O candidato Jair Bolsonaro (PL) trouxe ao debate promovido pela Rede Globo a morte do então prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), assassinado em janeiro de 2002. O caso voltou à tona depois de uma entrevista da candidata a vice na chapa de Tebet (MDB), Mara Gabrilli (PSDB), à TV Jovem Pan, em que atribui a morte de Celso ao ex-presidente Lula (PT).
Tebet não entrou na discussão e pediu para que Bolsonaro fizesse a pergunta ao próprio Lula, presente ao debate. "Candidato, pergunte ao Lula. Vamos tratar das questões do Brasil”.
Lula, que teve direito de resposta, foi mais direto. "Não é possível conviver com alguém tão cara de pau. Celso Daniel era meu amigo, um excelente gestor público. Ele seria o coordenador do meu programa de governo em 2002. Eu fui procurar o Fernando Henrique para colocar a Polícia Federal no caso. Pare de mentir que o povo não suporta mais".
A morte de Celso Daniel
Então prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel (PT) foi sequestrado em 18 de janeiro de 2002, quando saía de um jantar. O empresário e amigo Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, estava no carro com ele quando o prefeito foi rendido.
O político foi levado para um cativeiro na favela Pantanal, em Diadema (Grande ABC), e, depois, para uma chácara em Juquitiba, a 78 km de São Paulo, sendo assassinado a tiros dois dias depois.
Na época, o inquérito policial concluiu que Celso Daniel teria sido sequestrado por engano e acabou morto por uma confusão nas ordens do chefe da quadrilha. Mas a família solicitou a reabertura das investigações ao Ministério Público (MP).
As novas averiguações apontaram que a morte de Celso Daniel foi premeditada. As contradições entre as declarações de Sombra e as perícias feitas pela polícia lançaram suspeitas sobre o amigo do então prefeito.
Ele havia dito que houve problemas nas travas elétricas do carro em que os dois estavam - que era blindado, que houve tiroteio com os bandidos e que o carro morreu. A perícia da polícia desmentiu todas as alegações. O processo contra sombra foi anulado no Supremo Tribunal Federal em 2014 e dois anos depois ele morreu.