A Universidade de São Paulo (USP) perdeu 11 posições no ranking das melhores instituições de ensino superior do mundo elaborado anualmente pela empresa britânica Quacquarelli Symonds (QS).
Ainda assim, a USP aparece como a universidade brasileira melhor posicionada na 12ª edição do QS World University Rankings, em 143º lugar. Em 2014, estava em 132º.
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Por sua vez, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) subiu 11 posições, para o 195º lugar, sendo a única outra universidade do Brasil a ficar entre as 200 melhores do mundo.
"A queda da USP se deve em grande parte a um ajuste de nossa metodologia. Mudamos a forma como avaliamos as citações de pesquisas por cada área de conhecimento", explica Simona Bizzozero, porta-voz da QS.
"Antes, universidades que eram mais fortes em áreas de Ciências da Vida e Medicina acabavam levando vantagem – pois as pesquisas nestas áreas costumam ser mais divulgadas em publicações científicas e em inglês, o que facilita que sejam citadas por outros pesquisadores – do que pesquisas feitas em outras áreas, como Ciências Sociais, que acabam sendo publicadas em livros e em idiomas locais."
Ao todo, 22 universidades brasileiras aparecem na lista, tornando o Brasil o país da América Latina com mais instituições na avaliação feita pela QS, à frente da Argentina, com 16, e do México, com 14.
"A performance do Brasil variou. Algumas universidades ganharam posições, enquanto outras perderam. Mas, em comparação com outros Brics, o Brasil vai bem", afirma Bizzozero.
"Neste ano, por exemplo, a Índia teve pela primeira vez duas universidades no top 200, algo que o Brasil já tem há muito tempo. Claro que são duas realidades bem diferentes, mas com desafios bastante semelhantes. O Brasil fez um grande investimento nas últimas décadas para internacionalizar seu ensino superior, mas ainda há espaço para melhorar."
Avaliação
Para ser avaliada pela QS, uma universidade precisa cumprir dois requisitos: ter cursos de graduação e de pós-graduação e atuar em ao menos duas áreas de conhecimento.
Com isso, das cerca das 20 mil universidades existentes no mundo, 3.500 foram avaliadas e 891 entraram no ranking de 2015.
Neste ano, o Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos, manteve-se na primeira posição, assim como em 2014.
A Universidade de Harvard, também nos Estados Unidos, subiu duas posições, para a vice-liderança da lista, ocupada no ranking anterior pela Universidade de Cambridge, do Reino Unido, que agora está em 3º lugar.
Reputação
No ranking de 2015, a USP ainda aparece bem colocada em dois quesitos. Foi a 51ª em reputação acadêmica, baseado na resposta de 77 mil acadêmicos, e a 57ª em reputação entre empregadores, segundo a avaliação de 40 mil empresas.
"É interessante que as posições em ambos os quesitos sejam próximas, ainda mais se você considerar o tamanho da amostra da pesquisa. É um sinal de prestígio entre os pares da academia e no mercado", diz Bizzozero.
A USP também teve quatro áreas de conhecimento entre as cem melhores do mundo. Foi a 81ª em Ciências Sociais e Administração, a 90ª em Artes e Humanidades, a 99ª em Engenharia e Tecnologia e a 100ª em Ciências da Vida e Medicina.
Mas as universidades brasileiras ainda deixam a desejar quando é analisado o número de citações de estudos científicos realizados por elas.
Nenhuma universidade brasileira conseguiu ficar entre as 300 melhores do mundo. A melhor colocada foi a Unicamp, na 343ª posição.
"Isso mostra que, apesar de ter faculdades excelentes, as universidades brasileiras ainda enfrentam dificuldades para ter obter reconhecimento para seu trabalho de pesquisa", diz a QS na apresentação dos resultados do ranking.
Segundo a empresa, "pesquisas sobre o ensino superior no país reconhecem que é indispensável que este setor seja de alta qualidade para que haja desenvolvimento científico e tecnológico e de capital humano".
"Mas não há um consenso sobre a melhor forma de promover uma melhoria da performance do ensino superior brasileiro."
"Se o ensino superior for servir de catalisador para o retorno do crescimento de longo prazo do Brasil, será necessário atingir este consenso", afirma a QS.