O coronel Ricardo Mello Araújo, candidato a vice-prefeito de São Paulo na chapa de Ricardo Nunes (MDB), foi alvo de oito investigações por homicídio durante sua atuação na Polícia Militar de São Paulo. As investigações, realizadas entre 1992 e 2006, foram arquivadas pela Justiça ainda na fase de inquérito, segundo afirma a campanha de Nunes. As informações foram obtidas pelo jornal O Estado de S. Paulo por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
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Mello Araújo, que já comandou a tropa de elite Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para ser vice de Nunes nas eleições de 2024. Em 2020, Bolsonaro, à época presidente, já havia o nomeado diretor-presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), o maior entreposto de alimentos da América do Sul.
De acordo com o Estadão, os inquéritos abertos contra Mello Araújo enquadravam-no no artigo 205 do Código Penal Militar, que trata de homicídio simples, com penas de seis a vinte anos de reclusão. Em todos os casos, a Polícia Militar identificou indícios de "possível existência de crime militar" antes de encaminhar os casos à Justiça Militar Estadual, onde as investigações foram conduzidas.
O primeiro caso data de 27 de novembro de 1992, quando Mello Araújo e outros dois militares foram indiciados. Outros dois casos ocorreram em janeiro de 1993, embora apenas um tenha seu nome associado. No entanto, detalhes sobre as vítimas ou as circunstâncias dos supostos crimes não estão disponíveis, pois a PM informou que não possui mais os documentos completos.
A Justiça Militar declarou ao jornal que os três primeiros processos foram arquivados, enquanto os outros cinco foram encaminhados ao Tribunal do Júri da Justiça Militar entre 2002 e 2007, sendo o último processo originado em Bragança Paulista. Esse tribunal é responsável por julgar crimes dolosos contra a vida.
Quando procurada, a campanha de Ricardo Nunes e Mello Araújo confirmou as investigações, mas afirmou que “todas as ocorrências de que o coronel Mello Araújo participou quando estava na PM foram consideradas corretas e não motivaram a abertura de nenhum processo judicial”.
A campanha alegou ainda que "todas elas, sem exceção, foram arquivadas pela Justiça ainda na fase de inquérito, sempre a pedido do Ministério Público, que nunca identificou na atuação de Mello Araújo excessos ou ilegalidades". O comunicado também defendeu o vice de Nunes, afirmando que o coronel atuou "no estrito cumprimento do dever" e que, durante seus 32 anos de carreira, construiu a reputação de “policial exemplar e incorruptível”.
No início, a PM havia imposto sigilo de 100 anos sobre as investigações, alegando que se tratavam de dados pessoais. No entanto, após recurso do Estadão, a Controladoria-Geral do Estado (CGE) autorizou a liberação das informações, considerando que o poder público não pode negar o acesso a documentos de interesse público sob o pretexto de conterem informações pessoais.