Bolsonaro critica demarcação de terras indígenas: 'É o fim da nossa economia'

Candidato à reeleição, presidente se diz contra medida um dia depois da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva declarar apoio a Lula

13 set 2022 - 14h50

SOROCABA - O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta terça-feira, 13, em Sorocaba, interior de São Paulo, que demarcar novas terras indígenas no Brasil será o fim da economia do país. "O pessoal tem que ver o que os candidatos pretendem fazer e falam de forma bastante clara. Dobrar a área indígena que está demarcada no Brasil é o fim da nossa economia, é o fim da nossa segurança alimentar", disse. Candidato à reeleição, o presidente, que em seu governo paralisou a demarcação de terras indígenas, abordou o assunto um dia depois que Marina Silva (Rede-SP) anunciou apoio ao candidato do PT à Presidência da República, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A ex-ministra do Meio Ambiente de Lula, que se desligou do PT, entregou à campanha do petista um elenco de reivindicações, entre elas a retomada e conclusão da demarcação de terras indígenas e territórios quilombolas em todo o país. Bolsonaro lembrou o cenário internacional, com a guerra entre Rússia e Ucrânia, para defender o agronegócio brasileiro, segmento que mais o apoia, e que é refratário à demarcação de terras indígenas. "Compare o Brasil com o mundo. A Europa está com o fantasma do desabastecimento. Está chegando o inverno e se a questão do conflito da Rússia e Ucrânia não for resolvida, a Europa vai passar fome", disse.

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Ele afirmou que o Brasil é uma potência em alimentos e energia. "Fizemos o melhor governo possível. O Brasil cresceu mesmo com os problemas que tinha pela frente", disse, repetindo que, mesmo com a pandemia, o país não parou. "O mundo todo teve sua economia desajustada. O Brasil é uma exceção nesse quadro mundial. O Brasil é uma potência em alimentos e energia."

O presidente desembarcou no aeroporto de Sorocaba acompanhado pelo candidato a governador, ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), e pelo candidato ao Senado, Marcos Pontes (PL), que também compôs seu ministério. À frente de uma motociata, na companhia do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), ele percorreu as principais ruas da cidade, escoltado pela Polícia Militar, passando por vários bairros. Manga, que não é candidato nesta eleição, usou as redes sociais para convocar a população para o comício e discursou no palanque.

Eleições 2022

Na praça central da cidade, saudado pelos apoiadores, Bolsonaro ocupou o palco montado nas escadarias da Catedral católica e voltou a citar um Brasil sem problemas e crente em Deus, discurso ao gosto de seu eleitorado mais fiel. "Inflação em baixa, PIB em alta, desemprego em baixa, violência em baixa. Todos os números são positivos em nosso governo. Temos um governo hoje em que o presidente acredita em Deus, defende a vida desde a sua concepção, não quer conversa com o aborto e não aceita liberar drogas, não quer ideologia nas escolas e defende a propriedade privada."

Como em outros discursos, Bolsonaro lembrou a facada e sua sobrevivência para "cumprir a missão que Ele me deu", atacando Lula, seu principal adversário. "Temos um mal pela frente, um capeta que quer impor o comunismo no Brasil, uma pessoa que foi liderança mundial em corrupção, que nada deixou de bom para o país, lá atrás um ex-presidente que nunca respeitou a família brasileira." Depois lembrou que Lula é amigo do ditador Daniel Ortega, da Nicarágua, que "está prendendo padres, fechando rádios e televisões católicas e expulsando freiras".

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Bolsonaro encerrou o discurso afirmando sua certeza de "vencer no primeiro turno". Pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 12, mostrou que sua candidatura está estagnada em 31%, enquanto Lula avançou dois pontos porcentuais, para 46%, dentro da margem de erro. "Nós não sairemos do Brasil, quem tem que sair do Brasil é quem não quer a liberdade do seu povo", disse. Nesta quarta-feira, 14, de manhã, Bolsonaro repete a agenda em Presidente Prudente, com motociata a partir do aeroporto e comício no Parque do Povo.

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