A eleição para o governo de São Paulo entre seus protagonistas trouxe, grosso modo, dois tipos de candidaturas: o primeiro deles apresentavam campanhas nacionalizadas, vinculando o projeto local aos temas presentes na corrida presidencial; o segundo tipo de projeto pregava a independência do projeto, defendendo um olhar para além da polarização nacional.
O eleitor se manifestou: Tarcísio e Haddad, protagonistas da nacionalização foram contemplados com o segundo turno, ao passo que o governador Rodrigo Garcia mesmo com controle da agenda não conseguiu construir a terceira via no plano doméstico. Trata-se de um resultado natural, afinal a natureza da corrida presidencial, em boa medida, representou conflitos desenhados no maior colégio eleitoral do País. A rivalidade PT-PSDB era fundamentalmente paulista. Esse vínculo com as grandes questões do debate público se manteve mesmo com divisão do campo da centro-direita.
Se o eleitor em alguma medida escolheu esses projetos vinculados ao plano nacional, o primeiro debate realizado ofereceu farto espaço para os candidatos associarem sua visão de mundo como um simulacro dessa disputa presidencial. Todo tema de política pública; da segurança pública à política cultural, passando por saúde e educação foi tratado quase como campanha acessória da disputa entre Bolsonaro e Lula.
Sob essa ótica, atributos e características pessoais dos candidatos ocuparam espaço secundário nos confrontos, o que deixou o debate bastante civilizado quando comparado ao esperado para disputa presidencial.
Assim, o debate e seus potenciais efeitos na decisão eleitor talvez digam mais sobre a dinâmica nacional do que sobre os desafios para a conquistada do Palácio dos Bandeirantes. A eventual virada do presidente Bolsonaro na disputa presidencial passa pela ampliação da vantagem no estado, o que justifica o uso dos candidatos como cabos eleitorais no plano nacional. Sob a ótica do PT, tal postura de Haddad teve ter poucos efeitos na desconstrução da sua elevada rejeição, antecipando um cenário difícil para a reviravolta no plano local.
Se as pesquisas presidenciais e para o governo do estado permanecerem tal como estão desenhadas; São Paulo será palco do desafio de convivência política entre petistas e bolsonaristas, mais uma vez, gerando impacto nacional. Não há superação da radicalização que não passe pela dinâmica do Estado com a União.