Depois de silenciar diante do discurso homofóbico de Levy Fidelix (PRTB) no debate dos presidenciáveis promovido pela TV Record no domingo, a presidente Dilma Rousseff (PT) defendeu a criminalização da homofobia em entrevista à imprensa, em São Paulo, mas evitou fazer críticas diretas a Levy e nem sequer mencionou o nome do candidato.
"Acho que o Brasil atingiu o patamar de civilidade que nós, a sociedade brasileira, o governo, todos nós não podemos conviver com processos de discriminação que levem a violência", disse Dilma. "Eu acho que a homofobia tem que ser criminalizada", continuou.
No debate de ontem, Levy se disse contrário à união homoafetiva e pregou à "maioria" o enfrentamento dessa "minoria". "Vamos enfrentá-los", disse. O candidato ainda disparou uma série de ofensas à comunidade LGBT, como quando disse que "aparelho excretor não reproduz". As declarações foram dadas em resposta a uma pergunta da candidata Luciana Genro (PSOL). Diante do discurso, todos os demais candidatos silenciaram.
Hoje, na entrevista, Dilma lembrou que a união civil entre pessoas do mesmo sexo já foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"O Supremo Tribunal Federal foi claro e definitivo. Leis neste País e decisões do Supremo existem para serem cumpridas, e nós temos de cumprir essa que declarou que a união estável entre pessoas do mesmo sexo garante às pessoas todos os direitos civis, tais como herança, adoção e todos os demais", afirmou. "Tanto é assim que nós imediatamente após a decisão do Supremo, nós adotamos todos esses princípios com os funcionários públicos federais."
Questionada sobre se Levy terá espaço em sua campanha em um eventual segundo turno, Dilma disse que seu palanque "ainda não foi concluído". "Eu estou no primeiro turno e não vou fazer aquela precipitação que é achar que tudo já foi resolvido. Eu respeito o voto. Então só falo de segundo turno depois que o voto estiver depositado na urna e computado, contadinho", encerrou.
Lula
As declarações de Dilma foram dadas em um hotel na região da avenida Paulista, no centro da capital, antes de um comício no Campo Limpo (zona sul) ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São Paulo.
No comício, Lula voltou a afirmar que o PT é perseguido pela imprensa e disse que a decisão de escolher sua sucessora na disputa presidencial não foi tarefa simples. "Escolher a presidente da República não é um voto simples. É quem vai tomar conta de uma família de 200 milhões de filhos", disse Lula.