O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou, nesta sexta-feira, sobre a capa desta semana da revista Veja, que afirma que tanto ele quanto a presidente Dilma Rousseff tinham conhecimento dos desvios de dinheiro na Petrobras. Questionado sobre o que ele achava do problema com a revista, Lula, com exclusividade ao Terra, se limitou a dizer que sobre "o problema da Veja só ela que fala”.
“Eu não acho nada”, completou o ex-presidente ao ser questionado sobre o assunto revelado pela publicação. "Eu não leio a Veja", disse ainda o petista, ao jornal O Globo.
As declarações foram dadas no centro de São Paulo, em ato de apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff. A "caminhada" teve início por volta das 12h40 na Praça do Patriarca e contou com a presença do prefeito Fernando Haddad e do ex-candidato ao governo do Estado Alexandre Padilha. O ato durou cerca de uma hora e terminou na Praça da Sé.
De acordo com a revista, a informação de que Lula e Dilma conheciam o esquema foi dada pelo doleiro Alberto Youssef, caixa do esquema de corrupção, em depoimento dado, segundo à Polícia Federal, na terça-feira.
Youssef é apontado pela Polícia Federal como operador de um esquema de lavagem de dinheiro em diversos casos de corrupção, entre eles o da Petrobras. Ele está preso no Paraná desde que foi deflagrada a Operação Lava Jato, quando fez acordo de delação premiada com a Justiça.
Ao final do ato, Lula pegou o microfone e falou rapidamente com os cerca de 3 mil petistas presentes em frente à Catedral da Sé. "Eu só queria dizer pra vocês que a gente vai retornar pra casa da gente do jeito que a gente veio, tranquilamente. Não vamos aceitar nenhuma provocação. Temos que mostrar que a nossa briga não é apenas em defesa de uma pessoa, mas em defesa de uma causa, de um projeto. Vamos pra casa. Hoje à noite vamos conversar com os namorados, namoradas e se Deus quiser vamos dar mais um show de democracia no domingo".
Em entrevista ao Terra na noite de quinta-feira, o presidente do PT de São Paulo, Emídio de Souza, rechaçou a revista Veja e afirmou que a publicação é estratégia para impulsionar a campanha de Aécio Neves (PSDB), já que o País está a poucos dias do 2º turno da eleição presidencial - Dilma e Aécio estão na disputa. Emidio falou durante ato de eleitores e militantes do PT na capital paulista.
“É um desserviço ao bom jornalismo e à democracia, uma revista querer, a 48h de uma eleição, trazer uma matéria deste naipe. É um desserviço, uma falta de imparcialidade, ou melhor, é uma parcialidade total na disputa eleitoral. Eu acho que a Veja perde um pouco mais do pouco que lhe resta de credibilidade”, disse o dirigente.
Sobre o conteúdo da reportagem, Emídio afirmou que o depoimento do doleiro Youssef não possui credibilidade. “Você vai acreditar em um cara que fala que o Lula e a Dilma sabiam? Que credibilidade tem esse elemento? Quando ele tratou disso com o Lula e a Dilma? Nunca. Nunca tratou de nada disso”.
“Isso é matéria tipicamente destinada a produzir efeitos eleitorais, mais nada. A campanha do PSDB tem tido muito ódio, e nós não vamos responder com isso. Não vamos responder com esse ódio, não vamos entrar neste jogo. Eles estão perdendo a guerra. Campanha de ódio, quem espalha, perde”, finalizou.