Dia da Amazônia: discussões e o que cai sobre o bioma no Enem

Neste Dia da Amazônia, especialistas falam sobre aspectos relacionados ao bioma e como o tema pode ser cobrado no Enem e vestibulares. Confira!

5 set 2023 - 00h14

O Dia da Amazônia é celebrado nesta terça-feira, 5 de setembro. A data foi estabelecida com o objetivo de fortalecer o debate sobre a preservação da Floresta Amazônica. Também é feita uma homenagem à criação da província do Amazonas que ocorreu neste dia no ano de 1850.

A Amazônia é o maior bioma do país e compreende a Floresta Amazônica e a bacia hidrográfica do Rio Amazonas. A região é considerada a de maior biodiversidade do planeta. 

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O Brasil Escola conversou com especialistas sobre o assunto que contextualizam aspectos gerais como o desmatamento, incêndios e mudanças climáticas relacionados ao bioma. Confira também os temas sobre a Amazônia que podem cair no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e vestibulares. 

Amazônia e mudanças climáticas

"Manter a Floresta Amazônica em pé é essencial para evitar graves consequências climáticas, tanto no Brasil como no mundo como um todo". Quem faz essa afirmação é Philip Martin Fearnside, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).

Philip é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), membro da Academia Brasileira de Ciências e já foi considerado o segundo pesquisador mais citado do mundo sobre aquecimento global (Thomson-ISI).

Philip Fearnside.
Philip Fearnside.
Foto: Reinaldo Barbosa.  / Brasil Escola

O especialista pontua três relações que a Amazônia possui com as mudanças climáticas:

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Reciclagem de água

A Floresta Amazônica possui um importante pepel em reciclar água, afirma Philip. Cerca de 70% da água na bacia do Rio La Plata, que envolve São Paulo, é proveniente da Amazônia, pontua o pesquisador.

"A Floresta Amazônica recicla uma quantidade de água maior que a vazão do Rio Amazonas, mas se a região for convertida em uma grande pastagem esta água não será reciclada. Não teria uma cidade de mais de 20 milhões de pessoas no lugar onde São Paulo fica hoje."

Philip Martin Fearnside

Emissão de gases de efeito estufa

A exploração madeireira, as secas e os incêndios são processos que causam, anualmente, a emissão de gases de efeito estufa. O controle do aquecimento global é atingido com a redução dessas emissões, bem como das emissões nacionais e globais de combústiveis fósseis, argumenta Fearnside.

"O clima global está se aproximando a um ponto de não retorno", o que é catastrófico, enfatiza Philip. Entre as consequências desse fenômeno para o Brasil, pontuadas pelo pesquisador, estão:

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  • Perda da Floresta Amazônica;

  • Região Nordeste devastada;

  • Agricultura fortemente impactada;

  • População do litoral exposta ao impacto combinado do aumento do nível do mar e dos tufões cada vez mais fortes;

  • Altas temperaturas que deixarão alguns lugares inabitáveis.

Estoque de carbono

As árvores da Floresta Amazônica e o solo embaixo dessa região possuem um enorme estoque de carbono, afirma Fearnside. De acordo com o estudioso, este estoque representa uma bomba latente que pode explodir sem ser proposital.

No último relatório do Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC) consta que toda a atividade humana é responsável pela liberação de 12 bilhões de toneladas de carbono anualmente. Essa quantidade é a máxima possível para que o aquecimento global não saia do controle humano.

Philip evidencia que a região amazônica está no centro desse debate, uma vez que possui 80 bilhões de toneladas de carbono na vegetação, 90 bilhões no primeiro metro de solo e 250 bilhões no solo entre 1 e 8 metros de profundidade.

Ou seja, "só uma fração pequena deste carbono sendo liberado no espaço de alguns anos, por exemplo, com a floresta morrendo por secas e incêndios, seria a gota d'água para empurrar o clima global além do ponto de não retorno", alerta.

