É possível sobreviver com 2 cabeças e um só corpo? Veja casos
É possível sobreviver com 2 cabeças e um só corpo? Veja casos
Os médicos de um hospital no interior do Pará ficaram surpresos ao fazer uma ecografia em uma jovem nesta semana e descobrir que ela estava prestes a dar a luz a um "bebê com duas cabeças". Sem a estrutura de um grande centro, o hospital providenciou uma cesariana e assim que possível transferiu para uma maternidade da capital. Mas como duas pessoas podem nascer grudadas? É possível sobreviver com duas cabeças e um só corpo?
De acordo com o médico Julio Leite, coordenador do Programa de Monitoramento de Defeitos Congênitos do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o caso paraense pode ser chamado de gemelaridade imperfeita, quando há problemas na divisão das células durante o período de formação do embrião. "No Brasil o registro desse tipo de malformação é de um caso para cada 100 mil habitantes", explica.
A obstetra Nathália Neves Sapper afirma que problema acontece em gêmeos monozigóticos (produto da fecundação de um único óvulo, com posterior formação de dois embriões). "Na divisão das células, quanto mais cedo o ovo se divide em dois, mais perfeitos serão os gêmeos, porque eles possuem estruturas próprias para cada, como a placenta e o saco amniótico. Quando essa divisão ocorre mais tarde, lá pelo oitavo dia da concepção, a gravidez pode se tornar inviável, ou muito raramente, ocorrer a formação de gêmeos unidos", diz a especialista.
Sapper explica que os casos de gemelaridade imperfeita podem ser diagnosticados no primeiro mês de gestação, por meio de uma ecografia. "É importante que a mãe tenha acompanhamento médico, porque são gestações de alto risco". Segundo ela, não tem como tratar o problema durante a gravidez. "Toda gestação de gêmeos é de risco, mas nesses casos é preciso acompanhar todo o processo de formação, para garantir que eles vão se desenvolver".
De acordo com Julio Leite, a união dos gêmeos pela cabeça é chamada de dicéfala e é bem mais rara do que outros casos de gêmeos que nascem com alguma outra parte do corpo grudada. Ele ainda cita casos de gêmeos xipófagos (unidos pelo tórax), onfalópagos (unidos pela barriga) e cefalópagos, que são aqueles ligados pela cabeça. Dependendo do órgão em que eles estão unidos, pode ser feita uma cirurgia de separação, mas o médico explica que é um procedimento delicado, que nem sempre garante a sobrevivência das duas crianças.
É possível sobreviver com duas cabeças e um só corpo
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O professor do Hospital de Clínicas diz que a probabilidade de manter uma vida saudável é muito difícil nestes casos. "Normalmente morrem após o parto porque apresentam malformação interna, com problemas cardíacos, de circulação sanguínea, às vezes no próprio cérebro. Quando sobrevivem, a qualidade de vida é praticamente zero", afirma ao destacar que, neste caso, os gêmeos precisam aprender a conviver em harmonia, já que possuem um só corpo.
Quando ocorre de apenas um dos gêmeos sobreviver, pode ser feita uma cirurgia para separar a cabeça, mas o procedimento é de alto risco. A obstetra Nathália Neves Sapper afirma que quando os dois sobrevivem, existe uma interação de ambos com o corpo. "Normalmente ocorre de apenas um deles ter o controle dos movimentos do corpo, mas pode acontecer também de ser dividido, cada um controla um lado. Não tem como precisar, depende de cada caso".
Ela cita como exemplo o caso de duas gêmeas americanas que há 21 anos vivem nesta situação. Abigail Loraine Hensel e Brittany Lee Hensel já foram notícias em jornais de todo o mundo ao contar como aprenderam a conviver com um só corpo. "São duas pessoas que dividem a mesma estrutura, os mesmos órgãos vitais, podem ocorrer várias complicações, mas não é impossível", explica a médica ao descartar a possibilidade de cirurgia. "Assim como no caso das americanas, se esses bebês do Pará sobreviverem, terão que aprender a conviver com essa dificuldade. Nos gêmeos que compartilham um órgão vital, como o coração e o cérebro, não tem como separar", afirma a obstetra.
