A cidade de São Paulo conta com dez candidaturas registradas no no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao cargo de chefe do Executivo, segundo dados checados nesta sexta-feira, 16. Nesse processo, a declaração patrimonial é um dos requisitos obrigatórios para concorrer às eleições – e, neste ano, os bens dos candidatos vão de R$ 0 (sem bens a declarar) a R$ 169,5 milhões.
- Terra, Estadão e Faap promoverão debate entre concorrentes à Prefeitura de São Paulo em 14 de agosto, a partir das 10h. Programe-se e acompanhe o evento aqui no Terra.
Conforme apurado pelo Terra, em ordem alfabética, estão registrados: Altino Prazeres (PSTU), Bebeto Haddad (DC), Datena (PSBD), Guilherme Boulos (PSOL), João Pimenta (PCO), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB), Ricardo Senese (UP) e Tabata Amaral (PSB).
A Justiça Eleitoral aceitou registros de candidaturas até essa quinta-feira, dia 15 de agosto. A partir desta sexta-feira tem início o período eleitoral – com a liberação de propagandas. Até a publicação desta matéria, todas as candidaturas citadas seguem 'aguardando julgamento'.
Entre os candidatos, o maior patrimônio é de Pablo Marçal, que declarou R$ 169,5 milhões. O valor foi alterado nesta quinta-feira, 15 -- e foi reduzido, pois, antes, havia declarado R$ 193,5 milhões. O valor é mais de duas vezes maior que a soma dos patrimônios declarados por todos os demais candidatos (que dá R$ 61.366.386,16).
José Luiz Datena que, até então, foi o último a oficializar seu registro, aparece como o segundo mais rico, com patrimônio de R$ 38.301.790,28. A maior fatia de seu patrimônio é voltada a planos de previdência Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), que acumula R$ 25,7 milhões. Seu registro ficou disponível na manhã desta terça-feira, 13.
A terceira mais rica é Marina Helena, com R$ 9,7 milhões. Ela não é estreante na política, mas, após solicitação feita por ela, teve seus dados financeiros apagados do DivulgaCand, que tem como princípio dar transparência às informações dos candidatos. O registro que se tinha era de que ela acumulava R$ 8,4 milhões em 2022.
Bebeto Haddad, que foi um dos últimos a registrar a candidatura, concorre pelo Democracia Cristã (DC) e conta com R$ 6,9 milhões em bens. A maior parte é devido a terrenos.
Até que Ricardo Nunes, atual prefeito de São Paulo, aparece na sequência com a bolada de R$ 4,8 milhões. Entre os candidatos, ele é o que participou de mais corridas eleitorais. A primeira vez que se candidatou foi em 2012, quando foi eleito vereador de São Paulo; na época, ele já acumulava R$ 4,2 milhões.
No caso de Tabata Amaral, até a noite de segunda-feira, 12, seus bens declarados somavam R$ 556.700,29, valor exatamente igual ao declarado em 2022, quando ela foi eleita deputada federal. Já nesta terça-feira, 13, o valor foi alterado para R$ 807.841,11. O Terra questionou a assessoria da candidata sobre a situação e foi informado que a situação se tratou de um "erro do departamento jurídico".
Já o candidato com menor patrimônio é João Pimenta, do Partico da Causa Operária (PCO), que não tem bens a declarar. Pimenta foi o último a ter a candidatura refletida no DivulgaCand. Antes dele entrar no cenário, o menor patrimônio era do candidato do PSOL, Guilherme Boulos, que declarou R$ 199,5 mil – um aumento de R$ 178 mil de 2022 para 2024.
As eleições municipais de 2024 acontecem no dia 6 de outubro, o primeiro domingo do mês. Já o segundo turno, se for o caso, deve acontecer no último domingo de outubro, no dia 27.
A seguir, confira detalhes do patrimônio de cada um dos candidatos:
Altino Prazeres (PSTU)
Altino de Melo Prazeres Junior é candidato à Prefeitura de São Paulo pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). O metroviário declarou um patrimônio de R$ 385 mil, referente a 50% de um imóvel.
