Os trabalhadores do Hospital Universitário da USP (HU) decidiram entrar em greve a partir da próxima terça-feira, dia 10. A paralisação, definida em assembleia realizada na última quinta-feira, tem como alvo as políticas de gestão aplicadas pelo reitor Marco Antonio Zago que, segundo a categoria, culminarão no “sucateamento” da universidade. Professores e servidores da USP interromperam as atividades desde o dia 27 de maio. O Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) afirma que 85% da instituição está totalmente parada.
Segundo Neli Maria Paschoareli Wada, diretora do Sintusp, a categoria reivindica o fim do arrocho salarial, reajuste de 9,78% nos rendimentos, melhoria nas condições de trabalho, contratação imediata de médicos e funcionários, mais verbas para a educação e jornada de 30 horas semanais sem redução salarial. A gestora afirma que há setores que cumprem entre 36 e 40 horas semanais, atualmente. Neli acrescentou ainda que todas as cobranças dos trabalhadores têm como um de seus objetivos principais a melhoria na qualidade do atendimento à população.
Os funcionários se posicionam também contra a autarquização dos hospitais universitários. De acordo com Neli, o desmembramento na administração permite que algumas unidades sejam geridas por até duas entidades diferentes, dificultando o andamento do trabalho. A intensificação da terceirização está entre as desvantagens apontadas no sistema de separação.
A diretora do Sintusp também citou a crescente demanda recebida pelos hospitais universitários. Neli afirma que, em São Paulo, a prefeitura não consegue dar conta da assistência primária à população e a carga recai sobre o HU. “Temos unidades de saúde com fila de 800 mulheres para fazer Papanicolau, por exemplo. Não há estrutura para atender a essa demanda, que não deveria ser só nossa”, relatou. “Hoje, 60% do atendimento do HU é primário e 40% são casos de alta complexidade”, explicou.
Quanto às condições de trabalho, Neli disse que o prédio do Hospital Universitário está em situação alarmante. “O teto do centro cirúrgico está caindo, o da UTI também, e o sistema de circulação de ar é precário”, afirmou. “Queremos, junto com a população, pressionar o governo do Estado e o governo municipal por maior atenção à saúde pública”, finalizou.
Procurado pelo Terra, o Conselho de reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp) não se posicionou, especificamente, sobre a paralisação no hospital. O Cruesp reafirmou o que havia sido divulgado nesta sexta-feira em um comunicado, que promete o agendamento de uma reunião com o Fórum das Seis (que congrega as entidades representativas de professores e funcionários da USP, Unesp e Unicamp), “desde que não haja obstruções e invasões (ocupações) em qualquer dependência das três Universidades, que impeçam o acesso de servidores (docentes e técnico-administrativos) e dos alunos às suas atividades normais”.
O Sintusp considerou a resposta insuficiente quanto a datas para reabertura das negociações e afirmou que no dia 10, início da greve, um grande ato conjunto entre as três universidades será realizado a partir das 12h, em frente ao Conselho Universitário da USP.
O leitor H.S., de São Paulo (SP), participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.