Aécio Neves foca no Nordeste para diminuir vantagem de Dilma

8 ago 2014 - 18h44
(atualizado às 20h10)
Candidato à Presidência, Aécio Neves (PSDB), durante campanha nesta sexta-feira em Botucatu (SP). No final de semana, o foco será o Nordeste
Candidato à Presidência, Aécio Neves (PSDB), durante campanha nesta sexta-feira em Botucatu (SP). No final de semana, o foco será o Nordeste
Foto: Marcos Fernandes / Divulgação

O candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, concentrará esforços na região Nordeste do País neste mês, para se tornar conhecido entre um eleitorado que se mostrou majoritariamente petista nas três últimas eleições presidenciais, e também preparar terreno para reduzir a vantagem da presidente Dilma Rousseff na região.

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Segundo uma fonte próxima à campanha tucana, a ideia é que Aécio percorra os nove Estados nordestinos até 25 de agosto, e o que já está sendo chamado de périplo nordestino começa na semana que vem, com viagens a Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte e Paraíba, na terça e na quarta-feira.

O tucano deve aproveitar sua estadia no Nordeste para se tornar conhecido, se reunir com lideranças locais e lançar mão de um trunfo para arregimentar eleitores na região, um plano batizado de Nordeste Forte, que deve ser lançado no dia 23 em Salvador.

"O colégio eleitoral paulista é um colégio importante, mas uma diferença extraordinária em São Paulo pode ser anulada por um único Estado do Nordeste pequeno, se não for dada a devida atenção", disse o coordenador da campanha de Aécio no Nordeste, o vice-governador de Alagoas e ex-deputado federal José Thomaz Nonô, filiado ao DEM.

O tucano deverá ter um trabalho monumental pela frente na busca de, como disse Nonô, "perder de pouco" para Dilma no primeiro turno no Nordeste. Em um eventual segundo turno, o coordenador acredita ser possível vencer a petista.

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Atualmente, Aécio está na terceira posição nas intenções de voto na região, embora sua desvantagem para o candidato do PSB, Eduardo Campos, que é ex-governador de Pernambuco, esteja dentro da margem de erro. Nacionalmente, ele é o segundo colocado, atrás de Dilma.

A candidata à reeleição pelo PT lidera com folga nos Estados Nordestinos. Tem 51% da preferência do eleitorado, segundo levantamento mais recente do Ibope, e 49%, de acordo com o Datafolha.

Campos soma 12% nas duas pesquisas, e Aécio tem 11% no Ibope e 10% no Datafolha. Além disso, segundo o Ibope, 58% do eleitorado nordestino aprova a maneira de Dilma governar, enquanto nacionalmente esse percentual é de 47%.

Além do desconhecimento entre o eleitorado nordestino, Aécio tem uma barreira importante para superar na tentativa de transformar em uma distância curta o atual abismo que o separa da presidente: o grande peso que programas sociais do governo federal, especialmente o Bolsa Família, tem na região.

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"(Bolsa Família) pesa, exatamente porque a região é muito pobre. E o PT montou aqui uma rede política monumental lastreada exatamente na bolsa. Então a bolsa hoje faz parte do ativo das camadas menos favorecidas, mais pobres", disse Nonô.

Ele, no entanto, aposta que a inflação, que tem sido apontado como ponto fraco de Dilma pelos partidários de Aécio, reduza esse peso. "A inflação de R$ 20, R$ 30 reais na bolsa é de lascar, porque é menos 10kg de farinha e isso a pessoa sente na hora, não é uma discussão acadêmica, nem de teórico", disse o coordenador.

O cientista político Adriano Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no entanto, faz um diagnóstico contrário e bastante pessimista para o candidato tucano. "Isso é pesquisa qualitativa, as pessoas consideram que existe inflação, que a vida está mais cara, entretanto, o que nós observamos claramente é que a satisfação pelo emprego e por ter renda é maior do que essa perspectiva de inflação", disse.

"Aécio vem ao Nordeste, mas ele não terá condições de obter uma boa votação no Nordeste", afirmou Oliveira, apontando que os programas sociais do governo federal petista desenvolveram uma "microeconomia no Brasil profundo, que é o interior do Nordeste".

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"Essa microeconomia não deixa espaço para a oposição", disse Oliveira.

Nordeste forte

Aécio Neves deve detalhar somente em solo nordestino seus planos para a região caso seja eleito em outubro, mas já tem dado algumas pistas das propostas que deve usar para seduzir o eleitorado local.

O tucano tem defendido que "você só diminui as desigualdades tratando os desiguais de forma desigual", e já prometeu que a região terá um regime de impostos diferenciado em um eventual governo do PSDB.

"Estamos construindo um plano para o Nordeste de investimentos, com um grande choque de infraestrutura, atração de novos investimentos, inclusive, com regras tributárias específicas", disse Aécio em evento de campanha em Belo Horizonte, no final de julho.

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Na avaliação de Nonô, Aécio precisa também aproveitar suas viagens pela região para apresentar propostas específicas para cada um dos Estados.

"O pessoal do Sul tende a considerar o Nordeste como um todo homogêneo. Não é. Nem o regime de chuvas é o mesmo. Eu sou de Alagoas, em Alagoas está chovendo e no Ceará está a maior seca, e é absolutamente natural que seja assim nessa época do ano", exemplificou.

"Eu acho que é importante que o Aécio tenha em cada Estado um discurso adequado ao Estado, porque as demandas não são as mesmas, embora a região seja a mesma."

Coligações partidárias: Dilma, Aécio e Eduardo Campos

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