O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou nesta terça-feira que a ex-senadora Marina Silva (PSB) perderia “substância política” se escolhesse apoiar um dos dois candidatos que disputam o segundo turno, Dilma Rousseff (PT) ou Aécio Neves (PSDB). O petista demonstrou preferência pela neutralidade da terceira colocada, inclinada em apoiar o tucano, e ressaltou que a campanha do PSDB também desferiu ataques contra a ex-senadora.
“Acho que se aderir a um dos campos - seja nós, seja o Aécio -, ela vai perder um pouco de substância política”, disse Rui Falcão, antes do partido para discutir a estratégia do segundo turno. “Ela vai ter que fazer essa avaliação”, acrescentou.
Marina disputou o primeiro turno com um discurso em defesa da "nova política" e tentava viabilizar uma terceira via para quebrar a polarização entre PT e PSDB, que governam o Brasil há quase 20 anos. Ex-petista, Marina se disse vítima de ataques do partido durante a campanha.
O presidente do PT disse que vai respeitar o período da definição do apoio do PSB e que poderia incluir propostas de Marina no programa de governo de Dilma, desde que sejam compatíveis. “Se forem ações que não comprometam o centro do nosso ideário político, não tem problema”, disse. Questionado sobre a proposta da pessebista para o fim da reeleição, o petista limitou-se a dizer que é “pessoalmente contra”.
Para Falcão, a campanha do tucano também contribuiu para a desidratação da campanha de Marina no primeiro turno, que chegou a ficar empatada tecnicamente com a petista nas pesquisas de intenção de voto.
“A candidata que ia à frente nas pesquisas, e parecia ser nossa adversária, apresentou propostas das quais nós discordávamos. Apontamos nossa discordância e ela mesma produziu algumas contradições. E o candidato do PSDB tinha mais estrutura, soube se colocar no momento exato, também contribuiu para que ela declinasse, porque ele também fez muitas críticas contra ela, inclusive dizendo que ela foi do PT, o que é verdadeiro”, disse o presidente do partido.
O discurso de que Aécio também criticou Marina foi endossado por outros petistas antes da reunião. “Quem derrotou a Marina não foi a Dilma, foi o Aécio. Os ataques e a tentativa de desconstrução da Marina foi o PSDB”, disse o governador da Bahia, Jaques Wagner.
A reunião para avaliar a estratégia do segundo turno reúne 40 pessoas, entre a presidente Dilma, o vice Michel Temer, os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Relações Institucionais), além de candidatos eleitos, presidentes de partidos aliados, governadores e senadores.
Giro pelo Nordeste
Enquanto o PT tenta reavaliar a campanha em São Paulo, Dilma fará nesta semana um giro pelo Nordeste, região onde o PT recebe tradicionalmente a maior votação. Na próxima quinta-feira, o uma reunião em São Paulo vai definir a estratégia no Estado.
Amanhã, a presidente viaja para o Piauí e Paraíba. Na quinta-feira, a previsão é que Dilma tenha agenda de campanha em Salvador, Sergipe e Alagoas.
Após o primeiro turno das eleições ocorrido no domingo, 5 de outubro, ficou definido que a disputa para a Presidência da República terá segundo turno entre os candidatos Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Dilma obteve 41,59% dos votos, ficando à frente de Aécio, que termina o primeiro turno com 33,55%. A candidata do PSB Marina Silva deixou a corrida presidencial com 21,32% dos votos, em terceiro lugar.
Nas disputas aos governos, 13 Estados e o DF enfrentarão segundo turno. Outras 13 unidades da federação escolheram seus governadores no primeiro turno.
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