Adesões a Dilma incomodam adversários no Rio Grande do Sul

13 ago 2014 - 08h58
(atualizado às 09h00)
<p>Presidente Dilma Rousseff tenta se reeleger pelo PT</p>
Presidente Dilma Rousseff tenta se reeleger pelo PT
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Os candidatos do PMDB, do PP e do PDT ao governo do Rio Grande do Sul não estão conseguindo conter o movimento de prefeitos de seus partidos em favor da reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Nacionalmente, as três siglas estão com Dilma, mas, no RS, os postulantes ao governo e as direções partidárias decidiram apoiar adversários da petista na corrida presidencial.

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Ana Amélia Lemos (PP) fez uma coalizão com o PSDB e está em campanha aberta para o senador mineiro Aécio Neves. José Ivo Sartori (PMDB) coligou-se ao PSB e trabalha por Eduardo Campos. Vieira da Cunha (PDT), que aliou-se ao PV, ao DEM e ao PSC, diz que ainda não escolheu o candidato à presidência, mas assegura que, para Dilma, não há palanque. Enquanto isso, até prefeitos do PSB começam a abrir o voto para a petista e há especulações sobre apoios velados de lideranças municipais tucanas.

O movimento pró-Dilma entre prefeitos só fez aumentar após a divulgação da última pesquisa Ibope sobre as intenções de voto entre gaúchos, na semana passada. Pelo levantamento, Dilma tem no Estado 44%, ante 24% de Aécio e 7% de Campos. No PP, o grupo de prefeitos que antes trabalhava o apoio com discrição, agora marcou para sexta-feira uma reunião na qual deve oficializar sua posição.

“Nosso partido está há 12 anos no governo e temos um dos ministérios mais importantes, o das Cidades. Pleitos que interessam aos nossos municípios em diversas áreas são contemplados. Seguimos a orientação nacional e consideramos que a direção estadual e a senadora Ana Amélia têm condições de absorver isso. Porque, em 2012, a própria senadora divergiu do partido e apoiou o PCdoB nas eleições de Porto Alegre”, explica Salmo Dias de Oliveira, prefeito de Rio dos Índios, na região da Produção. “Quero ouvir isso de viva voz dos prefeitos. Na quinta-feira faremos uma reunião e vou dar um alinhamento”, rebate o presidente do PP gaúcho, Celso Bernardi.

No PDT, apesar da posição de Vieira, o diretório optou por liberar os filiados em relação à disputa presidencial e prefeitos de grandes cidades como Porto Alegre e Caxias do Sul integram a coordenação do comitê pluripartidário pró-Dilma. No PMDB os prefeitos estão fazendo sua própria campanha e, para não melindrar Sartori, dão destaque para a figura do vice na chapa, o vice-presidente Michel Temer (PMDB).

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Para o governo, PT também "cava" votos entre oponentes

No PSB de Campos, além do apoio à Dilma, há prefeitos que abriram o voto para o governador Tarso Genro (PT), que tenta a reeleição. “Vou votar Dilma presidente e Tarso governador. E meu colega de Barra do Quaraí (cidade também comandada pelo PSB) tem a mesma posição”, assegura Luis Henrique Antonello, prefeito de Rosário do Sul, na Fronteira-Oeste. 

O PSB não apenas está aliado ao PMDB na eleição estadual como tem o candidato ao Senado na chapa, o deputado federal e presidente da sigla no RS, Beto Albuquerque.

Antonello justifica sua posição lembrando que o PSB estava tanto no governo Dilma como no governo Tarso até o ano passado. “Além de acreditarmos no projeto, não participamos de nenhuma discussão para mudar de posição. As direções partidárias continuam insistindo em fazer acordos de cúpula, sem ouvir as bases partidárias. Muitos não falam, mas apoiam por baixo dos panos”, revela.

“É um caso isolado de prefeito puxa-saco de governo, que não tem ideologia, é iludido por verba. E todo mundo que trai paga o seu preço”, dispara Beto sobre o assunto. Mas o prefeito retruca: “Não é verba, não. É coerência.”

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Além do PSB, lideranças do PDT admitem que Tarso tem simpatizantes entre prefeitos trabalhistas. O movimento aconteceria não apenas na esteira do apoio a Dilma mas, também, porque o PDT integrou a administração petista no Estado até o final de 2013 e ainda mantém cargos no governo.

“Tem prefeito do PDT que vai votar no Tarso, mas não queremos expor ninguém agora, para não ficar um clima ruim”, diz o presidente estadual do PT, Ary Vanazzi. “Se não quisessem expor, não falavam. Às vezes os prefeitos ficam reféns de um jogo de realização de obras. Não tenho conhecimento de apoios a Tarso, mas também não me surpreenderia se existissem. Eles não respeitam ninguém”, reage o presidente do PDT, Romildo Bolzan Jr.

Na eleição estadual a estratégia petista foi evidenciada no último final de semana, quando a coligação de Tarso lançou material divulgando que o prefeito de Uruguaiana, Luiz Augusto Schneider (PSDB), havia aberto o voto para o governador. 

Na segunda-feira, durante o dia, o diretório estadual tucano cobrou explicações por escrito de Schneider. À noite, ele divulgou nota em seu perfil no Facebook para tentar explicar a situação, mas a nota é pouco esclarecedora.

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Para o Terra, o prefeito disse que em relação à eleição nacional, é do PSDB e o partido tem candidato. E que, em relação à estadual, não abriu o voto. Porém, lembrou que, na coligação com o PP para a disputa ao governo, o PSDB ficou sem representação na chapa majoritária. “Fomos preterimos a um terceiro nível. Além disso, aqui na cidade, o PP é nosso maior antagonista. Esse tipo de situação pode deixar os prefeitos ‘perdidos no tiroteio’.”

Coligações partidárias: Dilma, Aécio e Eduardo Campos

Fonte: Terra
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