Se perder, PSDB será oposição, afirma Aécio

Presidenciável subiu o tom das críticas a Marina e pontuou que esse será o único caminho para seu partido, em caso de naufrágio nas urnas em outubro

10 set 2014 - 18h04

O candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) afirmou, nesta quarta-feira, que se perder as eleições, só restará ao seu partido a oposição: “o PSDB tem duas opções nessa eleição: ou vence e é governo, ou perde e é oposição”. O tucano foi irônico ao comentar as insistentes declarações de sua adversária Marina Silva (PSB) de que irá governar com os melhores do PSDB e até mesmo do PT, caso eleita: “temos um time qualificado em todas as áreas participando de nossa campanha. Então eu não conheço aqueles com quem a Marina vai governar”.

<p>Aécio Neves é entrevistado no Museu de Arte do Rio (MAR)</p>
Aécio Neves é entrevistado no Museu de Arte do Rio (MAR)
Foto: Divulgação

Durante quase duas horas de conversa com jornalistas numa sabatina promovida pelo jornal O Globo, no Rio, Aécio elevou o tom das críticas a Marina – que hoje aparece em segundo lugar nas pesquisas, enquanto o tucano amarga um distante terceiro lugar. Ele não poupou a adversária e foi incisivo ao criticar seu discurso: “essa negação absoluta de partidos pode gerar insegurança muito grande. Como se constrói maioria? Só com sorriso? Será que ela pensa em governar com o terceiro time do PSDB?”, provocou.

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Em vários momentos, o candidato lembrou as mudanças constantes que Marina tem feito em seu programa de governo. “Não quero ter que fazer erratas em função de determinadas pressões”, disparou seguidas vezes em alusão ao fato de a socialista ter recuado em questões polêmicas na cartilha do PSB, como apoio ao casamento entre homossexuais.

Aécio fez questão de lembrar que o passado de Marina Silva é o mesmo de vários líderes políticos que ela costuma criticar: o PT. “Não vejo ela se lembrar dos seus 24 anos de militância no PT. Não foram 24 dias, foram 24 anos!”.  

Na entrevista, realizada no Museu de Arte do Rio (MAR), na prosaica zona portuária da cidade, Aécio, que patina nas pesquisas, com cerca de 15%, mostrou que sua estratégia nesta reta final será a de manter os ataques. Alvo preferencial, a presidente Dilma Rousseff foi duramente criticada, assim como o PT. “Vamos fazer justiça ao PT. No descompromisso com a ética, eles são imbatíveis. O governo da presidente Dilma não tem mais autoridade política nem moral”, disparou.

Para o tucano, a partir do segundo mandato do então presidente Lula, os pilares da economia brasileira foram flexibilizados, chegando, agora, ao que ele classifica como “o pior dos cenários possíveis”. Aécio arriscou uma espécie de “discurso do medo” ao afirmar que sua eleição trará serenidade à economia, enquanto que “as incertezas, com a Dilma, serão ainda maiores se ela for reeleita”. O político mineiro chegou a dizer que, em caso de vitória do PSDB, “um clima de maior otimismo” seria instalado no mercado.

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Aécio voltou a afirmar que é contra a reeleição: “não morreria de amores por um segundo mandato”. Questionado se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) errou ao aprovar esse instrumento, ficou visivelmente irritado: “a reeleição foi votada para governadores e prefeitos também”, alegou.

“A atual presidente da República desmoralizou a reeleição. Não há limite entre o público e o privado”, o que ficaria provado, segundo ele, no uso da máquina na campanha eleitoral.

‘Nem sei onde é a casa do Paulo Maluf’

Os danos da não aprovação de uma reforma política permearam boa parte da sabatina. Questionado pelo colunista Ancelmo Gois se acredita ser possível governar sem “ter que ir à casa do Paulo Maluf”, declarou: “se não acreditasse que fosse eu nem seria candidato”. E emendou, rindo: “eu nem sei onde é a casa do Paulo Maluf”. Em 2012, o presidente Lula foi até a residência do deputado federal, que é do PP, agradecer a adesão à campanha do então candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. O gesto desagradou boa parte do eleitorado petista e causou mal-estar na coligação.

Em terceiro lugar até mesmo em seu Estado, Minas, onde sempre foi majoritário, disse que não tem mágoas do eleitor mineiro. “Vou virar o quadro lá. Os três candidatos a presidente, pelas minhas pesquisas, estão praticamente empatados no Estado”. Sobre as denúncias contra seus aliados e o chamado “mensalão mineiro”, disse que os culpados devem ser punidos, mas defendeu que erros pontuais de alguns não podem ser comparados ao mensalão “orgânico (do PT), que levou à prisão dos principais dirigentes do partido”.

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Saia justa e recuo

Aécio, que a certa altura disse ser favorável à liberdade de imprensa e expressão, se viu numa saia justa ao ser questionado pelo fato de estar processando tuiteiros que teriam-no criticado. Segundo ele, um advogado que atua no caso foi o responsável por incluir no processo pessoas “de forma errada”, que já teriam sido retiradas da ação. Para se defender, afirmou que “existem quadrilhas agindo na internet” contra ele.

O candidato reforçou a defesa de pontos polêmicos de sua cartilha de governo, como redução da maioridade penal para crimes hediondos; a criminalização do aborto e a posição contrária à legalização da maconha. No entanto, recuou no discurso com relação a este último tema, dizendo que não irá cercear esse debate na sociedade brasileiro, caso seja eleito. 

Fonte: Especial para Terra
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