Apontado pelos principais institutos de pesquisas de intenção de voto como favorito para ganhar a eleição para o governo do Amazonas no 1º turno, o senador Eduardo Braga (PMDB) não teve “vida fácil” no último dia 5 de outubro e venceu o seu adversário, o atual governador do Estado, José Melo (PROS), com uma diferença de pouco mais de mil votos. Confira a entrevista que Braga concedeu ao Terra:
Terra - O senhor ficou surpreso por não ter sido eleito já no primeiro turno?
Eduardo Braga -
Na verdade, tivemos duas vitórias históricas nessas eleições. Vencemos o primeiro turno das eleições. Depois, é primeira vez na história do Amazonas que a oposição consegue levar uma eleição para o segundo turno. Aliás, é a primeira vez que temos segundo turno em uma eleição para o governo do Amazonas.
Terra - Quais as principais dificuldades que o senhor tem encontrado nesta campanha?
Eduardo Braga -
O uso da máquina pelo atual governo tem sido descabido, absurdo. No dia das eleições, vimos carro de polícia transportando eleitores, compra de votos, entre outros casos. A polícia e a Secretaria de Educação, principalmente, foram transformadas em verdadeiros partidos políticos.
Terra - O senhor acredita que tem munição suficiente para enfrentar seu adversário, que inclusive já foi seu secretário de governo (de 2006 a 2010)?
Eduardo Braga -
Na verdade, meus adversários tomaram um caminho diferente assim que eles assumiram o poder. Por isso, hoje eu sou oposição por não concordar com a forma como eles estão governando. Hoje o que temos é uma gestão lenta e as coisas andam devagar. O Amazonas tem que voltar a crescer e a vida do nosso povo tem que melhorar. Não podemos ficar nesse marasmo esperando que as coisas aconteçam. Temos que trabalhar, temos que ser inovadores, ousados, enfim, temos que avançar na economia, na geração de empregos, na educação, na saúde, na segurança pública.
Terra - A imagem de alguns parlamentares amazonenses que marcham em sua coligação (que no passado recente o criticavam abertamente) teria contribuído para uma perda de votos? O que muda para o segundo turno?
Eduardo Braga -
Não acho que a imagem de parlamentares da nossa coligação me tirou nenhum voto. E para o segundo turno, vamos continuar apresentando nossas propostas. Temos um projeto político, econômico e social para o Amazonas, o que não vejo no meu adversário.
Terra - Nos dias que antecederam o pleito no Estado, as polícias Civil, Militar e Federal prenderam pessoas com dinheiro que seriam usados em “boca de urnas” em Manaus e nos interiores. A Polícia informou que algumas pessoas ligadas ao senhor foram detidos com grande quantia em dinheiro. Foi esquema político para tentar manchar a sua imagem?
Eduardo Braga -
Isso é uma inverdade. Lemos isso numa matéria cuja fonte era um delegado da Polícia Civil que está fazendo campanha para o governador José Melo. Todo mundo no Amazonas sabe que boa parte da Polícia está trabalhando ostensivamente na campanha do meu adversário. Nessa mesma matéria não foram citadas as prisões de uma empresária com R$ 160 mil em Parintins e do prefeito de Anamã que foi preso com R$ 70 mil, ambos aliados do atual governador. As pessoas ligadas a nossa coligação todas provaram a origem e o destino do dinheiro que portavam. Já os partidários contrários...
Terra - Como resgatar a confiança dos policiais militares em todo o Estado? Eles têm falado mal de sua postura enquanto foi governador do Amazonas? Por que partiram com essas acusações contra o senhor? O que fazer para melhorar essa relação?
Eduardo Braga -
Tenho o maior respeito pela Polícia Militar do Amazonas. Sei que a grande maioria dos policiais é honesta. É preciso premiar o bom policial e punir o mau PM. Mas não podemos deixar uma maçã podre estragar todo o resto. O problema é que a atual administração fez o contrário. Nomearam policiais fichas sujas para o comando da Polícia da Militar. Isso não é correto.
Terra - Quais os principais desafios deixados pelo atual governo que o senhor vai enfrentar a partir de janeiro, caso eleito?
Eduardo Braga -
Não construíram uma policlínica, um SPA (Serviço de Pronto Atendimento) em Manaus. Deixaram as filas de madrugada para marcar consultas e exames voltar. As filas para cirurgias eletivas também. Não construíram uma avenida para resolver o problema de mobilidade urbana na capital. Não concluíram, por exemplo, a avenida das Torres. Abandonaram o interior. Agora, às vésperas das eleições, passaram uma camada fina de asfalto em algumas cidades, tentando enganar a população que não suporta mais o estado de abandono instalado no interior do Amazonas.
Terra - Alguma proposta do atual governador poderá ser avaliada pelo seu governo? O que pode permanecer do atual governo na sua gestão em 2015?
Eduardo Braga -
Vários programas e projetos em execução atualmente são viáveis. O que é preciso é melhorar a gestão deles.
Terra - No seu governo a rodovia BR-319 (Transamazônica) sairá do papel? Pode ser construída uma nova ponte Manaus- Careiro? Há recurso para isso?
Eduardo Braga -
A BR-319 é uma prioridade. Vamos lutar para que o licenciamento seja concedido. Caso ela seja finalmente liberada e saia do papel, é viável, sim, a construção de uma ponte sobre o rio Solimões. Será a ligação definitiva do Amazonas com o resto do país por via terrestre.
Terra - Caso eleito, sua relação com o prefeito de Manaus Arthur Neto (PSDB) será à distância ou poderá firmar uma "ação conjunta" com o Tucano?
Eduardo Braga -
Um governador tem que dialogar com o prefeito da capital do Estado. Não terei problema nenhum em trabalhar com o prefeito de Manaus, quando os interesses do povo do Amazonas estiverem em jogo. A principal razão para estar na política é para melhorar a vida do povo. E, para isso, qualquer outro interesse fica em segundo plano.
Terra - Por que o senhor acredita que merece o voto da população amazonense?
Eduardo Braga -
Temos a experiência e a vontade de renovar. Por isso convidei a Rebecca Garcia (deputada federal) para ser minha vice-governadora. Construímos um programa de governo com a participação de toda a sociedade amazonense. Fomos a todas as cidades e ouvimos o povo. Tivemos também a participação das universidades e de especialistas em cada área. Temos o melhor e mais viável projeto de desenvolvimento social e econômico para o Amazonas.