O candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) contou com o apoio do 'padrinho político Tarcísio de Freitas (Republicanos), atual governador do Estado de São Paulo, ao votar na manhã deste domingo, 6, em São Paulo. Em meio à acirrada disputa pela Prefeitura da capital, Nunes demonstrou confiança e cravou ida ao segundo turno.
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"Amanhã a gente começa uma nova etapa que vai demonstrar, pelo resultado nas urnas, que, mesmo que alguns radicais acabem gostando do barulho, a maioria absoluta da nossa cidade repudia os ataques e as mentiras. Tanto é que a rejeição do outro candidato está muito alta."[Desejo] a vocês da imprensa um bom trabalho, e que a gente se encontra mais tarde, para comemorar a ida ao segundo turno. Depois, no final do mês, para comemorar a vitória", previu o candidato do MDB ao conversar com os jornalistas.
Nunes chegou à escola Dom Duarte Leopoldo e Silva, no bairro de Socorro, Zona Sul da capital paulista, por volta das 9h55. Além de Tarcísio, ele também estava acompanhado da esposa, Regina Nunes, e de Tomás Covas, filho de Bruno Covas (1980-2021). No local, agentes da Polícia Militar organizavam o fluxo de carros e de pessoas que se dirigiam ao colégio localizado na Avenida Pinedo.
O clima era de tranquilidade. Um grupo de apoiadores de Nunes se destacava ao exibir adesivo com o número do candidato grudado na roupa. Ocasionalmente, alguns 'gritos de guerra' em apoio ao atual prefeito eram entoados pelo grupo. Enquanto isso, eleitores, em sua grande maioria, sem broches, bandeiras ou adesivos em apoio a algum candidato, entravam e saiam do colégio, relatando facilidade e agilidade na hora de votar.
Tranquilidade e sujeira
A aposentada Maria Silvia Rodrigues Souza, de 63 anos, votou com tranquilidade. Mas o que chamou a sua atenção foi a quantidade excessiva de santinhos jogados sobre o chão, nos arredores da escola, que além de serem uma prática irregular em dia de votação também sujam as ruas. "É uma falta de respeito, falta de educação, porque eles, como os representantes da nossa cidade, deveriam dar o exemplo. Essa sujeira fica, ela não é limpa depois", desabafou.
"Tinha que ter uma lei que obrigasse eles a limparem [a sujeira acumulada com santinhos e afins]. Mesmo depois que passou a eleição, se ele gastou pra sujar , ele tem que gastar pra limpar", acrescentou ela.
Flávia Bofredo foi acompanhada da cachorrinha de estimação, Gordura, uma pinscher amarronzada que não emitiu um único latido enquanto a tutora votava. "Foi tranquilo, não tinha fila", explicou. Flávia, que transferiu o título de Cotia para a capital paulista, estranhou a movimentação de pessoas de escola, mas depois descobriu que o motivo era a presença de Nunes. "Nem sabia que ele votava aqui", disse a jovem.
Apoio de Tarcísio e Tomás Covas
Após votar, Nunes acompanhou a votação do governador Tarcísio de Freitas no Colégio Miguel de Cervantes, na Vila Progredior, região de alto padrão da cidade. Na escola, eleitore também relataram bastante tranquilidade para efetuar o voto, com ausência de filas ou problemas com as urnas. Assim como no colégio Dom Duarte Leopoldo e Silva, poucos eleitores usavam adesivos de candidatos.
Ao final da votação, ambos os políticos conversaram com jornalistas, demonstrando confiança para um possível segundo turno com a presença do candidato de Nunes. A dupla, no entanto, evitou especular sobre um possível apoio de Jair Bolsonaro (PL) à Pablo Marçal (PRTB), no caso de um segundo turno entre o ex-coach e Guilherme Boulos (PSOL).
"É uma discussão primeiro para amanhã, vamos ver o resultado de hoje, o resultado final. A gente está obviamente muito confiante, entendo que todos os eleitores no cenário do segundo turno são importantes. A gente vai procurar conversar com esses eleitores, mostrar o alinhamento com as nossas ideias, mostrar o alinhamento de propósitos, e eu tenho certeza que vai haver uma adesão aí importante, e vamos esperar ver qual vai ser o comportamento dos outros eleitores", disse Tarcísio.
Da Vila Progredior, Nunes seguiu para Alto de Pinheiros, para o colégio Santa Cruz, local onde o filho de Bruno Covas, Tomás votou. Já ao lado de fora de sua seção eleitoral, Nunes e Tomas conversavam com a imprensa quando uma juíza eleitoral, que não se identificou, pediu para que eles se retirassem dali. O prefeito ficou irritado com o pedido, pois a entrevista ocorria do lado de fora da seção, mas acatou. A dupla, acompanhada de sua comitiva, seguiu para o pátio da escola, onde conversaram com a imprensa.
Lá, Nunes relembrou a frase de Bruno Covas, "é possível fazer política sem ódio". Para ele, a reflexão é importante em meio ao conturbado ciclo eleitoral da capital paulista. "Essa frase é muito oportuna no momento. A gente passou por uma eleição com tantas agressões, tantos ataques. Acho que é uma das piores que eu já vi. É possível fazer política entendendo que o outro lado pensa diferente, isso é o bonito da democracia", refletiu ele ao lado do herdeiro de Covas.
Tomás não poupou elogios a Ricardo Nunes e disse esperar "estar preparado" para as próximas eleições.
"Quando meu pai deixou ele [Nunes] lá de vice, deu uma continuidade na gestão que meu pai vinha fazendo de forma brilhante. Por isso, fico com esse sentimento dentro de mim, um orgulho. Esse sentimento pelo Ricardo, pela forma como ele conduziu a Prefeitura de São Paulo, ao longo desses quatro anos. Fico muito feliz e emocionado", começou Tomás.
Questionado sobre ter um sobrenome de peso, Tomás disse gostar da ideia de ocupar cargos públicos, mas que ainda não tem certeza se concorrerá em pleitos futuros."Sempre foi algo que me indagou, acompanhando meu pai desde cedo, desde criança. Vou me preparar para, quem sabe, nas próximas eleições, estar preparado aí. Porque não é fácil, tem que estar com os pensamentos e construções em dia para poder sair numa eleição", admitiu.
Antes de deixarem o colégio Santa Cruz, pouco após o meio-dia, Nunes e Tomás convesaram com alguns eleitores. A escola de alto padrão foi o único local em que a reportagem observou uma quantidade mais expressiva de eleitores usando adesivos de seus candidatos. Um nome se destacou: Guilherme Boulos.
Uma das eleitoras com adesivo do psolista colado em sua blusa era Luísa Silva, de 33 anos. A desenhista e ilustradora acredita que "as pessoas estão um pouco cansadas da direita em São Paulo". Para ela, "por mais que [Boulos] seja um candidato mais revolucionário, ele está mais moderado" e isso atrairia principalmente o eleitorado mais jovem. Para ela, o segundo turno não deve contar com a presença do ex-coach. "Acho que ficou muito claro que o Marçal vai usar qualquer estratégia suja para conseguir se eleger. Acho que o Boulos vai conseguir ir para o segundo turno e não acho que o Marçal vá, por mais que ele esteja tentando", concluiu.