Checamos os candidatos à Presidência no debate da TV Globo

30 set 2022 - 02h04
Lula e Tebet durante o debate presidencial da Globo
Lula e Tebet durante o debate presidencial da Globo
Foto: Érica Martin/The News2 / Estadão

Sete candidatos à Presidência da República participam nesta quinta-feira, 29, do debate promovido pela TV Globo. Aos Fatos checou em tempo real as declarações de Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Felipe D'Avila (Novo), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Padre Kelmon (PTB), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).

As checagens foram publicadas à medida que as apurações, conduzidas por repórteres e editores, ficaram prontas. A reportagem pode ser modificada nas horas seguintes ao programa para a inclusão e atualização de informações.  Aos Fatos está aberto a contestações das assessorias dos candidatos e registrará o outro lado caso necessário. A transcrição do debate é feita automaticamente pela ferramenta Escriba. Erros de digitação e pontuação são comuns nesse tipo de tecnologia.

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Aos Fatos está fazendo correções e atualizando formatações durante a cobertura em tempo real do programa e nas horas seguintes. Veja o que checamos:

Quem conseguisse emprego perdia o Bolsa Família. [Jair Bolsonaro]

O beneficiário do Bolsa Família que conseguia emprego com carteira assinada não necessariamente perdia o direito ao programa social, como disse o presidente Jair Bolsonaro (PL). O principal critério para a manutenção dos pagamentos era a renda mensal familiar por pessoa, valor obtido pela divisão da renda total do domicílio pelo número de integrantes da família. Caso essa renda fosse maior que o valor estipulado anualmente pelo governo federal, mas não superior a meio salário mínimo, o beneficiário poderia manter os pagamentos por mais dois anos. Vale ressaltar que o Auxílio Brasil possui regra semelhante. Segundo o Ministério da Cidadania, as famílias que tiverem uma renda mensal per capita que ultrapasse a linha da pobreza (atualmente em R$ 210), recebem o benefício por mais dois anos. Se os valores superarem essa linha em duas vezes e meia (ou seja, R$ 525), o pagamento é suspenso.

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Quando acabou o período do PT, 63,4 milhões de famílias estavam humilhadas no SPC e no Serasa. [Ciro Gomes]

O mais recente levantamento da Serasa Experian, divulgado em maio, aponta que o número de pessoas inadimplentes no Brasil é de 66,5 milhões. Esse número cresceu 0,68% em relação a abril de 2022, representando recorde de inadimplência desde o começo da série histórica, iniciada em 2016. A declaração de Ciro Gomes, portanto, é VERDADEIRA.

... um governo que quis impor a agenda da ideologia de gênero... [Jair Bolsonaro]

“Ideologia de gênero” não existe. O termo é usado por setores conservadores desde o final dos anos 1990 dentro de uma teoria conspiratória de que discussões relacionadas a gênero e sexualidade seriam parte de um plano para minar a heterossexualidade e a família cristã. No Brasil, o termo ganhou notoriedade à época do projeto Escola sem Homofobia, que recebeu recursos do Ministério da Educação e tinha por objetivo promover a aceitação e a diversidade sexual entre adolescentes do ensino médio. O projeto, apelidado pela direita de “kit gay”, não foi adiante, mas a alegação enganosa de que os governos petistas incentivaram a sexualização precoce em crianças se perpetuou no discurso de Bolsonaro e de seus apoiadores.

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É um governo [do Lula] que todos sabem que quer a liberação das drogas... [Jair Bolsonaro]

Não há, na última versão disponível do programa de governo de Lula, qualquer menção à liberação de drogas. Na verdade, o documento registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) diz que "o país precisa de uma nova política sobre drogas, intersetorial e focada na redução de riscos, na prevenção, tratamento e assistência ao usuário. O atual modelo bélico de combate ao tráfico será substituído por estratégias de enfrentamento e desarticulação das organizações criminosas, baseadas em conhecimento e informação, com o fortalecimento da investigação e da inteligência". Aos Fatos também não encontrou declaração pública em que o ex-presidente sugere a liberação de entorpecentes. Há registros na imprensa de que o petista estuda alterar a lei de drogas (lei nº 11.343/2006), não para legalização de drogas, mas para estabelecer critérios mais claros para determinar o que seria tráfico e, assim, reduzir o número de encarceramentos. Por fim, a assessoria de Lula, em nota enviada ao Aos Fatos, classificou a declaração como mentira.

