Uma discussão no Facebook entre militantes de partidos políticos foi parar na delegacia e na Justiça Eleitoral. O candidato a deputado estadual do PP, Marcel Van Hattem, registrou boletim de ocorrência neste sábado na delegacia de Dois Irmãos acusando de injúria pessoas que o chamaram de "gurizote mimado", "branquelo de m...", "fascista" e nazista no Facebook e no YouTube. O candidato postou nessas redes um vídeo no qual gritava em um megafone que a candidata do PT, Maria do Rosário, "defendia bandidos".
No vídeo, Van Hattem é confrontado por apoiadores da candidata, e um deles o chama de "fascista" e "filhote da ditadura". Ele responde com "fora PT" e dizendo que Maria do Rosário "não aguentou" o debate. Alguns palavrões e ofensas de ambas as partes são ouvidos no vídeo.
Na semana passada, o vídeo provocou comentários irônicos e agressivos nas redes sociais. "Gurizote mimado", "toma vergonha nessa cara", "não tem noção do que seja democracia", "é muito não ter o que fazer", eram alguns dos comentários que ainda estavam na página, no meio de vários outros comentários de apoio - todos respondidos pelo candidato. No sábado, Marcel Van Hattem foi até a delegacia denunciá-los por injúria. E no domingo, conclamou seus militantes a fazer o mesmo. "Vocês não acham que nós também deveríamos, de forma organizada, colher os nomes de cada uma dessas pessoas que compartilharam o vídeo com o intuito de amplificar o alcance da injúria e denunciá-las à Polícia Civil e processá-las também?", diz um dos seus posts no Facebook.
Ao Terra, Van Hattem afirmou que a denúncia na Polícia Civil serve para "dar nível" ao debate político. "Você não pode falar sobre ideias e falar aquilo que pensa, achar que xingamentos racistas poderão ser impunes. Me chamaram de nazistas, fascistas. Quando vem da esquerda, ninguém faz nada", afirmou o candidato. Em alguns comentários do post, a agressividade vem dos próprios militantes, como um "essa vagabunda" referido a Rosário. Van Hattem, porém, não considera que poderia ser processado por isso.
"Ela não desmentiu de forma alguma. Ela tem o direito de defender bandidos, eu tenho o direito de dizer o que ela defende e querer mais segurança", diz o candidato. "Nós vivemos uma ditadura do politicamente correto, não posso aceitar no momento em que eu digo uma verdade, que ela defende bandidos, eu seja o preconceituoso". Van Hattem também não vê incoerência entre criticar a "ditadura do politicamente correto" e processar seus críticos no Facebook. "Uma coisa é eu falar uma verdade e a pessoa não me desmentir. São coisas diferentes. É diferente me chamar de branquelo de m...", disse.
Um dos seus críticos falou ao Terra sobre o tema. "O candidato reproduz um discurso de ódio, de pessoas que enxergam apenados como sub-humanos. Sabemos que essa postura está por trás de episódios de violência. Se o Marcel julga aceitável traduzir a luta pelos direitos humanos em "defender bandidos", não deveria se surpreender quando reduzem suas posturas a termos inexatos, como fascista", disse o militante, que preferiu não se identificar.
A campanha de Maria do Rosário repudiou a atitude de Van Hattem, mas a candidata optou por não fazer qualquer pronunciamento oficial. A advogada da coligação Unidade Popular, Maritânia Dallagnol, afirmou que o PT fará uma representação criminal contra Marcel Van Hattem por injúria na tarde desta terça. "Há um constrangimento em relação à propaganda feita de forma legal, no espaço destinado ao PT no Brique da Redenção. Essa atitude merece ser abordada junto ao Ministério Público Eleitoral", afirma a advogada.