O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, entrou com um processo na Justiça para que o Twitter forneça os dados cadastrais de 66 usuários que, segundo a argumentação do candidato no processo, "formam uma rede virtual de disseminação de mentiras e ofensas contra o Autor (Aécio)". Ainda de acordo com o candidato, está rede seria orquestrada, "quiça paga" para denegrir a sua imagem.
Foi pedido segredo de Justiça no processo, negado pelo juiz Helmer Augusto Toqueton Amaral, da 8ª Vara Cívil de São Paulo, "porque não se constata na espécie qualquer tipo de informação sigilosa que demandase resguardo". O juiz determinou que o Twitter "deposite em Cartório a documentação contendo os dados cadastrais", que ficarão lacrados até o final do processo. O candidato terá que "apresentar relatório do que foi publicado por cada qual dos perfis indicados".
Aécio acusa ainda os usuários de utilizarem "robots nos perfis, que inserem conteúdos na rede de forma artificial" e que "há pessoa ou um grupo de pessoas remunerada(o) para veicular conteúdos ilícitos na Internet". Sobre o conteúdo, o candidato diz que "há forte empenho em propagar conteúdos que insinuam envolvimento em crimes, como enriquecimento ilícito; propriação de recursos da Saúde de Minas Gerais; agressão à namorada; crime de evasão de divisas; uso e transporte ilegal de drogas".
Entres os acusados está o crítico de cinema Pablo Villaça. Em seu blog, Villaça escreveu um texto sobre o processo: "foi com surpresa que, neste domingo, me descobri numa lista de 66 tuiteiros que o candidato à Presidência da República, sr. Aécio Neves, quer ver calados(...) um senador da República, ex-governador de Minas Gerais e um dos três principais presidenciáveis do país (ok, ele é o terceiro) está buscando intimidar cidadãos que se atreveram a criticá-lo".
O jornalista Paulo Nogueira também comentou o processo em que seu site, o Diário do Centro do Mundo, foi incluído: "nossos problemas com o senhor (Aécio) residem apenas no campo das ideias. Não fabricamos fatos, não inventamos coisas que o constranjam, porque não é este o tipo de jornalismo que praticamos. Mais que isso: não fazemos acusações levianas e irresponsáveis como as que o senhor fez contra nós".
Por meio de nota, a coligação Muda Brasil, da qual Aécio faz parte, informou que "por equívoco, foram incluídos na lista perfis reais, cuja atuação não se confunde com as ações criminosas que estão sendo identificadas. Esses nomes serão excluídos da ação, uma vez que manifestação de opinião não se confunde com ações ilegais de calúnia e difamação".