Lula defendia que se roubasse celular para tomar uma cervejinha. [Jair Bolsonaro]

Bolsonaro distorce o conteúdo de uma declaração dada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um discurso em São Bernardo do Campo (SP) em 9 de novembro de 2019. Na ocasião, ao repudiar a violência policial contra menores, Lula disse: “Eu não posso mais ver jovem de 14, 15 anos assaltando e sendo violentado, assassinado pela polícia, às vezes sendo inocente, às vezes porque roubou um celular”. Diferentemente do que sugere Bolsonaro, portanto, Lula não tratou o roubo como um direito do bandido. O presidente já repetiu essa desinformação ao menos dez vezes, conforme mostra o contador de declarações do Aos Fatos.

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Quanto ao decreto, do senhor ex-presidente Lula, que ele disse que eu assinei? Eu desafio ele a mostrar que decreto é esse, que eu baixei e decretei sigilo de 100 anos em certas questões familiares. [Jair Bolsonaro]

Bolsonaro sugere que não impôs sigilo de 100 anos para “certas questões familiares”, mas o governo vetou o acesso a informações como, por exemplo, o cartão de vacinação de Bolsonaro, os dados de acesso do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ao Palácio do Planalto e também de visitas à primeira-dama Michelle Bolsonaro no Palácio do Alvorada. Sigilos de documentos não são impostos via decreto, mas por termos assinados por autoridades de órgãos públicos, para negar acesso a informações, como determina a Lei de Acesso à Informação.

No período do PT, eles transferiram R$ 4 trilhões [em juros da dívida pública], dados do Tesouro Nacional. [Jair Bolsonaro]

Os governos de Lula (2003–2010) e Dilma Rousseff (2011–2015), somados, não usaram R$ 4 trilhões com o pagamento de juros da dívida pública federal, como disse o candidato do PDT. Dados enviados pelo Tesouro Nacional ao Aos Fatos mostram que a soma de despesas entre 2003 e 2015, último ano completo do governo Dilma, foi de R$ 1,3 bilhão de reais.

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Fala que eu atrasei compra de vacina. Nenhum país comprou vacina em 2020. [Jair Bolsonaro]

Bolsonaro alega que não havia vacinas contra a Covid-19 disponíveis para compra em 2020, o que é falso. Números do portal Our World in Data mostram que, até 31 de dezembro daquele ano, cerca de 30 países haviam não só negociado vacinas como também já iniciado suas campanhas de imunização contra o novo coronavírus. À época, os EUA já tinham aplicado ao menos a primeira dose em 2,8 milhões de habitantes, e Israel chegava a 1 milhão de pessoas vacinadas. Além disso, a frase contradiz as próprias ações do governo federal: em julho de 2020, foi fechado um contrato de transferência tecnológica e aquisição de 100 milhões de doses produzidas pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca.

Nós tínhamos acabado com isso em 2012, reconhecido pela ONU. [Luiz Inácio Lula da Silva]

A ONU (Organização das Nações Unidas) premiou Lula em 2011 com o World Food Prize, concedido a pessoas que “contribuem para o avanço do desenvolvimento humano ao melhorar a qualidade, quantidade e disponibilidade de alimentos no mundo”, mas isso não significa que a entidade reconheceu que a fome no Brasil havia acabado. Em 2009, último dado disponível antes da premiação, 5,8% da população brasileira sofria com a insegurança alimentar grave, que é classificada como fome.

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Só a Petrobras o endividamento foi de R$ 900 bilhões no seu governo. [Jair Bolsonaro]

O endividamento da Petrobras não foi de R$ 900 bilhões em governos petistas, como afirma Bolsonaro. Em 2003, os resultados divulgados pela petrolífera à Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), atual B3, indicavam endividamento total de R$ 63,791 bilhões. Corrigido pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o montante foi de R$ 176 bilhões. Já em 2015, último ano completo do PT no poder, a dívida era de R$ 492,8 bilhões — com a atualização da inflação, R$ 681,4 bilhões. A diferença, portanto, é de R$ 407,2 bilhões em valores nominais e de R$ 505,4 bilhões se corrigido pela inflação, montante muito menor que o citado por Bolsonaro.

