Integrantes da coordenação da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que o presidente Jair Bolsonaro (PL), adversário do petista na eleição para o Palácio do Planalto, entra na reta final do segundo turno das eleições na defensiva.
Na visão de aliados de Lula, os tiros do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) contra policiais que cumpriam ordem de prisão contra ele, neste domingo, 23, devem fazer a base bolsonarista rachar nos dias que antecedem a eleição.
A percepção de petistas é de que Bolsonaro entrou no segundo turno na ofensiva, ao conseguir fôlego maior do que as pesquisas indicavam no segundo turno. A fala sobre as adolescentes venezuelanas, no entanto, que obrigou o presidente a se explicar, é vista como um ponto de virada na campanha de Lula. O caso Roberto Jefferson, segundo um aliado do PT, mantém Bolsonaro na defensiva.
A estratégia para os próximos dias na campanha de Lula é tentar controlar a pauta - emplacando mais temas sobre economia, sem escorregar em assuntos trazidos pelo adversário - e se sair bem no debate da TV Globo, marcado para sexta-feira, 28.
Lula aparece na frente nas intenções de voto nas pesquisas, mas em cenário mais acirrado do que os petistas previam antes do primeiro turno. O clima de apreensão que contagiou a campanha na semana passada, no entanto, foi atenuado durante o fim de semana.
A despeito de o presidente tentar se descolar de Jefferson e do episódio deste domingo, petistas argumentam que o caso deve afastar de Bolsonaro os eleitores indecisos e as mulheres. A avaliação de aliados de Lula é de que Bolsonaro terá dificuldade em desvincular sua imagem do ataque de Jefferson, que se soma a situações de violência política nestas eleições e a acidentes domésticos envolvendo armas de fogo. Tudo isso, segundo um dos principais aliados de Lula, coloca em Bolsonaro o selo de violência que parte dos eleitores moderados rejeita.
São Paulo
Lula deve permanecer em São Paulo na maior parte desta semana. Ele só deixa o Estado para participar do debate organizado pela Globo, que ocorre no Rio de Janeiro. Parte de sua equipe quer que o petista se concentre para o enfrentamento direto com Bolsonaro e, enquanto isso, faça mais transmissões ao vivo com influenciadores digitais.
As "lives" demandam pouco do ex-presidente e da campanha, já que não exigem viagem na maioria das vezes, e têm tido boa repercussão na campanha. O vídeo da participação do petista no Flow Podcast, na última quinta-feira, acumulava mais de 9 milhões de visualizações até a noite deste domingo.
Por isso, aliados irão viajar em missões solo, enquanto Lula permanece com as atividades na capital. O ex-presidente terá nova reunião com a equipe de campanha nesta segunda-feira, 24, quando pode alterar os planos traçados durante o fim de semana. No fim do dia, é aguardado em evento de apoio no Tuca, teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com a participação de Joaquim Barbosa, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal.
A previsão inicial do comando da campanha é que Geraldo Alckmin (PSB), Simone Tebet (MDB) e outros aliados viagem e façam comícios em nome do petista. Caberá aos dois também capitanear iniciativas para convencer indecisos.
Na noite de domingo, Alckmin e Tebet se juntaram a Fernando Haddad, Marina Silva (Rede), Tabata Amaral (PSB) e ao economista Gabriel Galípolo para dialogar com economistas, advogados e outros representantes da sociedade civil em evento no Itaim, São Paulo. Como informou a Coluna do Estadão, Alckmin e Tebet devem viajar a Minas Gerais nesta semana, assim como Guilherme Boulos (PSOL), para fazer campanha por Lula.