Os cursos de medicina, que representam em torno de 40% da receita do mercado de ensino superior, vêm perdendo valor por conta do aumento na oferta de vagas dessa graduação.
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O valor de uma vaga de medicina, que chegava a ser negociada por R$ 3 milhões em 2020, passou a R$ 1,2 milhão, total desembolsado pela Cruzeiro do Sul no mês passado, conforme informou o Valor Econômico.
Outro exemplo da redução é o Ebitda (sigla em inglês para Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Em 2022, a Afya adquiriu uma faculdade de medicina avaliada em 5,8 vezes. Neste ano, outra aquisição da empresa custou 4,2 vezes o Ebitda.
Ainda que não tenham obtido avanços, grupos como Ânima buscam investidores para seus braços de medicina. Em 2023, a Ânima contratou o J.P. Morgan, instituição líder mundial em serviços financeiros, em busca de recursos para a abertura de capital, venda de fatia ou fusão.
A desvalorização acontece porque há faculdades que só conseguem formar turmas recorrendo a três ou quatro listas de chamada. Algumas instituições de ensino em regiões longe dos grandes centros urbanos, muitas vezes, não preenchem todas as vagas que ofertam.
Segundo o Valor, essa realidade era impensável há alguns anos. A reportagem mostra que, entre 2014 e 2022, a relação candidato vaga nos cursos privados de medicina caiu de 31,9 para 8,9. A informação é da Associação Médica Brasileira (AMB).
Ainda segundo a reportagem, o Mais Médicos, programa que visa suprir a carência de médicos nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades do Brasil, pode acrescentar quase 10 mil vagas, sendo 7,7 mil da rede particular e 2 mil das instituições federais, nos próximos dez anos.
A demanda pela medicina começou após 2015, com a redução drástica do Fies, programa de financiamento estudantil que sustentava o crescimento do setor. Desde 2019, houve um incremento de alunos nessa graduação com a ampliação de vagas do programa Mais Médicos II e judicialização. Hoje, há cerca de 2 mil vagas de medicina abertas por meio de liminar. Atualmente, o Ministério da Educação (MEC) analisa 193 processos até 11,5 mil vagas judicializadas e estima que cerca de 3,1 mil sejam aprovadas.