Bolsonaro e Lula apagaram tuítes em que trocam ataques e repetem desinformação

Nesta semana, apoiadores de Bolsonaro usaram a visita do petista ao Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, para associá-lo a facção

14 out 2022 - 16h52
(atualizado às 17h26)
Foto: Diego Nigro/Jonathan Luis / Reuters

Os dois candidatos à Presidência que disputam o segundo turno tentaram esconder dos eleitores publicações de suas redes sociais em que atacaram adversários ou exageraram dados desde o início da campanha eleitoral, em 16 de agosto.

  • Juntos, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) apagaram 65 tuítes, dos quais metade (32) continha ofensas ou informações enganosas;
  • O candidato à reeleição tirou 30 postagens do ar, das quais 11 faziam ataques a opositores e 12 reproduziam desinformação;
  • Entre os tuítes deletados por Bolsonaro, cinco associavam Lula ao crime organizado. Em outros seis, o presidente acusou a esquerda de defender criminosos ou perseguir religiosos;
  • Já o petista apagou 35 postagens, das quais 8 com ataques a Bolsonaro;
  • Lula disseminava desinformação em apenas uma postagem apagada. O tuíte tratava do desmatamento em seu governo, reproduzindo fala dita durante debate na Globo.

Os tuítes de Bolsonaro que associavam Lula a facções criminosas foram apagados após decisões da Justiça Eleitoral.

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No final de semana do primeiro turno, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, mandou o presidente e outros políticos e influenciadores apagarem posts que tiravam de contexto suposto áudio de integrante do PCC para afirmar que a facção pedia voto em Lula. Ainda em junho, o magistrado havia mandado excluir outras postagens que faziam falsa associação entre a facção e o PT.

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Apesar das decisões, Bolsonaro voltou a tuitar sobre o tema na semana seguinte ao primeiro turno. "É preciso estar atento aos sinais. O apoio maciço de presos e de chefe de facção ao Lula não é mera admiração", escreveu no sábado (8), em referência ao áudio enganoso. A publicação ficou menos de 24 horas no ar.

A narrativa de associação de Lula e o PT ao crime foi uma das principais desinformações dessas eleições, conforme mostrou reportagem do Aos Fatos. Nesta semana, apoiadores de Bolsonaro usaram a visita do petista ao Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, para voltar a associá-lo falsamente a facções criminosas.

O presidente também acatou decisões judiciais ao excluir sete postagens que usavam imagens dos atos de sete de setembro e duas com trechos de seu discurso na ONU. Em ambas as ocasiões, Bolsonaro mentiu sobre casos de corrupção e inflou ações no desenvolvimento de políticas de infraestrutura e de políticas sociais no seu governo.

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O TSE havia mandado apagar as publicações por considerar que o presidente estava fazendo uso eleitoral dos eventos oficiais.

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Outras postagens que mostravam Bolsonaro em encontros com apoiadores também foram apagadas. Não estão mais disponíveis tuítes do presidente com trechos da festa de Barretos (SP) que participou — alvo de ação movida pelo PDT, mas rejeitada pelo TSE — nem de motociatas realizadas em Prudentópolis (PR) e Imperatriz (MA).

Já o petista excluiu uma publicação com link para live realizada com artistas no dia 26 de setembro, que foi alvo de ação por parte da campanha de Jair Bolsonaro, que o acusou de fazer showmício, o que é proibido pela Lei Eleitoral. O vídeo também foi removido do YouTube.

Vídeos excluídos. Além de tuítes, também foram tirados do ar 23 vídeos dos candidatos à Presidência desde o início da campanha. A maioria (17) foi removida pela plataforma por violação de direitos autorais de empresas privadas. O presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, havia publicado no YouTube a íntegra de sua entrevista ao Jornal Nacional, conteúdo que pertence à Globo.

Quatro vídeos, no entanto, foram ocultados pelos próprios candidatos. Bolsonaro tornou privada a íntegra de seu discurso na ONU, e propaganda eleitoral que usava trechos de atos do 7 de Setembro, também acatando decisão judicial.

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No canal de Lula foi excluída propaganda eleitoral que usava trecho de entrevista do Jornal Nacional, da Globo, para atestar sua inocência. A emissora pediu à campanha que o vídeo fosse retirado do ar.

A campanha petista também optou por retirar do ar um vídeo de 2019 com o título "URGENTE: Polícia Federal invade cela de Lula às 6 horas da manhã". Na legenda, o canal se referia à Lava Jato como uma "quadrilha".

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O Radar Aos Fatos procurou as candidaturas para saber os motivos das exclusões, mas não teve resposta até a publicação da reportagem.

METODOLOGIA

O Radar Aos Fatos mantém um monitoramento de todos as publicações dos candidatos à presidência. A reportagem comparou as publicações coletadas com as que ainda estão disponíveis nos perfis de Lula e Bolsonaro no Twitter e YouTube, separando aqueles que não estavam mais no ar. Então, esses conteúdos foram analisados pela presença ou não de desinformação ou ataque e suas temáticas.

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