Descriminalização do aborto. Casamento civil igualitário. Reconhecimento de identidade de gênero. Estes são apenas alguns dos assuntos que Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) preferem deixar de lado na hora de discutir suas propostas. Seja por medo de perder o apoio de eleitores e parceiros mais conservadores, seja por ideologias pessoais ligadas à religião, os presidenciáveis dão voltas e mais voltas com as palavras quando recebem algum desses questionamentos. Pensando nisso, o Terra analisou os três programas de governo para tentar encontrar posicionamentos mais claros sobre os temas.
Dilma Rousseff
O programa da candidata à reeleição é o mais raso em relação a essas questões. O texto diz apenas que “a luta pelos direitos humanos se mantém, sempre, como prioridade, até que não existam mais brasileiros tratados de forma vil ou degradante, ou discriminados por raça, cor, credo, orientação sexual ou identidade de gênero”. Não existe, porém, nenhuma proposta concreta e nenhuma citação aos termos “aborto”, “homossexual”, “gay”, “transexual”, “homofobia” ou “LGBT".
Aécio Neves
Também bastante simples, o programa do candidato tucano faz poucas referências aos temas. Ele propõe, por exemplo, a criação de um plano para “aperfeiçoar políticas públicas relativas aos direitos humanos, em especial quanto aos setores mais vulneráveis como mulheres, crianças, idosos, afrodescendentes, LGBT, quilombolas, ciganos, pessoas com deficiências, vítimas da violência e indígenas" e sugere a “ampliação da participação da Comunidade LGBT nos debates do Programa Brasil sem Homofobia“. Da mesma forma que o texto da petista, não comenta o aborto, o casamento civil igualitário nem o reconhecimento da identidade de gênero.
Marina Silva
O programa de Marina foi alvo de uma grande polêmica nos últimos dias. Tudo porque, supostamente pressionada por membros conservadores da igreja, entre eles o pastor Silas Malafaia (que chamou o plano inicial de “vergonha pior que os do PT e do PSDB”), a candidata do PSB modificou o texto que trata dos direitos do grupo LGBT. A transformação mais significativa diz respeito ao casamento civil igualitário: onde antes estava "apoiar propostas em defesa do casamento igualitário, com vistas para a aprovação dos projetos de lei e da emenda constitucional em tramitação, que garantem o direito ao casamento igualitário na Constituição Civil" foi colocado apenas "garantir os direitos oriundos da união civil entre pessoas do mesmo sexo". Além disso, “comprometer-se com a eliminação de obstáculos à adoção de crianças por casais homoafetivos" foi modificado para "dar tratamento igual aos casais adotantes". O aborto, mais uma vez, não recebeu nenhuma citação.