A Fuvest divulgou nesta quinta-feira a lista dos livros obrigatórios para o vestibular 2016 da Universidade de São Paulo (USP), um dos mais importantes do Brasil. Ainda falta tempo para a prova, mas por que não começar a se preparar desde agora?
Para ajudar você, o Terra e Nuvem de Livros prepararam uma sinopse dos nove livros que são exigidos pela Fuvest. Alguns deles estão disponíveis no acervo da Nuvem de Livros, para você ler online. Confira!
Viagens na minha terra – Almeida Garrett
Em “Viagens na minha terra”, Almeida Garrett narra a história de amor de Joaninha e Carlos, tendo Portugal da primeira metade do século 19 como cenário. Por meio de uma narrativa de viagem recheada de referências literárias, o autor apresenta o universo político que se dividia entre a religião da época do absolutismo e o liberalismo, representados pelas lutas entre o espiritualismo e o materialismo.
Considerada uma das principais obras românticas portuguesas, “Viagem na minha terra” foi pub
licada em 1846, mas já havia sido apresentada ao público em folhetins na Gazeta Revista Universal Lisbonense desde 1845.
O cortiço – Aluísio Azevedo
No primeiro grande romance social brasileiro, Jerônimo é bom de porrete; Firmo maneja a navalha; Rita Baiana, Pombinha, o inútil Libório e as lavadeiras vão vivendo como podem no cortiço do João Romão. E Romão cada vez mais rico, olhando as janelas elegantes do sobrado do vizinho, sonhando com a grandeza. Só precisava resolver o que fazer da pobre Bertoleza. A obra está disponível no acervo da Nuvem de Livros.
Sentimento do mundo – Carlos Drummond de Andrade
Publicado em 1940, “Sentimento do mundo” permanece, tantos anos depois, ainda um dos livros mais celebrados da carreira de Drummond. Não é para menos: o livro enfileira poemas clássicos como “Sentimento do mundo”, “Confidência do Itabirano”, “Poema da necessidade”. É possível que versos do livro inteiro tenham sido "impressos" no inconsciente literário brasileiro, tamanha é a repercussão até hoje.
Já estabelecido no Rio de Janeiro e observando o mundo (e a si mesmo) de uma perspectiva urbana, o Drummond de Sentimento do mundo oscila entre diversos polos: cidade e interior, atualidade e memórias, eu e mundo. Perfeita depuração dos livros anteriores, este é um verdadeiro marco. E como se isso não bastasse, é o livro que prepara o terreno para nada menos do que “A rosa do povo” (1945).
A cidade e as serras – Eça de Queirós
Publicado em 1901, após a morte do autor, “A cidade e as serras” é uma das últimas obras escritas por Eça de Queirós. Neste romance, o escritor faz as pazes com Portugal, deixando de lado as duras críticas ao país, e se afasta, assim, do realismo que o acompanhou em suas obras.
Eça apresenta ao leitor os contrastes da época entre o moderno e arcaico, representados na narrativa entre o campo e a cidade, entre o modernismo francês e a cultura agrária lusitana. O autor, recorrendo ao narrador-personagem Zé Fernandes e ao protagonista Jacinto de Tormes, critica o mal civilizatório e enaltece a vida na natureza.
Vidas secas – Graciliano Ramos
“Vidas secas”, publicado originalmente em 1938, é o romance em que mestre Graciliano — tão meticuloso que chegava a comparecer à gráfica no momento em que o livro entrava no prelo, para checar se a revisão não haveria interferido em seu texto — alcança o máximo da expressão que vinha buscando em sua prosa. O que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação telúrica, afetiva, que expõe naqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro.
Apesar desse sentimento de transbordante solidariedade e compaixão com que a narrativa acompanha a miúda saga do vaqueiro Fabiano e sua gente, o autor contou: “procurei auscultar a alma do ser rude e quase primitivo que mora na zona mais recuada do sertão. Os meus personagens são quase selvagens. Pesquisa que os escritores regionalistas não fazem e nem mesmo podem fazer, porque comumente não são familiares com o ambiente que descrevem. Fiz o livrinho sem paisagens, sem diálogos. E sem amor. A minha gente, quase muda, vive numa casa velha de fazenda. As pessoas adultas, preocupadas com o estômago, não têm tempo de abraçar-se. Até a cachorra (Baleia) é uma criatura decente, porque na vizinhança não existem galãs caninos”.
”Vidas secas” é o livro em que Graciliano, visto como antipoético e antissonhador por excelência, consegue atingir, com o rigor do texto que tanto prezava, um estado maior de poesia.
Capitães da areia – Jorge Amado
Desde o seu lançamento, em 1937, “Capitães da Areia” causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas, a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes.
Várias gerações de brasileiros se seduziram por esses meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade.
Til – José de Alencar
“Til” relata a vida de três adolescentes, seu segredos, desencontros amorosos e desapegos. Este romance trata o dia a dia da vida rural do século XIX. E está disponível no acervo da Nuvem de Livros.
Memórias de um sargento de milícias – Manuel Antônio de Almeida
Leonardo Pataca ia vivendo, progredindo, mas não tinha sorte com as mulheres. Seu filho Leonardo cresce com grande vocação para não fazer nada. Vizinhas brigam, o compadre se aflige, o major Vidigal vigia, a comadre intriga, e a vida corre em festas e “patuscadas” nessa deliciosa crônica da vida urbana na corte real brasileira. A obra está disponível no acervo da Nuvem de Livros.
Memórias póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis
Mulheres, amores, planos, ambições, tudo passageiro, provisório como um sonho. Observando bem, consegue-se até mesmo ver a “vida que descia pela escada abaixo”. Assim, Brás Cubas viveu “sem ser ministro, nem califa”, e depois de morto resolveu passar tempo infinito escrevendo suas memórias, um “legado da nossa miséria”. A obra está disponível no acervo da Nuvem de Livros.