⁠Candidato à reeleição no Pará comprou votos e obrigou eleitores a usarem óculos-espião na urna

Jovem foi abordada e declarou que havia recebido R$ 200 para votar em Edivaldo Borges; o valor, no entanto, só seria pago caso ela comprovasse o voto com o vídeo gravado pelo dispositivo

21 out 2024 - 10h53

No município de Ourilândia do Norte, Pará, eleitores foram flagrados usando um óculos-espião para comprovar a venda de votos. O equipamento, com uma câmera embutida, foi identificado por uma mesária, que notou o uso do item por mais de um eleitor na mesma seção. A situação envolveu diretamente o vereador Edivaldo Borges Gomes, conhecido como Irmão Edivaldo (MDB), que estaria comprando votos para garantir sua reeleição.

Os óculos, com uma microcâmera embutida, chamaram a atenção de uma mesária
Os óculos, com uma microcâmera embutida, chamaram a atenção de uma mesária
Foto: Reprodução/Fantástico / Perfil Brasil

A mesária relatou à polícia: "em determinado momento, observou um eleitor portando óculos com espessura extensa. E depois de alguns instantes, uma adolescente estava com o mesmo objeto no bolso". Ao perceber a situação, ela acionou a Justiça Eleitoral, que confirmou a presença da câmera nos óculos.

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A jovem foi abordada e declarou que havia recebido R$ 200 para votar no candidato. O valor, no entanto, só seria pago caso ela comprovasse o voto com o vídeo gravado pelo dispositivo. Após ser preso em flagrante, Irmão Edivaldo foi liberado mediante pagamento de fiança. Ele agora responde por compra de votos e associação criminosa. Mesmo diante das acusações, o vereador reassumiu seu mandato e tentou se justificar na Câmara de Vereadores.

Disputa acirrada e ameaças no Maranhão

Enquanto isso, em Nova Olinda do Maranhão, a eleição para a prefeitura se destacou como a mais disputada do país. Ary Menezes (PP) venceu com uma margem mínima de dois votos sobre Thaymara Amorim (PL). Com 50,01% dos votos, Ary foi eleito, enquanto Thaymara, com 49,99%, comemorava antecipadamente, acreditando na vitória.

A situação, porém, se agravou quando eleitores admitiram ter vendido seus votos para a chapa de Ary. Entre os denunciantes, Danilo Santos afirmou que recebeu a visita de Ary e de seus aliados, Ronildo da Farmácia (MDB), vice-prefeito, e Clecia Barros (Republicanos). Eles teriam prometido materiais de construção em troca do voto.

"Ary Menezes, com Ronildo, Cleo Barros, foram na minha casa, entendeu? Pra gente fechar um compromisso", relatou Danilo, que contou ter pedido telhas, cimento e madeira como pagamento. Segundo ele, apesar da promessa, não recebeu todos os itens e, após a eleição, a prefeitura ainda retirou as telhas de sua casa.

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A pescadora Luciane Souza Costa também sofreu pressões. Após seu marido aceitar dinheiro para votar, ela decidiu não apoiar Ary, o que resultou em ameaças. Luciane registrou vídeos de um homem, identificado pela camisa com o número de Ary, fazendo intimidações.

"Como eu não peguei o dinheiro, foi o meu marido que pegou, e eu postei nos meus 'Status' dando apoio para a minha vereadora, me ameaçaram de morte, eu, meu marido e minhas filhas", declarou Luciane, dizendo que sua família foi ameaçada caso não cumprisse o acordo.

Defesa dos acusados sobre compra de votos

Ary Menezes negou qualquer envolvimento em compra de votos e afirmou, em nota, que "a compra e venda de votos compromete a democracia do pleito e deve ser apurada pela justiça eleitoral", colocando-se à disposição das autoridades para esclarecimentos. Já Ronildo da Farmácia também se defendeu, alegando que ele e Ary realizaram uma campanha "limpa".

A defesa de Clecia Barros, por sua vez, destacou que "Clélia não tem conhecimento sobre a captação ilícita de votos apontada na reportagem", e reiterou o compromisso dela com a democracia e a honestidade na vida pública.

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