[Lula] Foi condenado em três instâncias por unanimidade. [Jair Bolsonaro]

Não é verdade que o ex-presidente Lula foi condenado pela Justiça em três instâncias, por unanimidade. Lula chegou a ser condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em dois processos julgados na primeira e segunda instâncias — relacionados ao caso do triplex do Guarujá, que chegou a ser analisada pelo STJ (Supremo Tribunal de Justiça) e ao do sítio de Atibaia — mas as condenações foram anuladas porque o STF (Supremo Tribunal Federal) considerou que a 13ª Vara Federal de Curitiba não tinha competência para processar e julgar Lula e as ações voltaram à primeira instância. No caso do triplex, o MPF (Ministério Público Federal) pediu o arquivamento pela possibilidade de prescrição. Já no caso do sítio, a juíza Pollyanna Martins Alves considerou que o MPF não apresentou provas suficientes para a reabertura do processo e rejeitou a denúncia em agosto e em setembro de 2021. Atualmente, portanto, o ex-presidente é inocente. De um total de 26 procedimentos abertos, 23 foram arquivados por motivos como falta de provas, inépcia (quando não há condições para que o processo vá adiante), prescrição, trancamento, suspensão ou anulação. Lula também foi absolvido de três acusações.

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130 milhões de órfãos [devido a pandemia de Covid-19]. [Soraya Thronicke]

A pandemia de Covid-19 não deixou 130 milhões de órfãos no Brasil, como afirmado pela presidenciável Soraya Thronicke. Na realidade, o número correto é de 130.363 crianças e adolescentes brasileiros, de até 17 anos, que ficaram órfãos em razão da pandemia entre março de 2020 e o final de abril de 2021, segundo estudo do periódico The Lancet.

Dois terços das nossas florestas preservadas da mesma maneira como quando Cabral aqui chegou. [Jair Bolsonaro]

Não é verdade que o Brasil possui dois terços de sua vegetação intacta desde a chegada dos portugueses, em 1500. De acordo com dados do MapBiomas, o país contava, em 2021, com 66% do território coberto por vegetação nativa, mas isso não significa que essas áreas não sofreram ação humana. Isso porque ao menos 9,3% da vegetação nativa do país é secundária, ou seja, está localizada em áreas que já foram desmatadas e convertidas para uso humano ao menos uma vez. Dentre os espaços que nunca sofreram com o desmatamento, há ainda regiões que já foram degradadas pelo fogo ou pela exploração de madeira.

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No corrente ano, não tivemos notícia de incêndios nem no Pantanal nem na Floresta Amazônica. [Jair Bolsonaro]

Bolsonaro mente quando afirma que não houve incêndios no Pantanal ou na Amazônia em 2022. De acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), foram registrados 11.429 focos de incêndio no Pantanal até esta quinta-feira (29). Em relação à floresta amazônica, o monitoramento identificou 86.819 focos até o momento. Esse número, inclusive, já superou os 75.090 focos de incêndios registrados na Amazônia em todo o ano de 2021.

[Nós garantimos a segurança alimentar] …para mais de 1 bilhão de pessoas para o mundo. [Jair Bolsonaro]

Segundo estudo publicado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em março de 2021, a produção e a exportação de grãos e de carne bovina brasileira foi responsável por alimentar 772,6 milhões de pessoas em todo o mundo em 2020, não 1 bilhão de pessoas, como diz o presidente. Descontados 212,3 milhões de brasileiros, os autores do estudo concluem que 560,3 milhões de cidadãos de outros países são beneficiados pela produção brasileira de alimentos. Os dados são ligeiramente superiores aos estimados pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), que apontam um total de 628,2 milhões de pessoas alimentadas com produtos brasileiros. O Departamento de Agricultura dos EUA calcula que esse número seja de 625 milhões de pessoas, e o IGC (International Grains Council) indica um total de 636,9 milhões. Não foram encontrados dados mais novos que respaldem a afirmação do presidente. Bolsonaro já repetiu essa desinformação pelo menos 44 vezes, segundo o contador de declarações do Aos Fatos.

