Uma das principais lideranças do bloco partidário de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no Senado e também expoente da bancada ruralista disse nesta sexta-feira que o poderoso setor do agronegócio do país é pragmático e vai se adaptar a uma eventual vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O senador Wellington Fagundes (PL), reeleito no domingo pelo Mato Grosso, maior estado produtor de grãos do Brasil, disse à Reuters que espera que Bolsonaro conquiste a reeleição porque sua diretrizes políticas são as melhores para o Brasil.
Mas uma mudança de governo não seria o fim do mundo para o setor, um dos maiores exportadores de alimentos do mundo.
"Os agricultores vão pular no colo de Lula depois da eleição. Eles são muito pragmáticos", disse Fagundes, veterinário que é parlamentar há mais de 20 anos nas duas Casas Legislativas do Congresso, comentando a hipótese de vitória do petista.
Fagundes disse acreditar que Bolsonaro vai abrir mão do poder sem contestar o resultado do segundo turno no dia 30 de outubro se Lula vencer.
"Ele ataca o sistema eleitoral porque é um provocador", disse o senador sobre as ameaças de Bolsonaro contra a democracia e suas declarações de que o sistema de votação eletrônica está aberto a fraudes.
Lula foi o mais votado no primeiro turno das eleições domingo, com 48,43% contra 43,20% de Bolsonaro.
A votação do presidente surpreendeu analistas aproveitando uma onda crescente de sentimento conservador no país. Suas visões pró-armas e políticas contra os indígenas e as reivindicações de terras fizeram dele o queridinho do setor do agronegócio.
Fagundes disse que o resultado do primeiro turno mostrou vigor de Bolsonaro e, com a gama de apoios que tem conseguido, tem condições de virar no dia 30. "Só depende dele para ganhar", afirmou o senador, para quem o atual chefe do Executivo está mais sintonizado hoje em dia com o sentimento da população.
O PL, partido de Fagundes e de Bolsonaro, já deu suporte nos dois governos de Lula, indicando na ocasião o vice-presidente José Alencar.
Congresso
A legenda de direita que agora abriga o presidente emergiu da eleição como a maior bancada em ambas as Casas Legislativas do Congresso.
Fagundes afirmou que o partido poderá, sim, trabalhar para indicar um nome para disputar a presidência do Senado, mas essa discussão ainda não ocorreu internamente porque o foco da legenda por ora é reeleger Bolsonaro.
A ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, eleita senadora pelo PP do Mato Grosso do Sul, é um dos nomes cotados para concorrer ao cargo, segundo o líder parlamentar.
Uma das articulações em campo, segundo uma fonte do comando do PL, é filiar Tereza Cristina ao partido para disputar o comando do Senado contra o provável candidato à reeleição, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Fagundes disse que as chances de outro aliado de Bolsonaro, a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves, eleita senadora pelo PL do Distrito Federal, disputar o comando do Senado pelo partido são "zero".
(REUTERS AC)