anos, na madrugada de 21 de setembro em uma festa dentro da Unicamp.
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A Unicamp afirmou que pretende estabelecer um plano de segurança com a Polícia Militar para uma atuação dentro da instituição e que irá dialogar com os estudantes e a comunidade que atua nos campi de Campinas, Paulínia, Limeira e Piracicaba. A Unicamp informou também que pretende esgotar todos os esforços para se chegar a um bom senso e, em última hipótese, irá acionar a força policial para evacuar o prédio.
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9 de outubro - Estudantes de artes cênicas fazem protesto bem-humorado na Unicamp
Foto: Rose Mary de Souza
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9 de outubro - Com perucas coloridas, lençóis amarrados ao corpo simbolizando a Roma Antiga, fantasias diversas e rostos pintados, os estudantes chegaram entoando canções de crítica à presença da Polícia Militar dentro do campus da Unicamp anunciada no final de setembro
Foto: Rose Mary de Souza
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9 de outubro - Dois jovens se equilibravam em perna de pau e se denominavam autoridades como "o grande governador" e o "magnífico reitor". Em certo momento, estudantes jogaram para o alto balas e chicletes e ao mesmo tempo estouraram bexigas de ar simulando uma rajada de tiros: "bala perdida, bala perdida", gritaram chamando a atenção
Foto: Rose Mary de Souza
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9 de outubro - Manifestantes a favor da ocupação da reitoria da Unicamp simulam "batida" policial. Dois grupos - de contrários e de favoráveis à ocupação do prédio - bateram boca
Foto: Rose Mary de Souza
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9 de outubro - Funcionários que organizaram o protesto disputaram o microfone de um carro de som. Alguns servidores reclaram da reitoria sem a presença dos "mascarados" no prédio da reitoria, já que suas mesas de trabalho estão sendo "compartilhadas" por jovens "pichadores, anarquistas e perturbadores da ordem"
Foto: Rose Mary de Souza
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9 de outubro - Servidores também protestaram em favor da ocupação
Foto: Rose Mary de Souza
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9 de outubro - Manifestante usa cartaz durante protesto
Foto: Rose Mary de Souza
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9 de outubro - Do alto do prédio, estudantes que participam da ocupação aplaudiam ou vaiavam as manifestações dos servidores
Foto: Rose Mary de Souza
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7 de outubro - Pelo menos cerca de 300 estudantes participaram de assembleia que decidiu pela manutenção da ocupação
Foto: Rose Mary de Souza
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7 de outubro - Alguns alunos taparam os rostos durante a reunião que definiu os rumos do movimento
Foto: Rose Mary de Souza
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7 de outubro - A ocupação da reuitoria foi iniciada na última quinta-feira
Foto: Rose Mary de Souza
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7 de outubro - Cartazes e faixas foram dispostas no prédio da reitoria ocupada
Foto: Rose Mary de Souza
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7 de outubro - Lençóis foram usados para impedir imagens de cinegrafistas
Foto: Rose Mary de Souza
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7 de outubro - Os alunos cobram a retirada da Polícia Militar do campus
Foto: Rose Mary de Souza
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4 de outubro - Desde a noite da invasão, a vigilancia é feita por seguranças da reitoria e não há presença policial no campus
Foto: Rose Mary de Souza
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4 de outubro - Pelo menos 100 alunos passaram a noite do dia 3 de outubro no prédio da reitoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em manifestação contra a abertura do campus para a patrulha da Polícia Militar
Foto: Rose Mary de Souza
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4 de outubro - Pelo menos duas vidraças foram quebradas e um muro foi pichado com mensagens como "Pelo Denis, pelo Amarildo, pela perifa" e "Fora PM do Haiti"
Foto: Rose Mary de Souza
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4 de outubro - A Unicamp ainda não se manifestou sobre a ocupação, mas um boletim de ocorrência foi registrado e um pedido de reintegração de posse deve ser impetrado na Justiça na manhã desta sexta-feira