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Um dos estados mais pobres do Brasil [Ceará] já tem hoje 87 das melhores 100 escolas públicas do Brasil. [Ciro Gomes]

Ciro Gomes exagera o desempenho do seu estado na educação pois, embora de fato o Ceará tenha 87 das 100 escolas com maior nota no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), esse resultado se refere apenas aos anos iniciais do ensino fundamental, ou seja, do 1° ao 5° ano. Nos anos finais (6º ao 9º), são 71 escolas e, no ensino médio, 24. O estado com maior número de escolas entre as 100 melhores colocadas no ensino médio foi São Paulo, com 38 unidades. Nos anos iniciais, o Ceará obteve nota 6,3 no Ideb, acima da meta projetada de 5,4. Nos anos finais, a nota foi 5,4, superando também a meta estipulada, que era de 5,1. Já no ensino médio, o Ceará não atingiu a meta estipulada, de 5,1, e marcou 4,3. Durante a pandemia de Covid-19, alguns governantes implementaram a aprovação automática, caso do Ceará, ação que pode ter interferido nas notas do Ideb.

Formei um ministério técnico. [Jair Bolsonaro]

Além de ministros terem sido escolhidos por critérios políticos desde o início do governo, nem todos eram formados ou tinham experiência na área de atuação da pasta a que foram nomeados. Gilson Machado (PL-PE), ministro do Turismo até março deste ano, é veterinário e produtor rural, e o seu maior vínculo com o setor turístico era o fato de ser proprietário de pousada em Alagoas. João Roma (PL-BA), que chefiou o Ministério da Cidadania também até março, é deputado federal e foi alçado ao cargo após um acordo com o Republicanos, partido ao qual era filiado à época. Abraham Weintraub (PMB-SP), ex-titular da Educação, era economista e professor da Unifesp, com produção acadêmica voltada à Previdência Social, sem experiência na pasta que comandava. Já Eduardo Pazuello (PL-RJ), terceiro ministro da Saúde de Bolsonaro, era general do Exército e atuava na área logística. Entre os ministros com formação na área em que atuam, há também aqueles que se cacifaram para o cargo por influência política. Tereza Cristina (PP-MS), engenheira agrônoma, se tornou ministra por ter sido líder da Frente Parlamentar para a Agricultura , que apoiou a Bolsonaro na campanha de 2018. Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente, também foi indicado pelos ruralistas. Já a bancada evangélica emplacou Damares Alves (Republicanos-DF), pastora, no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Para manter o apoio das Forças Armadas, Bolsonaro também indicou ministros vinculados à caserna, mas sem experiência na área, como Bento Albuquerque, almirante de esquadra da Marinha que comandou a pasta de Minas e Energia.

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O orçamento secreto não é meu. Eu vetei. [Jair Bolsonaro]

Das três leis orçamentárias enviadas por Bolsonaro e votadas no Congresso Nacional, em apenas uma Bolsonaro vetou as emendas de relator-geral (RP-9). Elas foram apelidadas de “orçamento secreto” porque não exigem identificação dos parlamentares que solicitaram verbas nem a distribuição equânime dos valores. O veto só foi enviado e derrubado na lei orçamentária de 2021. Nas de 2020 e 2022, Bolsonaro vetou dispositivos que tornavam as emendas impositivas, ou seja, de execução obrigatória. Na lei orçamentária de 2023, ainda não votada no Congresso, Bolsonaro manteve as emendas de relator-geral, mesmo com os alertas da equipe econômica, revelados pela revista piauí, de que a medida era inconstitucional. Ao contrário das outras, a transparência das emendas RP-9 não é assegurada pela legislação.

Ela [Amazônia] equivale à Europa Ocidental. [Jair Bolsonaro]

Diferentemente do que foi afirmado por Bolsonaro, a área ocupada pela Amazônia Legal (5 milhões de km²) é bastante superior à da Europa Ocidental (cerca de 1 milhão de km²).

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Imagina dar um cavalo de pau numa reforma que ajudou a gerar justamente 3 milhões de empregos [reforma trabalhista]. [Luiz Felipe D'Ávila]

Não há dados sólidos que permitam afirmar quantos empregos foram criados com a reforma rabalhista promulgada em 2017 no governo de Michel Temer (MDB). Um levantamento da USP (Universidade de São Paulo) em parceria com o Insper estimou que as novas regras teriam gerado 1,7 milhão de postos de trabalho entre 2017 e 2022. Já um estudo do Made-USP (Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo) de maio deste ano concluiu que a reforma não teve impacto significativo no desemprego, embora considere que seja cedo para firmar conclusões.

