Parte das informações sobre o currículo acadêmico do candidato suspenso pelo partido Novo à Prefeitura de São Paulo, Filipe Sabará, é falsa. O material do partido que apresentava o candidato dizia que ele era aluno do curso de pós-graduação Gerente de Cidades, da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), mas a instituição afirmou ao Estadão que ele nunca fez o curso. Agora, Sabará e o Novo se acusam mutuamente de divulgar informação inverídica.
Sabará teve a candidatura suspensa após um procedimento sigiloso do partido. As inconsistências no currículo de Sabará são um dos motivos levaram um militante do Novo de Santa Catarina a entrar com a impugnação da candidatura.
Além desse ponto, candidato e dirigentes do partido vinham tendo atritos por dados errados na declaração de bens à Justiça Eleitoral (ele inicialmente declarou uma relação de R$ 15 mil, retificada para R$ 5 milhões), por um discurso alinhado ao bolsonarismo e por elogios feitos ao ex-prefeito Paulo Maluf - condenado por lavagem de dinheiro -, durante um programa de rádio. Sabará se desculpou depois pelo episódio.
As notícias no site do Novo sobre a aprovação de Sabará para disputar a eleição e a página de apresentação do candidato informavam que ele é "formado em marketing e cursa pós-graduação em Gerente de Cidade na Faap" desde dezembro do ano passado. Uma das páginas, que apresentava o candidato, foi retirada do ar.
A Faap, entretanto, disse ao Estadão que Sabará foi aluno, por seis meses, do curso de graduação em Relações Internacionais, no ano de 2003. Desde então, não teve nenhum outro vínculo com a instituição, segundo a Faap, e não fez matrícula nesta pós-graduação.
A campanha de Sabará afirma que não tem ideia de onde saiu a informação sobre a pós-graduação, que não teria sido passada pelo candidato suspenso à legenda. A assessoria de imprensa do Novo informou que o texto publicado nessas páginas era de autoria do próprio candidato, enviado ao partido.
A graduação de Sabará, na Faculdade de São Paulo, também é alvo de questionamentos em grupos de WhatsApp de apoiadores do Novo. A instituição, que não existe mais, foi absorvida pela Universidade do Brasil. Sabará afirma ter se formado em 2011, mas só requisitou o diploma em 2016.
Na manhã desta quinta-feira, 24, a candidatura de Sabará foi alvo de nova contestação, desta vez pelo líder do Novo na Assembleia Legislativa de São Paulo, Daniel José. "Fiz isso como militante. A maneira como o sr Filipe Sabará reagiu (à suspensão da campanha) é mais uma evidência de que ele não tem condições de representar a sigla", disse. Questionado sobre os argumentos de seu pedido, Daniel José afirmou que não pode revelar porque o caso corre em sigilo na comissão de ética da legenda.
Candidato diz ser perseguido por ala 'esquerdista' do Novo
Sabará disse ser alvo de perseguição promovida por João Amoêdo, ex-presidente nacional da sigla, e de "uma ala esquerdista minoritária" do partido. "Estou sendo perseguido pelo João Amoêdo e por uma ala esquerdista minoritária do partido Novo, por ser uma pessoa de direita. As críticas são infundadas", afirmou. "Estou entrando com todos os meios jurídicos e medidas judiciais cabíveis, tanto para reverter a situação, quanto para processar os responsáveis. Infiltrados do MBL também estão nesse grupo de pessoas que estão tentando me derrubar."
"Não sou de esquerda, mas me preocupo com os valores do Novo", disse Daniel José, líder do partido na Assembleia Legislativa, que entrou com nova contestação à candidatura de Sabará. Renato Battista, coordenador do MBL, disse que "não existe infiltrado do grupo na campanha de Sabará".