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O nascimento no Pará dos gêmeos que dividem o mesmo corpo é mais um caso de malformação genética registrado na medicina. Confira a seguir fotos de outros casos e leia aqui sobre o motivo da deformidade e se é possível duas pessoas viverem grudadas
Foto: Reuters
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Na imagem de 2009, os gêmeos siameses na Indonésia, que morreram cinco dias após o nascimento
Foto: AFP
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Maria Teresa e Maria de Jesus Quiej-Alvarez são mostradas nesta foto tirada em 8 de junho de 2002 no Hospital Infantil Mettel, em Los Angeles, Califórnia. Com um ano de idade, as gêmeas siamesas da Guatemala foram separadas no dia 5 de agosto de 2002. A cirurgia rara e, por vezes, arriscada durou 22 horas e foi considerada um sucesso
Foto: Getty Images
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O pai das siamesas, Wenceslao Quiej, é registrado com as filhas Maria de Jesus Quiej-Alvarez e Maria Teresa Quiej-Alvarez em 4 de agosto, em Westwood, Califórnia
Foto: AFP
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Maria Teresa e Maria de Jesus estão juntas no hospital da Universidade da Califórnia, Los Angeles. As gêmeas siameses foram separadas em agosto de 2002
Foto: Getty Images
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Os gêmeos siameses egípcios Ahmed e Mohamed Ibrahim, em Dallas, Texas, onde realizariam a cirurgia de separação que foi considerada um sucesso
Foto: Getty Images
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As gêmeas siamesas Angélica e Angelina Sabuco (esq.) brincam durante uma conferência de imprensa do Hospital Infantil Lucile Packard, em Stanford, Califórnia, em 31 de outubro. As irmãs, de dois anos de idade, estão ligadas pelo tórax e abdômen
Foto: Getty Images
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Com dois anos de idade, as gêmeas Angélica e Angelina Subaco, que estão ligadas pelo tórax e pelo abdômen, preparam-se para a cirurgia de separação em 31 de outubro de 2011. A operação ocorreu bem e logo após o procedimento os médicos falavam que as meninas teriam alta em poucas semanas
Foto: Getty Images
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Os gêmeos siameses chineses em um hospital na China em 28 de fevereiro de 2005. Os meninos nasceram unidos pelo coração e fígado foram encontrados na rua após serem abandonados pela mãe
Foto: Getty Images
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Gêmeos siameses são retratados na unidade de terapia intensiva neonatal em um hospital de Manila, nas Filipinas, em 29 de julho de 2009, um dia após o nascimento
Foto: AFP
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Registro das gêmeas siameses marroquinas al-Safa (dir.) e al-Marwa(esq.) em 10 de julho de 2008. Elas foram separadas em uma cirurgia de 10 horas considerada um sucesso
Foto: AFP
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As gêmeas siamesas Jessica e Victoria Rivero em junho de 2007 no Hospital de Clínicas Dr. Manuel Quintela, em Montevidéu. Elas nasceram em 26 de junho e tinha os corações unidos. Eles faleceram com apenas 2 meses
Foto: AFP
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As gêmeas siamesas indianas Shaba (esq.) e Farha Ahamad posam para fotógrafos em sua casa em Patna, no dia 4 de agosto de 2005
Foto: AFP
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Registro dos 10 dias de vida dos gêmeos siameses Zinzi e Zanele do Hospital Infantil da Cruz Vermelha em Cape Town, África do Sul, em 7 de dezembro de 2001. Os gêmeos eram unidos pela pélvis e compartilham um ânus, mas sobreviveram à cirurgia de separação
Foto: AFP
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As gêmeas siamesas Ladan (dir.) e Laleh Bijani, 29 anos, falam durante entrevista à imprensa em 11 de junho de 2003, em Cingapura. As irmãs iranianas chegaram em 20 de novembro de 2002 à Cingapura para verificar se poderiam ser separadas cirurgicamente. As duas morreram durante a operação
Foto: Getty Images
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Blanca e Rosa, nascidas em 4 de setembro de 2002, foram o segundo caso de gêmeos siameses registrado em Honduras. Elas morreram 21 dias após o parto
Foto: Getty Images
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Imagem de maio de 2007 mostra os gêmeos nigerianos Goodness (esq.) e Mercy. No dia 21 de novembro do mesmo ano as crianças foram separadas com sucesso
Foto: AFP
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Uma enfermeira iraquiana segura as gêmeas siameses de dois dias de vida em 28 janeiro de 2006, no Iraque