Eu fui absolvido em 26 processos no Brasil. [Luiz Inácio Lula da Silva]

Os 26 processos citados por Lula constam em lista divulgada no site do PT, que compila as vitórias judiciais obtidas pelo ex-presidente. No entanto, há somente três processos em que o petista foi de fato absolvido em julgamento sobre o mérito da acusação. Os outros 23 procedimentos abertos na Justiça não tiveram o mérito julgado: denúncias rejeitadas por falta de provas ou por inépcia (sem condições mínimas para ser processada), inquéritos arquivados por prescrição, ações trancadas, suspensas e anulações. Quatro desses processos foram anulados pelo STF (Supremo Tribunal Federal): os referentes ao triplex do Guarujá (SP), ao caso do sítio de Atibaia (SP) e os que envolviam o Instituto Lula (compra de terreno e doações). Isso porque o Supremo decidiu pela suspeição do ex-juiz federal Sergio Moro e declarou incompetência da vara em que ele atuava para julgar e processar Lula.

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E fui absolvido em dois processos pela ONU. [Luiz Inácio Lula da Silva]

O ex-presidente não foi absolvido pela ONU porque a entidade não tem poder para fazer a análise penal do caso, o que compete à Justiça brasileira. O que de fato houve foi a publicação de um parecer, pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU, com a conclusão de que os procuradores da Operação Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro violaram os direitos de Lula à privacidade e de um julgamento imparcial. Segundo o comitê, escutas telefônicas de Lula e sua família foram aprovadas e divulgadas à mídia antes das acusações formais, o que, ao lado de outros incidentes, constituiu “uma violação do direito do autor [Lula] de ser presumido inocente”, segundo um trecho do documento. Isso não significa uma absolvição porque a organização não tem o poder de interferir na Justiça brasileira. As condenações do ex-presidente foram anuladas no STF (Supremo Tribunal Federal), portanto, ele é inocente e não tem pendências com a Justiça.

Hoje temos uma das gasolinas mais baratas do mundo. [Jair Bolsonaro]

O Brasil tem atualmente a 28ª gasolina mais barata entre 168 países listados pelo site Global Petrol Prices. Em 26 de setembro, dado mais recente disponível, o insumo custava, em média, US$ 0,907 por litro, acima do cobrado em países como Bolívia (US$ 0,542), Colômbia (US$ 0,548) e Emirados Árabes (US$ 0,898), mas abaixo da média mundial, de US$ 1,31. A comparação de Bolsonaro, repetida diversas vezes, como no Sete de Setembro e no debate anterior,desconsidera a diferença de renda média entre as populações dos países.

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Corrupção generalizada onde, Ciro? Onde? Me aponte uma fonte de corrupção, não tem. [Jair Bolsonaro]

Integrantes e ex-integrantes do atual governo são alvos de investigações e denúncias de casos de corrupção e outros crimes ligados à administração pública. Em junho de 2022, por exemplo, a PF (Polícia Federal) prendeu preventivamente o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro por suposto envolvimento em um esquema de liberação de verbas na pasta. Ele é investigado por prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência. Ribeiro chegou a ser preso preventivamente, mas foi solto por um habeas corpus de um desembargador do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região). Também são investigados por suspeitas de corrupção o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP); o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL); o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG), que comandou o Turismo; e Fabio Wajngarten, que chefiou a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social). Relatório da Americas Society/Council of the Americas divulgado em junho deste ano afirma que as tentativas do presidente de controlar órgãos de investigação e os cortes orçamentários em órgãos de investigação independentes são sinais de recuo no combate à corrupção no Brasil.

Reduzimos [o desmatamento] praticamente 80%, de 27 mil km² para 4 mil km². [Luiz Inácio Lula da Silva]

Lula exagera a área e a porcentagem da redução da área desmatada durante as gestões do PT. De acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em 2002, um ano antes de o petista assumir o governo, foi registrado um desmatamento de 21.650 km² na Amazônia. Já em 2015, último ano completo do governo de Dilma Rousseff, a área devastada foi de 6.207 km². A redução, portanto, foi de 71,3%. A declaração continuaria incorreta se considerado apenas o governo Lula. Em 2010, último ano da gestão do ex-presidente, o Inpe registrou o desmatamento de 7.000 km², o que representa uma redução de cerca de 67,6% em relação ao verificado em 2002.

