Barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-governador José Roberto Arruda (PR) decidiu neste sábado (13) renunciar à candidatura ao governo do Distrito Federal (DF). No seu lugar, serão anunciados o atual candidato a vice, Jofran Frejat (PR), ao lado da mulher de Arruda, Flávia Peres (PR).
O candidato teve seu registro negado com base na lei da Ficha Limpa, por ter sido condenado em um processo relacionado ao escândalo que ficou conhecido como Mensalão do DEM. Ele ainda planejava um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas a chapa poderia ser colocada em risco caso não fosse anunciado substituto até o prazo de 20 dias antes da eleição, na próxima segunda-feira.
Antes de ter a candidatura barrada, ter sido preso e gravado recebendo dinheiro, Arruda liderava as pesquisas de intenções de voto para o governo do Distrito Federal. Em pesquisa Datafolha divulgada no último dia 10, o candidato do PR tinha 37% dos votos, à frente do atual governador, Agnelo Queiroz (PT), que somou 19%, e do senador Rodrigo Rollemberg (PSB), com 18%.
A entrada da mulher de Arruda como candidata à vice-governadora será uma tentativa de transferir os votos do ex-governador para a nova chapa. O candidato do PR, apoiado pelo também ex-governador Joaquim Roriz, se apresentou na campanha eleitoral como vítima de um golpe que interrompeu as obras que fazia durante seu mandato.
Adeus à vida pública
Em comício realizado para o anúncio da desistência de sua candidatura, Arruda disse ainda que este seria o seu "último gesto" como político. "Em meu último gesto da vida pública, eu te passo o bastão", afirmou o candidato a Frejat. Logo após a afirmação, sua esposa Flávia Peres fez sinais de negação com as mãos, evitando levar o anúncio de despedida a sério.
O mensalão do DEM
O chamado mensalão do DEM - cujos vídeos foram divulgados no final de 2009 - é resultado das investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O esquema de desvio de recursos públicos envolvia empresas de tecnologia para o pagamento de propina a deputados da base aliada.
O então governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) aparece em um dos vídeos recebendo maços de dinheiro. As imagens foram gravadas pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, que - na condição de réu em 37 processos - denunciou o esquema por conta da delação premiada. Em sua defesa, Arruda afirmou que os recursos recebidos durante a campanha foram "regularmente registrados e contabilizados". Em meio ao escândalo, ele deixou o Democratas.
As investigações da Operação Caixa de Pandora apontam indícios de que Arruda, assessores, deputados e empresários possam ter cometido os crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa, fraude em licitação, crime eleitoral e crime tributário.
Acusado de tentar subornar o jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra, testemunha do caso, Arruda foi preso preventivamente em fevereiro de 2010, por determinação do Superior Tribunal de Justiça, que ainda o afastou do cargo de governador. Ele ficou preso por dois meses e, neste período, teve o mandato cassado por desfiliação partidária.