O último debate entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado Guilherme Boulos (PSOL), realizado nesta sexta-feira, 25, foi marcado por um clima de seriedade entre os candidatos. Apesar do aperto de mão cordial, ainda nos preparativos para o início do confronto, os dois evitaram o contato visual. Mas em frente às câmeras não faltou o 'olho no olho', além dos habituais ataques e das ironias.
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Mas muito antes das 22h --horário do início do debate-- as campanhas já se posicionavam em entradas separadas da TV Globo, na Zona Sul da capital paulista, para apoiar seus respectivos candidatos. O contraste entre os grupos era claro.
Do lado de Boulos, a chegada com carro de som, bandeiras e músicas criou um ambiente mais festivo, com manifestantes demonstrando animação. No entanto, no lado de Nunes, o clima era visivelmente mais contido, com um grupo pequeno de pessoas, música que começou atrasada e em volume baixo. Um dos presentes, que preferiu não se identificar, afirmou ao Terra que “só queria ir embora”. Nenhum dos apoiadores de Nunes quis dar entrevistas.
Tanto dentro quanto fora da emissora, a segurança foi reforçada, com policiais militares cercando os arredores da TV Globo e seguranças espalhados por todo o prédio. Todos os que entravam --tanto do lado da imprensa quanto do lado dos convidados das campanhas-- precisavam passar por detectores de metais.
Os candidatos chegaram ao estúdio da emissora por volta das 21h, com o prefeito se adiantando alguns minutos. E dessa vez os dois os dois contaram com um reforço na plateia.
Entre os presentes estava o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), principal aliado de Nunes. Além de Tarcísio, apoiavam o prefeito no evento o presidente do PSD e secretário estadual Gilberto Kassab; o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi; o ex-governador Rodrigo Garcia (PSDB); o presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL), além de familiares e secretários municipais.
No lado de Boulos, estavam presentes sua família, incluindo esposa e filhas, a vice na chapa, Marta Suplicy, acompanhada do marido Márcio Toledo; o deputado Rui Falcão (PT), coordenador da campanha; o deputado estadual Antônio Donato e o deputado Orlando Silva (PCdoB).
Insatisfação de Nunes, proibição e bronca
De acordo com as regras estabelecidas pela TV Globo, os candidatos tinham liberdade de andar pelo estúdio, mas estavam proibidos de fazer interrupções, bem como de usar celulares ou materiais eleitoral. Até os adesivos com os números das urnas -- tradicionalmente colados pelos candidatos no paletó-- foram vetados.
Nunes, no entanto, desrespeitou as regras em duas ocasiões e foi advertido pelo mediador César Tralli. Na primeira ocasião, o prefeito recorreu a um papel para ler informações e, ao virar a folha, exibiu o seu número eleitoral. O emedebista rapidamente dobrou o papel após o aviso. Mas, minutos depois, recorreu ao celular para dar uma informação e novamente levou bronca do jornalista.
Durante o debate marcado por troca de ofensas, Nunes solicitou oito direitos de resposta, sendo quatro deles durante uma única fala de Boulos, no final do segundo bloco, quando o adversário mencionou suspeitas de corrupção envolvendo o prefeito. A organização do evento concedeu apenas um dos pedidos.
Insatisfeito, Nunes questionou a decisão, mas acabou desistindo da contestação. Boulos também solicitou um direito de resposta, que foi negado. Já no terceiro bloco, após ser chamado de “criminoso” por Nunes, o candidato do PSOL teve um direito de resposta concedido.
Repertório repetido
O embate entre os dois foi marcado por um repertório repetitivo de ataques pessoais. Ambos retomaram críticas já feitas em debates anteriores, sem apresentar grandes novidades nesse último encontro antes do segundo turno.
Em entrevistas à imprensa ao final do evento, ambos os candidatos avaliaram o debate de forma positiva e expressaram confiança para o domingo. Boulos voltou a criticar a gestão do atual prefeito, afirmando que Nunes não tem condições de continuar à frente de São Paulo.
Nunes, por sua vez, criticou a participação de Boulos na entrevista com Pablo Marçal, dizendo que, embora não tenha assistido por falta de tempo, “Boulos passou vergonha”.
Durante todo o segundo turno, em desvantagem nas pesquisas eleitorais, Boulos adotou uma postura mais agressiva na reta final da campanha, mirando especialmente os eleitores que votaram em Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno. O candidato do PSOL incorporou algumas das propostas do ex-coach em seu plano de governo e reforçou o discurso de ser o candidato da “mudança”, tentando captar o voto que o antigo adversário havia defendido. Nesta sexta-feira, Boulos também participou de uma entrevista com o influenciador, em um clima amigável.