Em 2022, Altino tentou ser governador do Estado, mas não foi eleito. Na época, declarou R$ 192,5 mil. Já em 2016, tentou a candidatura à prefeitura pela primeira vez – e também não foi eleito. Na ocasião, informou ao TSE não ter bens a declarar.
Bebeto Haddad (DC)
Alberto Felippe Haddad Filho é candidato pelo Democracia Cristã (DC) e oficializou sua candidatura no último dia do prazo, declarando R$ 6,9 milhões de patrimônio.
A maior parte de seus bens são devido a terrenos -- sendo dois deles de valores milionários, R$ 3,5 milhões e R$ 2,4 milhões.
O valor é expressivamente maior do que o declarado pelo candidato em 2010, quando ele foi candidato a Deputado Estadual e entrou como suplente. Na época, ele declarou R$ 367,8 mil.
Datena (PSBD)
José Luiz Datena oficializou pela primeira vez sua candidatura à Prefeitura de São Paulo, pelo Partido Da Social Democracia Brasileira (PSBD). Em seu registro junto à Justiça Eleitoral, declarou R$ 38.301.790,28 em bens.
A maior fatia de seu patrimônio é voltada a planos de previdência Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), que acumula R$ 25,7 milhões. Mas ele também soma R$ 12.472.354,29 em terrenos, casas e outros bens imóveis. Em demais investimentos há R$ 100,5 mil.
Guilherme Boulos (PSOL)
Guilherme Castro Boulos é representado pela coligação federal Amor por São Paulo, constituída pelo ‘Sol Rede’ (PSOL e Rede) e pela federação ‘Brasil da Esperança’ (PT, PC do B, PV e PDT). Na tentativa de conquistar o cargo de chefe do Executivo de São Paulo, declarou R$ 199.596,87.
Os bens são de um carro, um Celta 2009/2010 (R$ 15.146), 50% dos direitos de uma casa e seu respectivo terreno (R$ 171.758) e de aplicações e depósitos bancários (somando R$ 12.692,87).
Em 2022, quando foi eleito deputado federal por São Paulo, declarou R$ 21 mil. Já em 2020, quando tentou ser prefeito da cidade pela primeira vez, contabilizava R$ 15.995 em bens. O valor é similar a quando concorreu à Presidência do Brasil em 2018, quando declarou R$ 15.416.
João Pimenta (PCO)
João Jorge Caproni Costa Pimenta é o representante do Partido da Causa Operária (PCO). Em 2022 ele tentou se eleger como Deputado Federal, mas não foi eleito. Nas duas situações, não teve bens a declarar.
Maria Helena (Novo)
Maria Helena Cunha Pereira Santos, candidata do Novo, declarou R$ 9.705.860,81. A maior parte de seu patrimônio está aplicado em dois imóveis, que somam quase R$ 8 milhões (R$ 7.991.366,99). Já em investimentos diversos, Maria possui R$ 1,7 milhões.
Em 2022, ela tentou ser deputada federal, mas a eleição não aparece no histórico do portal DivulgaCand, do TSE, que tem como princípio dar transparência às informações dos candidatos. Isso porque a candidata acionou a Justiça Federal para que seus dados fossem retirados do sistema, alegando que as informações poderiam afetar sua segurança. Segundo resgatado pela Folha de S.Paulo, na época, ela havia declarado R$ 8,67 milhões.
Pablo Marçal (PRTB)
Pablo Henrique Costa Marçal, que concorre à Prefeitura de São Paulo pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro, declarou o montante de R$ 169,5 milhões. Esse valor foi atualizado na quinta-feira, 15. Antes, inicialmente, o candidato havia listado R$ 193.503.058,17 em bens.
No montante há terrenos, bens imóveis, um espaço comercial, participações em empresas e investimento diversos. Porém, como mostrado pelo Terra, ele manteve a omissão de cerca de R$ 22,3 milhões à Justiça Eleitoral. Esse montante é referente a 'contas erradas' que minimizaram seus bens e também considera duas empresas que Marçal é sócio-administrador, que ficaram de fora da lista.
