Com apenas 17 segundos no horário eleitoral, o candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, vai aproveitar o início da propaganda na TV nesta sexta-feira, 9, para fazer uma espécie de reality show de campanha no qual ele mesmo será o protagonista. Em formato de "live", o programa vai durar 24 horas. A falta de tempo na TV é vista pela campanha como uma desvantagem na corrida eleitoral.
O PSOL vai acompanhar o candidato com câmeras ao vivo desde o momento em que ele acordar, às 6h de sexta-feira, até a hora de dormir. Boulos vai aparecer comendo, se deslocando de carro pela cidade entre uma agenda e outra, participando de reuniões, falando ao telefone etc.
Os objetivos são manter o candidato em evidência e protestar contra os critérios de distribuição de tempo no horário eleitoral.
"A desproporção na distribuição dos recursos e do tempo na TV é uma desvantagem. Desvantagem que a gente tem como contrapor graças ao grande engajamento nas redes sociais do Guilherme", disse o coordenador da campanha, Josué Rocha.
Para o reality show, o PSOL montou uma agenda especial que começa com um grande ato de lançamento do renda solidária, carro-chefe do programa de governo do candidato. A ideia é dar benefícios entre R$ 300 e R$ 400 para até um milhão de famílias em situação de necessidade. O custo é estimado em R$ 3,5 bilhões e, segundo Boulos, deve ser arcado com recursos dos cofres municipais.
Na sequência, o candidato vai a uma praça pública onde deve falar e ouvir propostas e ideias da população em um microfone aberto. A ideia foi batizada "se vira nos 50", em alusão ao número do PSOL nas urnas eletrônicas.
Depois, Boulos participa de um encontro com empregadas domésticas e visita uma comunidade na zona leste. Quando finalmente o candidato for dormir, o PSOL vai exibir vídeos de campanha até 6h de sábado.
Além da falta de dinheiro do Fundo Eleitoral e tempo de TV, o PSOL está preocupado com o cancelamento dos debates eleitorais. Record, SBT, RedeTV! e CNN já desistiram dos eventos. Dirigentes do partido estão procurando as chefias das emissoras para tentar rever os cancelamentos e evitar que outros debates sejam desmarcados.
"O cancelamento dos debates é muito ruim. Pode trazer um problema democrático para as eleições, ainda mais quando o tempo na TV é dividido de maneira tão desigual", disse Rocha.