Três estudantes da Universidade Estadual do Pará, em Marabá, são investigados pela Polícia Federal por suspeita de fraude no Enem. O principal alvo da investigação foi André Rodrigues Ataíde, de 23 anos, que usou documentos falsos para fraudar a prova no lugar de um amigo e um parente em 2022 e 2023.
Três estudantes de Medicina de Marabá, no Pará, são investigados pela Polícia Federal por suspeita de fraude no Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. Um deles, André Rodrigues Ataíde, teria realizado a prova no lugar dos outros dois candidatos em 2023 e 2022, usando uma identidade falsa.
Com a nota obtida, eles ingressaram no curso de Medicina na Universidade Estadual do Pará (UEPA) em Marabá, mas sem terem feito a prova.
Segundo a investigação, André falsificou a assinatura no dia da realização do enem e usou documentos falsos. Os três investigados negaram as acusações e devem responder em liberdade.
André Rodrigues Ataíde
O estudante André Ataíde, de 23 anos, é o principal alvo da Polícia Federal na investigação. Ele é quem teria realizado as provas no lugar dos outros suspeitos. André é estudante de Medicina na UEPA, e está no sétimo período do curso.
Ele teria feito a prova no lugar de um parente em 2022, e em 2023, fez o mesmo para um amigo. O jovem teria falsificado a assinatura ao assinar as provas do Enem.
De acordo com reportagem exibida no Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 18, André teria recebido a quantia de R$ 150 mil para realizar o Enem no lugar de outras pessoas. A PF apura se houve crime de fraude em outros vestibulares e concursos.
Eliésio Ataide
Eliésio Ataide, de 25 anos, é da família de André. Em 2022, ele foi aprovado na universidade usando a nota do Enem. Segundo a PF, André teria realizado a prova no lugar de Eliésio.
O jovem usou a nota do Exame para ingressar na UEPA, onde cursa Medicina, e está indo para o segundo ano.
Nas redes sociais de Eliésio, consta que ele é formado em Engenharia de Produção pela mesma universidade.
Moisés Assunção
Moisés Assunção é investigado por suspeita de se beneficiar do esquema de fraude no Enem. Ele tem 25 anos e era estudante de Psicologia na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). Ele se increveu no Enem em 2023 e escolheu Medicina na UEPA após receber uma nota alta.
Segundo a PF, ele teria trocado mensagens com a namorada durante os horários das provas do Enem, nos dias 5 e 11 de novembro. Na hora em que as mensagens foram enviadas, ele deveria estar incomunicável para realizar as provas e redação.
A investigação aponta que as provas podem ter sido feitas por André Ataíde, na cidade de Itupiranga, no Pará.
Atualmente, Moisés está matriculado para o primeiro semestre de Medicina na UEPA, onde as aulas devem iniciar em março.
Segundo a Polícia Federal, além da UEPA, a Unifesspa, antiga universidade de Moisés, forneceram documentos para auxiliar nas investigações.
Investigação
A Polícia Federal deu início às investigações há cerca de 20 dias, após receber denúncias anônimas. André publicou nas redes sociais que teria feito a prova do Enem para amigos.
A PF conseguiu acesso a mensagens trocadas entre Moisés e a namorada, no horário da prova, que comprova que ele não estava fazendo o Enem.
A operação Passe Livre, da PF, apreendeu celulares e provas e ouviu os três estudantes investigados, que foram liberados após depoimentos, na sexta-feira, 16. Os três jovens negam as acusações, segundo suas defesas.
Caso a fraude seja comprovada, os estudantes podem responder por crimes de falsidade ideológica e uso de documento falso.
Em nota, a UEPA informou que acompanha e colabora com as investigações da Polícia Federal, e aguarda a conclusão do processo para tomar as medidas cabíveis.
O INEP, responsável pela aplicação do Enem, informou ao Fantástico que nunca houve uma situação semelhante em anos de realização do Enem e que o ocorrido no sudeste do Pará seria um caso isolado.