O candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, afirmou nesta sexta-feira que seu partido não irá fazer ingerências junto ao PSB de sua adversária Marina Silva em busca de alianças em um possível segundo turno. "Tenho enorme respeito pelo PSB. Não vou fazer nenhuma ação de cooptação de quem quer que seja." O concorrente, no entanto, admitiu que, se ao longo da campanha, o PSDB "sensibilizar" ao PSB ou a forças ligadas ao partido, apoios serão "bem- vindos".
As declarações foram feitas durante visita à sede da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação, zona sul do Rio, na segunda agenda pública de campanha do tucano na cidade em menos de uma semana.
Aécio chegou ao local sem comitiva, acompanhado apenas do deputado federal pelo PSDB fluminense Otávio Leite. Ele desembarcou no Rio ainda na madrugada desta sexta-feira, e, às 11h iniciou a agenda na capital fluminense. No Rio, o alvo de todas as declarações do candidato voltou a ser o governo federal. Como vem fazendo, ele poupou de farpas a ex-senadora Marina Silva, recém-chegada à disputa no lugar de Eduardo Campos.
O presidenciável voltou a dizer que vê com naturalidade o bom desempenho de Marina nas pesquisas e que o Brasil apresentado pela presidente Dilma Rousseff no programa eleitoral da TV é virtual. “Estou conversando com pessoas de carne e osso. Cheguei da Paraíba e Rio Grande do Norte esta madrugada. Há lá um grande entusiasmo com as nossas propostas. A população saberá tomar a decisão certa, no momento certo."
Um dia depois de a presidente Dilma admitir que existem atrasos nas obras do governo federal pelo País - e que “só atrasa quem faz obras”-, Aécio ironizou este cenário: “é possível, sim, fazer obras no preço proposto e no prazo certo. Basta saber gerenciar."
‘À beira de um ataque de nervos’
Aécio ainda cobrou maior isenção da Advocacia Geral da União nas investigações sobre irregularidades na Petrobras. Ele classificou de inadequada a forma com que o órgão se manifesta junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) para “impedir decisões”. Sobre as denúncias de que a presidente da empresa, Graça Foster, tenha transferido imóveis para parentes, ele classificou o gesto como "estranho". "Não prejulgo, mas essa transferência de imóveis de dirigentes e ex-dirigentes me parece algo merecedor de investigação."
De acordo com Aécio, o governo está “à beira de um ataque de nervos” com receio do resultado das investigações do TCU sobre o caso. Ele criticou o fato de a Petrobras ter “deixado as páginas econômicas para entrar, cotidianamente, nas páginas policiais."
A manutenção do Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do governo federal, voltou a ser prometida pelo presidenciável - como havia sido feito horas antes na agenda pelo Nordeste. Ele deu detalhes do que pretende fazer caso seja eleito para aprimorar o projeto. A ideia é elencar as carências das famílias atendidas e criar cinco níveis diferentes de beneficiários, que iriam variar de acordo com a situação econômica. Um perfil social também seria traçado. “Uma família, por exemplo, em que o filho tem um desempenho escolar acima da média pode receber um ‘plus’ de 30% no Bolsa Família, para estimular que ele se qualifique. Vamos ser proativos nisso."
Aécio volta a ter agenda pública no Rio já na próxima segunda-feira, quando fará uma caminhada pelo comércio popular conhecido como Saara, na região central da cidade.