O presidente Jair Bolsonaro (PL) gravou vídeos para pedir doações para financiar sua reeleição, em um momento em que sua campanha enfrenta dificuldades de financiamento.
"Nosso partido cresceu e muito, e nós precisamos obviamente de recursos para fazer com que cresça ainda mais. Quem puder colaborar peço que entre no site", disse Bolsonaro em vídeo distribuído por sua campanha. "Não interessa o quanto você possa doar. Interessa que venha do coração para o bem do nosso Brasil."
O material será distribuído nas redes sociais do PL e as doações estão sendo direcionadas também para o partido, já que a campanha ainda não tem identidade jurídica.
De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, apesar de um fundo eleitoral de 286 milhões de reais, o PL precisa ainda de doações para bancar a candidatura do presidente --este ano muito mais cara do que em 2018, já que o partido precisa ressarcir a União com gastos com avião presidencial, segurança etc.
"Em 2018 o partido elegeu cerca de 40 deputados. Hoje tem o dobro disso para financiar", disse uma das fontes.
São ainda 12 candidatos ao Senado pelo partido, 13 a governos estaduais, novos candidatos a deputados federais, estaduais e distritais. E a prioridade do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, além da reeleição de Bolsonaro, é eleger a maior bancada possível no Congresso.
De acordo com uma das fontes ouvidas pela Reuters, na entrada de Bolsonaro no PL, em 2021, foram feitas algumas doações de valor pequeno que ajudaram a bancar os gastos de pré-campanha. Hoje, o partido não teria os 88 milhões para a campanha presidencial previstos como teto pela lei eleitoral para o primeiro turno, e muito menos mais 44 milhões para o segundo turno. As doações seriam para alcançar esse valor sem ter que tirar recursos das campanhas estaduais.
Até agora, o partido vinha enfrentando resistências em conseguir arrecadação --que, por lei só podem ser feitas por pessoas físicas.
Segundo outra fonte ouvida pela Reuters, dirigentes partidários e representantes da equipe da pré-campanha têm promovido encontros e jantares para tentar arrecadar recursos para a campanha. Mas, mesmo eventos envolvendo representantes do agronegócio, setor com que o governo tem forte identificação, vinham enfrentado dificuldade de arrecadação.
Uma das razões seria uma resistência dos doadores em repassar recursos diretamente para o PL, preferindo esperar a campanha começar e doar diretamente a Bolsonaro.
Os vídeos gravados pelo presidente são uma forma de tentar minimizar essa resistência. No entanto, o próprio Bolsonaro relutava em gravá-los e só o fez depois de muita insistência de Valdemar Costa Neto.
Com um gasto registrado de apenas 2,8 milhões para se eleger em 2018, Bolsonaro resiste a acreditar na necessidade de uma campanha mais cara nessa eleição. No entanto, como presidente em exercício, os gastos de deslocamento e segurança são muito mais altos.
É obrigação do partido ressarcir a União pelo uso dos aviões presidenciais, pagamento de diárias de seguranças e assessores, estrutura de segurança, entre outras despesas.
Além disso, com três vezes o tempo de TV que teve em 2018 e atrás nas pesquisas eleitorais, Bolsonaro precisa de uma estrutura de campanha muito maior desta vez. Nessa conta entra, por exemplo, a contratação de dois marqueteiros que preparam o material audiovisual da campanha.