Paralisados há 78 dias, os trabalhadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) rejeitaram, nesta sexta-feira, uma proposta de acordo feita pela reitoria. Em assembleia, os servidores consideraram insuficientes os itens apresentados pelo gestor da instituição e votaram uma contraproposta para retomar a negociação.
De acordo com informações do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), cerca de 1,3 mil servidores se reuniram, por volta das 10h, na Praça da Paz, dentro do campus da universidade. A reunião foi marcada para dar continuidade à assembleia do dia anterior, interrompida devido à falta de tempo para concluir as falas de todos os inscritos, à necessidade de um tempo maior para a votação da proposta e a um tumulto, no qual um funcionário chegou a lançar um copo em direção a uma pessoa que estava falando.
Para tentar por fim à greve, a reitoria propôs 21% de abono, aplicado sobre os salários de julho, e mais uma referência para o piso de cada categoria da Unicamp. Os trabalhadores consideraram os termos insuficientes e decidiram elaborar uma contraproposta, na qual é reivindicado o cumprimento da segunda etapa da isonomia (que compreende três referências para a categoria de trabalhadores técnico-administrativos), uma referência para todos os trabalhadores, o abono salarial de 21%, o vale refeição e a continuidade da negociação para discussão da pauta específica. A pauta unificada abrange demandas de trabalhadores da Unicamp, USP e Unesp.
Representadas pelo Fórum das Seis (que engloba sindicatos de professores da USP, Unesp, Unicamp), as três universidades se reuniram em um movimento de paralisação desde que o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp) informou que não haveria nenhum tipo de reajuste nos salários de professores e funcionários técnico-administrativos das instituições de ensino. Na época, o órgão usou como argumento os altos níveis de comprometimento do orçamento com a folha de pagamento nas faculdades e defendeu que a discussão da data-base fosse prorrogada para setembro e outubro deste ano. O anúncio foi feito no dia 13 de maio e, desde então, os servidores estão mobilizados para tentar reverter a situação.
Após a assembleia, que terminou por volta das 14h, o STU explicou a decisão de rejeitar a proposta e ressaltou que o reitor tem um plano de gestão que inclui a isonomia, que já deveria ter sido cumprida na data-base. As três referências, segundo o sindicato, já estavam entre benefícios que haviam sido oferecidos anteriormente (e de forma diferente) pelo gestor, assim como outros reivindicados na contraproposta. A categoria alega que está apenas cobrando um compromisso de governo.
O STU afirmou que vai procurar a reitoria para solicitar uma nova reunião, na qual será apresentada a contraproposta tirada em assembleia. O sindicato ressaltou que a greve não será interrompida durante as negociações e avisou que a paralisação seguirá até que sejam atendidas as reivindicações e que seja confirmada a reabertura de diálogo sobre os itens da pauta específica.
Um ato unificado entre Unicamp, USP e Unesp está marcado para o dia 14, em frente ao Palácio dos Bandeirantes. A manifestação foi aprovada pelo Fórum das Seis, em reunião realizada no dia 30 de julho. Até as 19h30, a reitoria da universidade não havia se pronunciado a respeito do resultado da assembleia.
O leitor Jefferson Barros, de Campinas (SP), participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui ou envie pelo aplicativo WhatsApp, disponível para smartphones, para o número +55 11 97493.4521.