O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, minimizou o resultado da pesquisa Datafolha divulgada nessa segunda-feira sobre a corrida eleitoral. No levantamento, o senador tucano, que antes da morte do candidato Eduardo Campos aparecia isolado em segundo lugar em todas as abordagens, está agora empatado tecnicamente com Marina Silva (PSB), que substituirá Campos na disputa ao Palácio do Planalto. Aécio tem 20% das intenções de voto e Marina 21%. A presidente Dilma Rousseff aparece com 36% e segue na frente. "É algo absolutamente esperado. Recebo com muita tranquilidade (o resultado)", afirmou Aécio, durante campanha no Rio.
Segundo o presidenciável, existe um clima e uma certa pressa em se "prospectar cenários futuros". Sem dizer se se sente ameaçado pela presença de Marina na disputa, admitiu que, se antes o segundo turno era uma possibilidade, hoje é uma certeza. "Temos um projeto para o Brasil, de retomada do crescimento, melhoria dos indicadores sociais, e este projeto vai continuar. O que está claro nas pesquisas, e eu já anteprevia isso, é que teremos segundo turno, que já era uma perspectiva mais provável. Mas é claro que há uma mudança no quadro eleitoral. Isso já se reflete na pesquisa", admitiu.
Aécio, que visitou a favela da Dona Marta, no bairro de Botafogo, zona sul carioca, afirmou ter muito respeito pela nova candidata do PSB à Presidência, assim como pela presidente Dilma. A despeito do novo quadro registrado pela pesquisa Datafolha, o presidenciável do PSDB disse que Marina não é, “de forma alguma”, sua principal adversária a partir de agora. O concorrente argumentou que a crítica que vinha sendo feita, tendo como alvo principal o governo petista de Dilma Rousseff, não irá mudar. Para isso, adotou um tom de moralidade: “nossa oposição é contra o governo que foi montado, com o aparelhamento da máquina púbica. A minha oposição é aos desvios éticos que se tornaram recorrentes neste governo”.
Evitando, claramente, dar ênfase a um suposto protagonismo da nova candidata Marina Silva, Aécio preferiu disparar contra o atual governo federal. Ele voltou a citar os escândalos envolvendo a Petrobras e a política externa brasileira, que, segundo o candidato, está muito aquém da de outros países. Ele admitiu, no entanto, que “as candidaturas que se colocam (a partir de agora) também caminharão no campo oposicionista”.
Programa eleitoral
Uma das incógnitas com a saída de cena, de forma tão trágica, de Eduardo Campos, é sobre a condução que as candidaturas irão dar ao horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, que se inicia nesta terça-feira. As coordenações de campanha correm contra o tempo para colocar novos programas de pé e incluir nas primeiras aparições dos candidatos as homenagens ao ex-governador de Pernambuco. Aécio, no entanto, garante que “não muda absolutamente nada”. “As pessoas estão em busca de propostas. O horário eleitoral é uma oportunidade para que os candidatos que não disputaram ainda uma eleição presidencial fiquem mais conhecidos”.
Segundo o candidato, quanto mais conhecidas as suas propostas – oportunidade que seria proporcionada pela exposição no horário eleitoral gratuito – “mais elas expressarão o sentimento de mudança e de esperança” para os brasileiros. “O Brasil não pode se acostumar com a mediocridade de hoje, com os empregos indo embora”, concluiu, sempre no ataque a Dilma, a quem atribuiu a responsabilidade por “inflação saindo do controle, crescimento pífio e clima de desconfiança generalizada no País”. Aécio garantiu que manterá um debate a partir de agora, de forma respeitosa, com os concorrentes.
O candidato do PSDB escolheu o Rio de Janeiro, xidade em que tem casa e onde mora sua mulher, para retomar à campanha após a morte trágica de Eduardo Campos, na última quarta feira. Ao lado de correligionários tucanos e do secretário de Segurança do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, Aécio conheceu a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro Dona Marta. Ele defendeu o projeto criado no Estado pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e criticou a política de segurança da presidente Dilma Rousseff.
Coligações partidárias: Dilma, Aécio e Eduardo Campos