No patrimônio de Marçal, não constam seus carros de luxo, que frequentemente são mostrados pelo coach e empresário. Em nota ao Terra, sobre a questão, a campanha de Marçal disse que “todos os veículos e bens estão registrados em suas respectivas empresas como parte de uma estratégia de proteção patrimonial, uma prática amplamente adotada por grandes empresários”.
Além disso, reforçou que o patrimônio declarado em nome do candidato ‘pessoa física’ representa menos de 3% do total global do grupo empresarial que ele faz parte. A reportagem questionou qual é esse patrimônio total, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O espaço continua aberto.
Em 2022, Marçal tentou ser deputado federal e, também, candidato à Presidência pelo partido PROS. Consta que ele foi inapto nas duas situações. Nas ocasiões, ele declarou R$ 88.441.467,08 e R$ 96.942.541,15, respectivamente.
Ricardo Nunes (MDB)
Ricardo Luis Reis Nunes, que concorre à reeleição com apoio da coligação ‘Caminho Seguro pra São Paulo’ (PP, MDB, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, Pode, Avante, PRD, Agir, Mobiliza, União), declarou R$ 4.843.350,91.
A maior parte de seu dinheiro está envolvida em investimentos diversos, que representam R$ 3,1 milhões. Além disso, ele conta com R$ 694,7 mil em terrenos, R$ 862 mil em imóveis e R$ 175,6 em um trator agrícola.
Ricardo Nunes está na política desde 2012, quando foi eleito vereador de São Paulo. Na época, ele declarou R$ 4.248.354,47. Depois:
- Em 2014, tentou ser deputado federal, mas não conseguiu (e declarou R$ R$ 4.249.681,27);
- Em 2016, foi vereador novamente (e declarou R$ R$ 4.505.337,23);
- Em 2018 foi deputado federal suplente (e declarou R$ 4.546.184,43);
- E, por fim, foi eleito vice-prefeito – e depois assumiu a prefeitura – em 2020 (e declarou R$ 4.836.716,54, seu maior patrimônio ao longo dos últimos anos).
Ricardo Senese (UP)
Ricardo Senese é candidato pela Unidade Popular e declarou R$ 444.087,00. Seu patrimônio consiste em um carro Fiat Uno 2015 de R$ 39.087 e uma aplicação de renda fixa em R$ 405 mil.
Ele é operador de transporte metroviário e tenta se candidatar na política pela primeira vez.
Tabata Amaral (PSB)
Tabata Cláudia Amaral de Pontes tenta se tornar chefe do Executivo de São Paulo pelo Partido Socialista Brasileiro. Na segunda-feira, 12, quando registrou sua candidatura, seus bens declarados somavam R$ 556.700,29 -- valor exatamente igual ao declarado em 2022, quando ela foi eleita deputada federal.
Já nesta terça-feira, o montante foi atualizado no portal da Justiça Eleitoral para R$ 807.841,11. Ele é composto por aplicações, investimentos e depósito bancário. Tabata não declarou imóveis ou veículos.
Ainda na segunda, o Terra entrou em contato com a assessoria da candidata para entender o motivo de seu partrimônio declarado ter sido o mesmo do ano eleitoral anterior, mas não obteve retorno. Na terça, com a alteração no sistema, a reportagem solicitou novamente um posicionamento sobre a questão e foi informada que a situação se tratou de um erro do departamento jurídico.
"O departamento jurídico cometeu um erro ao declarar o patrimônio da candidata Tabata Amaral utilizando informações desatualizadas. Ao identificá-lo, retificamos imediatamente. O tempo de atualização foi devido à demora do site DivulgaCand, conforme o protocolo em anexo. Os dados estão atualizados", informou.
Em 2019, quando também foi eleita deputada federal, seu patrimônio era de R$ 122.942,98.
A matéria foi atualizada ao longo dias que antecederam 15 de agosto, data final para o registro de candidaturas.