Considerado essencial para definir ou não a eleição neste primeiro turno, o debate entre presidenciáveis na noite desta quinta, na TV Globo verá um Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mais incisivo nesta reta final, pronto a rebater acusações, disseram à Reuters fontes da coordenação de campanha.
No Rio de Janeiro deste o final da tarde de quarta, Lula reservou os dois últimos dias para se preparar para o confronto, com uma equipe que inclui a coordenação de campanha e o jornalista Franklin Martins, seu ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social.
Ao contrário do debate da Band, no início de agosto, quando evitou ataques mais duros, agora o ex-presidente deve responder à altura às investidas, como as que devem ser feitas pelo atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
"O momento da campanha é outro. Na Band ele foi orientado a não ser agressivo. Se estava em busca de furar o teto, não podia passar agressividade. Hoje a questão é mexer com indecisos e não se pode deixar acusações sem resposta. Se apanhar, tem que bater", disse uma das fontes.
O petista foi criticado depois do debate na Band por não ter respondido à altura aos ataques de Bolsonaro e nem ter levantado temas espinhosos para o atual presidente, como o aumento da fome e mesmo os casos de corrupção em seu governo e envolvendo membros de sua família.
A performance abaixo do esperado também pode ser creditada, diz a fonte, ao fato de que Lula foi ao debate contrariado. Incomodado, com o formato engessado, em que pode falar 20 minutos em 2h40, o ex-presidente preferia não ter comparecido, mas foi convencido de que era necessário marcar presença.
Na semana passada, o petista optou por não comparecer ao outro encontro organizado por um pool de veículos, em uma decisão avaliada como acertada pela campanha. Com uma audiência baixa e formato também engessado, o debate foi considerado ruim de um modo geral e a ausência de Lula, apesar de criticada inicialmente, não trouxe prejuízos.
Desta vez, o ex-presidente deve chegar armado com respostas objetivas sobre as acusações de corrupção, lembrando a anulação dos processos de que era alvo e com o argumento de que só foi condenado naqueles conduzidos por Sérgio Moro --derrubados porque o então juiz foi considerado parcial.
Lula também não deverá deixar de lado os casos de corrupção que surgiram no governo Bolsonaro, que costuma dizer que, em sua gestão, a corrupção "deixou as páginas dos jornais".
"Ele (Lula) vai para cima quando for atacado", disse uma das fontes.
O debate desta quinta está sendo considerado essencial pelas campanhas. Pesquisa Genial/Quaest desta semana mostrou que 24% dos eleitores de outros candidatos dizem que poderiam mudar seu voto para que a eleição acabasse no primeiro turno, um público que o PT busca para alcançar a meta de vencer a eleição já no próximo domingo.
Para além disso, um recorte do levantamento feito pela Quaest para o jornal O Globo aponta que 21% dos eleitores podem mudar seu voto a depender do que assistirem no debate desta noite.
As principais pesquisas de intenção de voto mostram que o ex-presidente tem chances reais de encerrar essa eleição já no próximo domingo, mesmo que por uma margem apertada.