SÃO PAULO - Bolsonaristas têm explorado vídeos de Ciro Gomes (PDT) com críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para atacar o petista nas redes sociais. As imagens já foram compartilhadas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), o filho 03 do presidente Jair Bolsonaro (PL), e por ministros como Fábio Faria, das Comunicações, e o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional.
Em discurso, Ciro diz que Lula é quem "financia o gabinete do ódio mais picareta, mais desonesto de toda a história do Brasil" e que o PT se tornou "uma organização criminosa". Só no perfil do Twitter de Fábio Faria são mais 162 mil visualizações, 16 mil curtidas e 4,2 mil compartilhamentos até as 12h desta terça-feira, 13.
"Com a palavra, Ciro Gomes…", diz o ministro. Eduardo Bolsonaro, por sua vez, iguala o PT ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e cita uma fala do pedetista: "Não podemos entregar a Presidência e o governo de São Paulo para essa gente".
Com a palavra, Ciro Gomes… pic.twitter.com/0kyErknhGp
— Fábio Faria (@fabiofaria) September 12, 2022
Políticos como o deputado estadual Ricardo Arruda (PL-PR) e a deputada federal Bia Kicis (PL-DF), candidatos à reeleição, e páginas de direita e de apoio ao ministro da Economia Paulo Guedes ecoaram as publicações nas redes. Procurada, a campanha de Lula não quis se manifestar.
O objetivo dos bolsonaristas ao reproduzirem as falas de Ciro — um candidato da centro-esquerda — é tentar se aproximar de um eleitorado mais jovem, de centro e indeciso, segundo o diretor da Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV (FGV ECMI), Marco Aurélio Ruediger. "Eles querem usar Ciro como uma testemunha ocular que viveu aquilo e se colocou contra. Mas essa estratégia não vai funcionar porque a polarização está em um grau absurdo", diz. Ciro foi ministro da Integração Nacional no governo de Lula, de 2003 a 2006.
Entre a opção de dois projetos políticos como o de Lula e o de Bolsonaro, Ruediger afirma que a tendência dos eleitores de centro é votarem no Lula, como "voto útil". "Nas redes, a gente vê um aumento crescente da interação do centro com a esquerda. A direita é mais engajada, mas tem dificuldade de penetrar em outras bolhas", diz.