Candidata do MDB à Presidência da República, a senadora Simone Tebet encerra nesta sexta-feira (26) a série de entrevistas do Jornal Nacional, da TV Globo, com presidenciáveis. Aos Fatos checa em tempo real as suas declarações. A transcrição da entrevista é viabilizada pelo Escriba, ferramenta do Aos Fatos para agilizar a documentação em texto de arquivos com áudio. As checagens são publicadas à medida que as apurações, conduzidas por repórteres e editores, ficam prontas. A reportagem pode ser modificada nas horas seguintes ao programa para a inclusão de informações. Aos Fatos está aberto a contestações da assessoria de imprensa de Simone Tebet e registrará o outro lado caso necessário. Veja o que checamos:
[o MDB] É o maior partido do Brasil, ...
O MDB é o partido com mais filiados no país, com 2.131.401 milhões de integrantes até julho de 2022, de acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A segunda maior sigla é o PT, com 1.631.485 filiados, e a terceira o PSDB, com 1.352.745.
O MDB vem da base, é o partido que tem o maior número de prefeitos, de vice-prefeitos, de vereadores, de vereadoras.
O MDB foi o partido que mais conquistou prefeituras em 2020: 784 prefeitos. O PP veio em segundo lugar, com 685. A sigla de Tebet também liderou em número de vereadores, com 7.277 candidatos eleitos, contra 6.292 do PP. Com relação aos vice-prefeitos, o MDB elegeu 660 no primeiro turno de 2020 e o PP ficou em segundo lugar, com 551.
Vieram com o petrolão, fatiaram o maior estatal do Brasil e colocaram ali, inclusive, gente do meu partido, que você tem razão, e do partido do atual presidente da República.
As investigações sobre o Petrolão, como foi apelidado pela imprensa o esquema de corrupção envolvendo a Petrobras e o pagamento de propinas por empresas fornecedoras investigado pela Operação Lava Jato e revelado no governo Dilma Rousseff (PT), realmente atingiram políticos do MDB e o PL, atual partido do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro. Um dos condenados foi o ex-deputado e presidente da Câmara Eduardo Cunha (PTB-SP), então filiado ao PMDB-RJ, atual MDB, partido de Tebet. No caso do PL de Bolsonaro, antes chamado de Partido da República (PR), um dos investigados na Lava Jato foi o atual presidente da sigla, Valdemar Costa Neto — que já havia sido condenado por corrupção passiva e cumprido pena por envolvimento no Mensalão, esquema de compra de apoio parlamentar no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Lava Jato teve início em março de 2014 e investigou a participação de agentes públicos, empresários e doleiros em um esquema de corrupção na petroleira, que envolvia a cobrança de propina, lavagem de dinheiro e superfaturamento de obras.
E fizeram com que até hoje a gente pagasse e pague energia mais cara por isso.
Não há evidências de que o escândalo do Petrolão, como foi apelidado o esquema de corrupção envolvendo a Petrobras e o pagamento de propinas revelado no governo Dilma Rousseff (PT), influencie até hoje o preço da conta de energia ou dos combustíveis. Sobre a tarifa de energia elétrica, o custo herdado de governos anteriores é a restituição prevista na MP (Medida Provisória) 579, editada no final de 2012 e que determinou uma redução imediata de 20% na conta de luz. Como contrapartida, a regra antecipou a renovação das concessões das empresas elétricas e previu pagamento de indenizações por investimentos ainda não liquidados. Essas indenizações são ressarcidas pelos consumidores desde 2017 e devem ir até 2025. Em 2017, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) estimou que a restituição teria um impacto de 7% nas contas de luz. Em relação aos combustíveis, a afirmação também é falsa. Apesar da política de controle de preços da Petrobras sob Dilma para segurar a inflação, que resultou em perdas bilionárias para a companhia, a situação conjuntural da empresa não interfere atualmente no valor dos produtos. “O que determina os ajustes é a variação do valor do petróleo e seus derivados no mercado internacional, associada às condições locais de mercado", explica a estatal.
... eu estou diante de um partido que saiu na vanguarda e teve coragem de lançar nesse momento mais difícil do Brasil uma mulher candidata a presidente da República. Isso é inédito.
O MDB não foi o único partido a lançar a candidatura presidencial de uma mulher às eleições deste ano. Além de Simone Tebet, Sofia Manzano (PCB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Vera Lúcia (PSTU) estão em campanha atualmente. A afirmação também não procede quando considerado o histórico de candidatas desde a redemocratização brasileira. Além da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que venceu os pleitos de 2010 e 2014, disputaram o cargo Lívia Maria (PN), em 1989; Thereza Ruiz (PTN), em 1998; Ana Maria Rangel (PRP) e Heloísa Helena (PSOL), em 2006; Marina Silva (Rede), em 2010, 2014 e 2018; Luciana Genro (PSOL), em 2014; Vera Lúcia (PSTU), em 2018.
A mulher ganha 20% menos do que o homem exercendo a mesma função, a mesma atividade.
Um levantamento da consultoria IDados mostra que as mulheres ganharam em média 20,5% menos do que os homens no quarto trimestre de 2021, mesmo com perfil equivalente de escolaridade, cor e idade e atuando na mesma ocupação. O estudo é baseado na Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e foi divulgado em março deste ano.
Em 2018, o MDB também lançou 66% de candidatos e 33% de candidatas. E qual foi a média dos demais partidos? Igual.
O MDB apresentou 334 candidaturas de mulheres em 2018, o que equivale a 33% do total, como citou Tebet. Outros partidos políticos grandes, como o PSDB e o PT, também apresentaram esse mesmo percentual. Entre os partidos com menor número de candidatas estavam o PPL (28%), o DEM (28,8%) e o PSL (29,2%), percentuais próximos ao do MDB. Proporcionalmente, o partido com mais candidatas foi o PMB (Partido da Mulher Brasileira), que apresentou 159 postulantes do sexo feminino, equivalente a 40% do total.
Referências:
1. TSE
2. TSE
3. G1
4. G1
5. Poder360
6. Aos Fatos
7. Aos Fatos
9. FGV
10. G1
11. BBC
12. Gênero e Número