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Desmatamento da Amazônia

O desmatamento da Amazônia, apesar de apresentar redução nos últimos meses, ainda apresenta um cenário sem controle e grave, afirma Philip.

Dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que de agosto de 2022 a julho de 2023 a área desmatada na Amazônia Legal foi a menor em quatro anos (7.952km²). 

"As consequências do desmatamento são gravíssimas e não estão pesando como devem nas decisões. Impactos incluem a perda de biodiversidade, perda de reciclagem de água, contribuição ao aquecimento global, perda de povos e culturas tradicionais, e risco de passar pontos de não retorno tanto para manter a floresta amazônica como para evitar uma catástrofe climática global."

Philip Martin Fearnside

Quanto ao enfrentamento do desmatamento, o pesquisador acredita que ações de comando e controle, principais ferramentas do Ministério do Meio Ambiente, são fundamentais para evitar uma presunção generalizada de impunidade. Porém, segundo Philip, é necessário também ações mais politicamente dolorosas, incluindo a ação de demais pastas do governo federal.

O pesquisador comenta sobre o quanto o investimento de plantio de árvores em áreas degradas na Floresta Amazônica pode sair mais caro, por hectare, do que evitar um hectare de desmatamento da floresta madura. Além disso, Fearnside cita que o benefício nesse tipo de ação é menor para biodiversidade, mudanças climáticas e povos tradicionais do que a prevenção à degradação ambiental.

Amazônia e incêndios florestais 

Os incêndios florestais na Amazônia degradam a floresta e são provocados pelo "fogo que escapa de queimadas propositais para manter pastagens ou para limpar o terreno em áreas recém-derrubadas", afirma Philip. 

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Esse processo provoca um ciclo vicioso. A floresta que já foi incendiada possui muita madeira morta que serve de lenha para o próximo incêndio. Há também o risco aumentado de iniciar incêndios subsequentes, explica. 

A perda total da floresta é completada após três ou quatro incêndios. E nesse contexto, as mudanças climáticas que já estão ocorrendo, são cada vez mais intensificadas, como é o caso dos grandes incêndios durante o El Niño de 2015 e 2016, cita o pesquisador do INPA. 

Amazônia no Enem e vestibulares

A Amazônia pode ser cobrada nas provas do Enem e vestibulares de diferentes formas e perspectivas, seja na redação, nas Ciências da Natureza e nas Ciências Humanas, afirma Barbara Molina Mourad, bióloga e coordenadora da Escola Vereda.

É muito importante os estudantes acompanharem o noticiário sobre o bioma, bem como se aprofundarem no assunto. 

Veja temas sobre a Amazônia que podem cair no Enem e vestibulares, de acordo com Mourad:

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  • Regulação do clima;

  • Sequestro de carbono;

  • Manutenção do ciclo de chuvas;

  • Rios voadores e suas dinâmicas;

  • Características gerais do bioma da Amazônia (vegetação, relevo e clima);

  • Discussões sobre a Amazônia Legal;

Barbara Molina Mourada é graduada em Ciência e Tecnologia e licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do ABC (UFABC).
Foto: Arquivo Pessoal.  / Brasil Escola

Além do conhecimento sobre conceitos básicos que envolvem o bioma, a Amazônia Legal e Amazônia Internacional, os serviços ecossistêmicos, poderão ser cobradas questões sobre atualidades.

Para isso, é essencial que os estudantes leiam o texto final da cúpula da Amazônia, que ocorreu em 2023; saibam sobre o Tratado de Cooperação Amazônica (TCA) e os países que compõem essa parceria; e compreendam as atribuições e países doadores do Fundo Amazônia. 

Resolva exercícios sobre a Amazônia aqui. 

Videoaula sobre a Amazônia 

Confira a videoaula sobre os principais aspectos da Amazônia:

Resolva exercícios sobre a Floresta Amazônica aqui.

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