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A questão de venda de ativos da Petrobras, da Petrobras, não tenho nada a ver com isso, passa pelo conselho. [Jair Bolsonaro]

Bolsonaro omite em sua declaração que o governo federal possui 50,26% das ações ordinárias (que dão direito a voto), o que torna a União a principal acionista da petroleira. Com isso, o governo tem o poder de indicar o presidente e sete dos dez membros do conselho de administração da companhia, responsável por definir questões como a política de preços dos combustíveis e vendas de ativos.

Nunca fiz contato com a senhora [durante as eleições de 2018]. A senhora usurpou do meu nome para se candidatar e chegar ao Senado por Mato Grosso do Sul. [Jair Bolsonaro]

A declaração é falsa porque Bolsonaro fez campanha para Soraya Thronicke durante as eleições de 2018. Em vídeo publicado nas redes sociais da senadora no dia 1º de setembro de 2018, o presidente aparece chamando Thronicke de “nossa candidata ao Senado”.

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E você não sabe o prazer que eu tenho de ter sido um presidente que não tem diploma universitário e que tirou a universidade brasileira de três milhões e meio de estudantes para 8 milhões de estudantes. [Luiz Inácio Lula da Silva]

Lula exagera ao citar dados do aumento de matrículas em universidades durante os seus dois mandatos. Em 2002, havia 3,4 milhões de matrículas no ensino superior, segundo dados do Censo de Educação Superior, do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). Em 2010, último ano da gestão de Lula, o número saltou para 6,3 milhões. O dado citado pelo ex-presidente foi alcançado apenas em 2015, último ano completo do PT no poder, sob Dilma Rousseff (PT).

Os números dizem que tem 105 milhões [de pessoas] com algum problema de insegurança alimentar. [Luiz Inácio Lula da Silva]

Os números do Inquérito Nacional Sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil da Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), divulgados em junho de 2022, são 16% maiores dos que os citados por Lula. Os pesquisadores apontam que mais da metade da população brasileira (58,7%) vive com algum grau de insegurança alimentar, o equivalente a 125,2 milhões de pessoas.

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Lá atrás, muito lá atrás, antes do governo do PT, a União passava 60% do gasto com o SUS era do governo federal. Hoje é algo em torno de 40% [Simone Tebet]

Embora seja verdade que a participação federal no financiamento do SUS (Sistema Único de Saúde) diminuiu ao longo dos anos, não há dados que mostrem que a União foi responsável por 60% dos repasses antes dos governos petistas, como afirma a presidenciável Simone Tebet. Desde 2004, quando a administração do sistema de saúde passou a ser dividida entre municípios, estados e a União, a parcela federal chegou a no máximo 50% do orçamento. O dado consta em levantamento elaborado com base no Siops (Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde), publicado no final de 2020 por pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). No último dado do levantamento, referente a 2019, o governo federal foi responsável pelo financiamento de 42,1% do sistema. Referências:

1. Ministério da Cidadania

2. Serasa

3. Ministério dos Direitos Humanos

4. TSE

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5. Poder360

6. Aos Fatos

7. BBC Brasil

8. Folha de S.Paulo

9. Correio Braziliense

10. Aos Fatos

11. Our World in Data

12. G1

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13. Aos Fatos

14. Petrobras

15. Aos Fatos

16. Aos Fatos

17. The Lancet

18. MapBiomas

19. Inpe

20. Aos Fatos

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21. Embrapa

22. O Povo

23. Aos Fatos

24. Valor Econômico

25. Revista piauí

26. Congresso Nacional

27. IBGE

28. CNN Brasil

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29. Made-USP

30. Aos Fatos

31. Aos Fatos

32. Global Petrol Prices

33. AS/COA

34. Inpe

35. Petrobras

36. BBC Brasil

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37. Facebook

38. Inep

39. Olhe para a fome

40. Aos Fatos

41. Saúde em debate

Fonte: Redação Terra
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