Que passou? Eleitores de BH explicam derrota de Aécio em MG

A reportagem do Terra ouviu moradores da capital mineira sobre a derrota de Aécio Neves em sua terra natal por uma diferença superior a 500 mil votos

27 out 2014 - 18h01
(atualizado em 29/10/2014 às 12h02)
<p>Paola e Luiz Fernando, jornalistas</p>
Paola e Luiz Fernando, jornalistas
Foto: Janaina Garcia / Terra

O resultado perante a candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) nas eleições presidenciais de 2014 não representou apenas a segunda derrota na carreira do senador mineiro Aécio Neves (PSDB) – que, em 1992, ainda no PMDB, perdera a prefeitura de Belo Horizonte para o petista Patrus Ananias. O percentual de 51,64% dos votos obtido pela petista ante 48,36% do tucano abarca ainda a derrota de Aécio em seu Estado natal, o qual, além de representar atualmente no Senado, já governou por dois mandatos consecutivos.

A reportagem do Terra conversou com eleitores mineiros em um dos locais mais tradicionais de Belo Horizonte: a  Praça da Liberdade, na zona sul da cidade, construída no final do século 19 e cenário das primeiras secretarias de Estado e do Palácio da Liberdade, antiga sede do governo estadual.

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A pergunta a todos os entrevistados foi a mesma: por que, na opinião deles, o senador e ex-governador reeleito perdera justamente em Minas Gerais – por 51,3% a 48,6%? Em votos, a diferença entre Aécio e Dilma ficou pouco acima dos 500 mil eleitores em todo o Estado; em Belo Horizonte, porém, o tucano levou a melhor: obteve 64,3% dos votos, contra 35,7% da petista.

Confira, a seguir, as respostas.

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Diego e Francisco, publicitários
Foto: Janaina Garcia / Terra
Na verdade, ele fez em Minas um governo que não é exatamente da forma como ele mostrou na propaganda eleitoral da eleição que acabou. A gestão com prioridade a grandes empresas e questões que não eram tão divulgadas pela mídia mineira, como o aeroporto de Cláudio (pista construída na fazenda de um parente de Aécio), mas que vieram à tona na campanha, além da forma como  ele tratou os servidores estaduais da Educação acabaram sendo decisivos na escolha dos mineiros – eles sabem que o tal “choque de gestão” não passou de publicidade.

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Luiz Fernando Campos, 35 anos, jornalista

O piso salarial dos professores em Minas é uma vergonha. A carga tributária nossa também é um absurdo de alta. Some isso a uma forte cultura de governar para o empresariado, mais a falta de apoio de movimentos sociais, que esses números da campanha no Estado terão, sim, uma justificativa.

Paola Oliveira, 27 anos, jornalista

João Gomes, aposentado
Foto: Janaina Garcia / Terra
A família mineira é muito tradicionalista, portanto, acredito que houve uma repulsa dela ao tom muito agressivo usado pelo candidato na campanha contra a adversária. Além disso, ele segue uma lógica liberal que não me parece algo tão fácil de ser aceito no interior. Além disso, o mineiro é conservador, acaba se influenciando por boatos que supostamente revelem hábitos pessoais dos candidatos.

Henry Colombi, 18, estudante de direito

Em BH o Aécio ganhou. Eu mesmo acredito nele, então, não foi bem o resultado que eu queria. Eu desejava mudanças – de pessoa no comando, mesmo. Acho que as pessoas se acomodaram e ficaram com medo de perder benefícios sociais. Se a Dilma fizer metade do que se propôs a fazer, já está bom. Só não concordo em se dar o leite e não a vaca – ou seja, em se proporcionarem os fins, não os meios para as pessoas deixarem a pobreza.

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Selma Lamounier, 63 anos, esteticista

O Aécio perdeu porque os acomodados não queriam perder seus benefícios (via programas de transferência de renda). Não queriam perder a vida fácil.

Marco Túlio Lamounier, 68,comerciário

Henry, estudante de direito
Foto: Janaina Garcia / Terra
Aécio perdeu porque o mineiro não sabe votar – para mim, ele era o melhor candidato. Se o cidadão for incompetente para escolher, não adianta ter um bom nome disputando.

João Gomes, 75 anos, aposentado

Acho que ele perdeu porque o povo de Minas sabe que nem tudo que o candidato dizia que deu certo por aqui era verdade – a Educação estadual que o diga. E na época em que ele foi governador não saía tudo que era errado na imprensa daqui; agora, em uma campanha nacional, a visibilidade até para essas coisas é outra.

Diego Neves, 32 anos, publicitário

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Acredito que as redes sociais influenciaram bastante e favoreceram menos o senador do que a presidente. Isso, na minha opinião, foi decisivo na comparação entre um e outro até para quem é eleitor em Minas.

Francisco da Cunha Sousa, 22 anos, publicitário

Fonte: Terra
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