A presidente Dilma Rousseff mandou suspender a divulgação de seu programa de governo após impasse com alas do PT que defendem outras propostas, segundo informou o jornal Folha de S. Paulo. No ato da candidatura, em julho, a equipe de Dilma apresentou uma espécie de esboço do programa, com a intenção de divulgar ao longo da campanha as ideias detalhadas por temas debatidos com o partido.
Oficialmente, Dilma falou que não iria divulgar seu programa de governo porque suas propostas seriam conhecidas pela televisão e na internet. O documento propunha, entre outros pontos, avançar na negociação para a redução da jornada de trabalho, o fim do fator previdenciário (que reduz o valor de aposentadorias precoces) e a regulamentação da terceirização.
Segundo o jornal, apesar de não declarar publicamente, o governo evita há quatro anos que a proposta do fim do fator previdenciário seja votada no Congresso. O Planalto enfrenta pressão das centrais sindicais, mas nunca se comprometeu com a ideia da redução da jornada de trabalho. Ao tomar conhecimento por assessores das propostas para trabalho e emprego, Dilma determinou o adiamento da divulgação do programa.
Além da área de emprego, há um atrito na Lei de Anistia, que Dilma se posiciona a favor, mas não teria encaminhado a medida para não provocar crise com as Forças Armadas.
Resposta oficial
Em resposta à Folha de S. Paulo, a assessoria do comitê de campanha da presidente enviou uma nota de esclarecimento à imprensa no mesmo dia. De acordo com o comunicado, o programa de governo da candidata está pronto e registrado no TSE desde 5 de julho de 2014, atendendo a exigência legal.
“Desde o início da campanha, 29 grupos setoriais vêm debatendo um conjunto de propostas – todas elas encaminhadas à Coordenação. Constituem um rico repositório de ideias, que não conflitam nem tampouco caracterizam a construção de um novo programa distinto do já apresentado”, diz o texto.
Ele continua afirmando que, por meio de programas eleitorais, debates e entrevistas, o Brasil “conhece perfeitamente as posições de Dilma” e que “ao alçar uma não-notícia à condição de manchete de capa, a Folha de S. Paulo derrapa no compromisso de informar com isenção o leitor”.