O presidente Jair Bolsonaro (PL) quer defender os feitos do seu governo e falar para fora da "bolha" bolsonarista durante a entrevista que fará nesta segunda-feira, 22, à noite ao Jornal Nacional, segundo duas fontes da campanha, acrescentando que houve um trabalho para tentar evitar que caia em armadilhas.
"É o evento mais importante da campanha desta semana", resumiu um das fontes, sobre a expectativa que o QG de campanha tem em relação ao programa.
Bolsonaro não quis fazer um media training - treinamento em que um entrevistado passa por uma sabatina prévia - para que não ele não perdesse a espontaneidade e a intuição na hora de falar, disse a outra fonte. Ainda assim, nas últimas semanas ele conversou com ministros, assessores e pessoas próximas sobre quais linhas deve adotar no JN, da TV Globo.
O programa jornalístico tem uma das maiores audiências na TV aberta do Brasil, mas a TV Globo é alvo de constantes e contundentes críticas do presidente, que já chegou, inclusive, a cogitar não renovar a concessão pública da emissora.
O trabalho que tem sido feito é para que o candidato à reeleição defenda na entrevista as ações do governo e que teria sido, na avaliação das fontes da campanha, noticiada de forma tendenciosa pela emissora.
Dois filhos do presidente usaram pela manhã as redes sociais para dar o tom da ida de Bolsonaro ao JN. Tanto o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos coordenadores da campanha à reeleição dele, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), disseram que o pai vai mostrar o que a emissora procurou esconder nos últimos anos.
A segunda fonte da campanha admite que há uma grande chance de ter um conflito de Bolsonaro com os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos. Em 2018, houve uma série de atritos envolvendo o presidente.
Essa fonte disse que recomendaram a Bolsonaro tentar buscar um tom moderado, falar com o eleitorado mais amplo e evitar novos embates com os apresentadores.
O presidente também deverá enfocar na comparação da gestão dele e a dos petistas, com o intuito de reduzir a vantagem registrada nas pesquisas de intenção de voto em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conforme as fontes.
O presidente também foi "brifado" para tentar fugir de armadilhas, como criticar as urnas eletrônicas e não cair em provocações sobre uma eventual fala da gripezinha --nome a que ele se referiu à Covid-19 em março de 2020, conforme a primeira fonte. Ela avalia que, de maneira geral, Bolsonaro se sai bem em entrevistas, mas há uma preocupação com o formato da sabatina --serão 40 minutos de entrevista sem intervalo na abertura do jornal televisivo.
Bolsonaro vai estrear a série de entrevistas do Jornal Nacional com os principais candidatos ao Palácio do Planalto e ainda não confirmou se participará de outras entrevistas durante a campanha, afirmaram as fontes.